Gibraltar contra o Brexit
A minúscula Gibraltar virou um microcosmo para discutir o Brexit, o plebiscito sobre a saída do Reino Unido da União Europeia. A península britânica fica em território espanhol, a um estreito do Marrocos. Margeada pelo Mediterrâneo e pelo Atlântico, Gibraltar vive da intensa atividade dos seus portos e do turismo. Fazer parte da União Europeia dá liberdade […]
Da Redação
Publicado em 16 de junho de 2016 às 17h29.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h24.
A minúscula Gibraltar virou um microcosmo para discutir o Brexit, o plebiscito sobre a saída do Reino Unido da União Europeia. A península britânica fica em território espanhol, a um estreito do Marrocos. Margeada pelo Mediterrâneo e pelo Atlântico, Gibraltar vive da intensa atividade dos seus portos e do turismo. Fazer parte da União Europeia dá liberdade de negociação e de trânsito – o que faz com que a esmagadora maioria da população esteja contra o Brexit.
A região é longínqua em geografia e em identidade, mas virou a queridinha do primeiro-ministro David Cameron. Para esta sexta-feira, estava agendado um comício em favor da Europa em Gibraltar, mas Cameron precisou suspender a agenda após a deputada Joe Cox, também contrária ao Brexit, ter sido assassinada ontem por um ultranacionalista.
A ausência de Cameron é motivo de comemoração entre os espanhóis. Gibraltar foi cedida para os britânicos em 1713, como parte do pagamento da Guerra da Sucessão Espanhola. Há anos o país briga pela retomada do território, mas, nos referendos de 1967 e em 2002, a população da península preferiu permanecer junto ao Reino Unido. Mas, se a saída da União Europeia for confirmada, a economia de Gibraltar se inviabiliza – e aumentam as chances de a Espanha retomar o território.
Das 33.000 pessoas que vivem em Gibraltar, 85% já confirmaram presença na votação do referendo, no próximo dia 23, e 88% vão pedir a permanência no bloco. Sua economia é tão saudável que a inflação é de 1,8% e o PIB per capita é de 55.000 dólares (melhor que o dos Estados Unidos). Porém, a região é tão distante dos britânicos que a última vez que um primeiro-ministro esteve na península foi em 1968. A visita de David Cameron foi suspensa desta vez, mas já está claro que Gibraltar voltou a ser estratégica no mapa.