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O sofrimento das famílias e a raiva dos habitantes de Nice

Famílias enlutadas e sobreviventes expressavam seu sofrimento misturado à raiva, um sentimento compartilhado por muitas pessoas após este novo ataque na França.

Homenagem para as vítimas do ataque em Nice: atentado fez 84 mortos (Pascal Rossignol / Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 16 de julho de 2016 às 15h34.

Dois dias após o atentado em Nice, que fez 84 mortos, famílias enlutadas e sobreviventes expressavam seu sofrimento misturado à raiva, um sentimento compartilhado por muitas pessoas após este novo ataque na França .

"Eu telefonei para todo mundo, delegacias, hospitais, recorri ao Facebook, mas não encontrei meu filho. Já faz 48 horas que eu o procuro. Minha esposa está morta, meu filho, onde está?", declarou Tahar Mejri, de 39 anos, ao sair do hospital infantil Lenval.

Este estabelecimento, onde trinta crianças foram hospitalizadas quinta-feira à noite, criou uma unidade de apoio psicológico. Várias outras células semelhantes foram estabelecidas em várias partes da cidade.

Desde o massacre, três médicos e três psicólogos se revezam no hospital Lenval de 9h00 às 0h00. Mais de 50 famílias foram acolhidas no hospital, onde a vítima mais jovem ainda hospitalizada tem apenas seis meses de vida.

A unidade psicológica do hospital continua a receber chamadas de pais à procura de uma criança desaparecida.

Mejri não consegue compreender por que o passeio público "não foi fechado ao tráfego" - na verdade o foi, em grande parte. "Quando há este tipo de comemoração, deve ser fechado. Havia idosos, bebês... Isso não é normal. Há algo errado!", revoltou-se.

Algumas horas depois, sua busca terminou no hospital Pasteur, no norte da cidade. A terrível notícia caiu como uma bomba: seu filho morreu. O homem grita sua dor ao sair do estabelecimento.

"Indignação e raiva"

Um homem que vive em uma comunidade perto de Nice faz companhia a sua filha de 13 anos e sua ex-esposa que assistiam na quinta-feira à queima de fogos de artifício.

"Esta é a primeira vez que elas saem de casa desde" o drama, disse à AFP. Elas estavam na parte antiga da cidade, ao lado da Promenade, quando viram "as pessoas correndo em pânico em todas as direções dizendo que havia atiradores na cidade".

"Minha filha não consegue falar", afirma o homem.

"Precisamos ver alguém", reflete um outro pai, que veio ao hospital infantil com sua esposa e duas filhas, uma adolescente e uma menina de cerca de seis anos. "Assistimos a tudo na quinta-feira, o caminhão passou a 30 metros de nós. Felizmente não nos ferimos", suspira o homem, ansioso para conversar com os especialistas.

Nas ruas de Nice, os habitantes expressavam seu descontentamento e raiva.

Na Promenade des Anglais, flores, velas e mensagens de condolências. Nicole Autard veio mostrar "sua tristeza de todas as maneiras possíveis".

"Por enquanto, nós estamos apenas no medo, descontentes e com raiva", ela disse, ainda chocada com o modo de operação do assassino, o tunisino Mohamed Lahouaiej-Bouhlel, que lançou um caminhão de 19 toneladas contra a multidão na noite do feriado nacional.

Frente a este novo drama, que segue aos ataques de janeiro e novembro de 2015, ela diz sentir uma "enorme raiva" sem saber "contra quem dirigi-la".

A raiva também é muito visível nas mensagens deixadas pelos transeuntes: "Chega de discurso!", "Chega de derramamento de sangue em nossas ruas!", "Parem a matança!".

Danièle Rousseille também se diz "revoltada". "Queremos que isso pare", declarou a aposentada. Ela teme "uma guerra civil" e culpa claramente os "fanáticos", "todas essas religiões" que "nos dizem como devemos nos vestir" sem nomear diretamente o Islã.

"Acolhemos a todos", lamenta Pierrette, uma de suas amigas, atacando claramente a imigração, em uma cidade onde o partido de extrema-direita Frente Nacional conquistou 36,09% dos votos no segundo turno das eleições regionais, em Dezembro de 2015.

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Dois dias após o atentado em Nice, que fez 84 mortos, famílias enlutadas e sobreviventes expressavam seu sofrimento misturado à raiva, um sentimento compartilhado por muitas pessoas após este novo ataque na França .

"Eu telefonei para todo mundo, delegacias, hospitais, recorri ao Facebook, mas não encontrei meu filho. Já faz 48 horas que eu o procuro. Minha esposa está morta, meu filho, onde está?", declarou Tahar Mejri, de 39 anos, ao sair do hospital infantil Lenval.

Este estabelecimento, onde trinta crianças foram hospitalizadas quinta-feira à noite, criou uma unidade de apoio psicológico. Várias outras células semelhantes foram estabelecidas em várias partes da cidade.

Desde o massacre, três médicos e três psicólogos se revezam no hospital Lenval de 9h00 às 0h00. Mais de 50 famílias foram acolhidas no hospital, onde a vítima mais jovem ainda hospitalizada tem apenas seis meses de vida.

A unidade psicológica do hospital continua a receber chamadas de pais à procura de uma criança desaparecida.

Mejri não consegue compreender por que o passeio público "não foi fechado ao tráfego" - na verdade o foi, em grande parte. "Quando há este tipo de comemoração, deve ser fechado. Havia idosos, bebês... Isso não é normal. Há algo errado!", revoltou-se.

Algumas horas depois, sua busca terminou no hospital Pasteur, no norte da cidade. A terrível notícia caiu como uma bomba: seu filho morreu. O homem grita sua dor ao sair do estabelecimento.

"Indignação e raiva"

Um homem que vive em uma comunidade perto de Nice faz companhia a sua filha de 13 anos e sua ex-esposa que assistiam na quinta-feira à queima de fogos de artifício.

"Esta é a primeira vez que elas saem de casa desde" o drama, disse à AFP. Elas estavam na parte antiga da cidade, ao lado da Promenade, quando viram "as pessoas correndo em pânico em todas as direções dizendo que havia atiradores na cidade".

"Minha filha não consegue falar", afirma o homem.

"Precisamos ver alguém", reflete um outro pai, que veio ao hospital infantil com sua esposa e duas filhas, uma adolescente e uma menina de cerca de seis anos. "Assistimos a tudo na quinta-feira, o caminhão passou a 30 metros de nós. Felizmente não nos ferimos", suspira o homem, ansioso para conversar com os especialistas.

Nas ruas de Nice, os habitantes expressavam seu descontentamento e raiva.

Na Promenade des Anglais, flores, velas e mensagens de condolências. Nicole Autard veio mostrar "sua tristeza de todas as maneiras possíveis".

"Por enquanto, nós estamos apenas no medo, descontentes e com raiva", ela disse, ainda chocada com o modo de operação do assassino, o tunisino Mohamed Lahouaiej-Bouhlel, que lançou um caminhão de 19 toneladas contra a multidão na noite do feriado nacional.

Frente a este novo drama, que segue aos ataques de janeiro e novembro de 2015, ela diz sentir uma "enorme raiva" sem saber "contra quem dirigi-la".

A raiva também é muito visível nas mensagens deixadas pelos transeuntes: "Chega de discurso!", "Chega de derramamento de sangue em nossas ruas!", "Parem a matança!".

Danièle Rousseille também se diz "revoltada". "Queremos que isso pare", declarou a aposentada. Ela teme "uma guerra civil" e culpa claramente os "fanáticos", "todas essas religiões" que "nos dizem como devemos nos vestir" sem nomear diretamente o Islã.

"Acolhemos a todos", lamenta Pierrette, uma de suas amigas, atacando claramente a imigração, em uma cidade onde o partido de extrema-direita Frente Nacional conquistou 36,09% dos votos no segundo turno das eleições regionais, em Dezembro de 2015.

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