O que é anomalia magnética que cresce no Brasil e por que preocupa o governo dos EUA
Crescimento da Anomalia Magnética no Atlântico Sul (AAS) chamou atenção do governo americano
Redator na Exame
Publicado em 27 de maio de 2024 às 07h38.
Um relatório recente da Agência Nacional de Inteligência Geoespacial dos Estados Unidos e do Centro Geográfico de Defesa do Reino Unido confirmou que a Anomalia Magnética do Atlântico Sul (AAS), localizada sobre o Brasil, está crescendo, segundo reportagem do O Globo. Este fenômeno, monitorado também pela NASA, preocupa devido ao enfraquecimento do campo magnético da Terra na região, o que permite que partículas carregadas do Sol se aproximem mais da superfície.
O campo magnético terrestre funciona como um escudo, repelindo partículas solares. No entanto, na área da AAS, a intensidade desse campo é cerca de um terço da média global, e está se expandindo para o oeste e se aprofundando. Entre 2020 e 2024, a área da AAS aumentou aproximadamente 7%. Embora não represente riscos diretos para a saúde humana, a anomalia é conhecida por causar danos a satélites e interferências em comunicações de rádio.
Qual o impacto?
Apesar da gravidade da anomalia, não há implicações diretas para atividades cotidianas ou saúde humana na superfície. A principal preocupação é com os danos potenciais a equipamentos espaciais, como satélites. A NASA destacou que a radiação na região pode desligar computadores de bordo e interferir na coleta de dados dos satélites. Além disso, a AAS está se dividindo em duas, criando desafios adicionais para missões espaciais.
Marcel Nogueira, doutor em Física, explicou ao O Globo que os satélites precisam entrar em modo de espera ao atravessar a região para evitar danos. O Brasil possui observatórios magnéticos dedicados a monitorar a AAS e, em parceria com a Agência Espacial Russa, lançou em 2021 o nano satélite NanosatC-BR2 para esse fim.
O enfraquecimento do campo magnético na região faz com que os satélites precisem “ficar em stand by, desligar momentaneamente alguns componentes para evitar a perda do satélite, de algum equipamento que venha a queimar”, disse Nogueira. A radiação, principalmente de elétrons, é muito forte nessa área.
Embora preocupante, a expansão da AAS não deve alterar o campo magnético global. Estudos mostram que a anomalia pode ser rastreada a até 11 milhões de anos atrás, indicando que não é um fenômeno novo.
O contínuo monitoramento da AAS é crucial para entender suas implicações e mitigar possíveis danos a equipamentos espaciais. A colaboração internacional e o uso de tecnologias avançadas são essenciais para acompanhar a evolução dessa anomalia e proteger as missões espaciais futuras.