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O maior pesadelo de Hong Kong? O exército chinês em suas ruas

A imagem de Hong Kong como um centro financeiro cosmopolita poderia sofrer danos irreparáveis se China enviar tropas para controlar a cidade

Protestos em Hong Kong: há poucos sinais de que manifestantes contrários ao governo vão baixar a guarda e devem continuar tomando as ruas da cidade (Athit Perawongmetha/Reuters)

Gabriela Ruic

Publicado em 2 de agosto de 2019 às 06h00.

Última atualização em 2 de agosto de 2019 às 06h00.

De repente, esta é a grande questão em Hong Kong : o que os militares chineses farão?

Depois de oito semanas de confrontos cada vez mais violentos - e poucos sinais de que manifestantes contrários ao governo vão baixar a guarda -, a ansiedade aumenta sobre a possibilidade de que Pequim decida colocar o Exército Popular de Libertação (EPL) nas ruas.

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A China parece disposta a pelo menos alimentar os rumores com sinais, como a divulgação de um vídeo na quarta-feira mostrando tropas em treinamento para controlar distúrbios.

Embora uma intervenção militar pareça remota, a possibilidade gerou nervosismo na antiga colônia britânica e levou pelo menos um banco de investimentos a classificar Hong Kong como um risco.

Desde que Hong Kong voltou a ser controlada pela China há 22 anos, as tropas do EPL na cidade atuaram muito pouco. Caso isso mude, as implicações para Hong Kong e para a China seriam enormes.

O maior temor seria a repetição da repressão que ocorreu na Praça da Paz Celestial de Pequim há três décadas, o que levou o governo dos Estados Unidos a suspender privilégios comerciais especiais para Hong Kong.

Mas mesmo uma intervenção em menor escala poderia desencadear uma rápida fuga dos mercados financeiros da cidade, derrubar os preços dos imóveis e levar empresas internacionais a reavaliar sua presença no território, dizem analistas.

A imagem de Hong Kong como um centro financeiro cosmopolita poderia sofrer danos irreparáveis, assim como o conceito de “um país, dois sistemas” que sustentou o sucesso da cidade desde a devolução do território em 1997.

Ao mesmo tempo, a China enfrentaria sanções econômicas dos EUA e da Europa, um movimento pró-independência incentivado por Taiwan e maiores riscos financeiros para empresas que dependem de Hong Kong como porta de entrada para investidores internacionais - tudo isso enquanto o governo chinês trava uma batalha comercial com Donald Trump e enfrenta a mais lenta expansão econômica desde que o investimento estrangeiro despencou depois dos eventos da Praça da Paz Celestial.

As consequências seriam tão graves que a maioria dos analistas entrevistados pela Bloomberg News descreveu a intervenção militar como um cenário altamente improvável - um último recurso que o presidente chinês Xi Jinping só consideraria se os manifestantes saíssem do controle da polícia local e pusessem em dúvida o domínio da China sobre o território.

"É improvável que Pequim use o EPL para reprimir os protestos antes de sentir que esgotou todas as outras ferramentas à sua disposição", disse Euan Graham, ex-analista de Ásia do escritório de Relações Exteriores do Reino Unido, agora diretor executivo de pesquisa e divulgação na Universidade La Trobe, na Austrália.

"No entanto, por mais que Xi Jinping tema o caos dentro das fronteiras da China e que o uso do EPL seja legítimo em sua visão, acima de tudo ele não quer ter a mancha de outro massacre da Praça da Paz Celestial."

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