Número de atos contra muçulmanos triplica na França em 2015
"Em 2015, houve cerca de 400 atos de islamofobia na França, contra 133 em 2014", explicou o representante do Conselho Francês do Culto Muçulmano
Da Redação
Publicado em 5 de janeiro de 2016 às 08h07.
Em 2015, o número de atos contra pessoas ou instituições muçulmanas na França triplicou em relação ao ano anterior, disse à Agência Lusa Abdallah Zekri, presidente do Observatório Francês contra a Islamofobia.
"Em 2015, houve cerca de 400 atos de islamofobia na França, contra 133 em 2014", explicou o representante do Conselho Francês do Culto Muçulmano, quando questionado sobre um ano marcado pelos atentados terroristas de 7 a 9 de janeiro e de 13 de novembro.
Abdallah Zekri citou como exemplo o incêndio de origem criminosa na mesquita de Auch, no Sul da França, e o lançamento de coquetéis molotov contra a mesquita de Mérignac, nos arredores de Bordéus. Para ele, além do aumento do número de ações, o grau de violência cresceu.
"Antigamente, havia ações contra mesquitas com slogans e símbolos nazistas. Em 2015, a violência foi maior: foram disparadas balas reais contra mesquitas, lançados coquetéis molotov contra locais de culto e uma mesquita foi incendiada, tendo havido mulheres agredidas em locais públicos porque tinham um lenço na cabeça", contou.
O presidente do Observatório Francês contra a Islamofobia lamentou também os atos de vandalismo na Córsega contra uma mesquita e um restaurante árabe, na semana do Natal, após a agressão de dois bombeiros e de um policial em um bairro.
"Não cabe aos habitantes fazer justiça pelas próprias mãos", disse ele, acrescentando que "pedir a expulsão dos árabes é ter memória curta porque foram os soldados muçulmanos que libertaram a Córsega das mãos dos nazistas" na Segunda Guerra Mundial.
Abdallah Zekri explicou que em 2015, de acordo com as queixas da comunidade muçulmana que foram chegando ao observatório, "há um olhar de suspeita e desconfiança" em relação aos muçulmanos, que são também os mais visados pelas buscas violentas da polícia no contexto do estado de emergência em vigor depois dos atentados de 13 de novembro.
O integrante do Conselho Francês do Culto Muçulmano afirmou que o número de atos contra muçulmanos foi mais expressivo em janeiro do ano passado, depois dos ataques ao semanário Charlie Hebdo, a uma policial municipal e a uma mercearia judaica, do que depois dos atentados de 13 de novembro que deixaram 130 mortos.
"Em janeiro de 2015 tivemos 178 atos antimuçulmanos, ultrapassando todo o ano de 2014 em que houve 133 atos. Por outro lado, uma semana depois dos eventos trágicos de 13 de novembro, houve 35 atos antimuçulmanos. A diferença é significativa porque em janeiro foram assassinados alvos específicos, enquanto em novembro os atentados afetaram toda a gente, desde católicos a muçulmanos, judeus e ateus. Toda a juventude francesa foi visada".
Abdallah Zekri lembrou que a comunidade muçulmana se uniu para denunciar os atos bárbaros que nada têm a ver com o Islã.
"O Islã não tem nada a ver com os atentados. O Islã nunca defendeu nem a violência nem os assassinatos. Nós condenamos o terrorismo bárbaro e os que o defendem em nome de um programa religioso, em total contradição com o Islã. Eles querem dominar o mundo com as suas ideias de integração e o seu califado e criar um Islã feito à moda deles, que nada tem a ver com as bases dessa religião que defende a tolerância e a paz", disse.
O presidente do observatório alertou para o aumento do número de jovens que se radicalizam na França e na Europa e que partem para a Síria e o Iraque para integrar as fileiras jihadistas.
Lembrou que o racismo alimenta a integração e que os jovens vítimas de exclusão social e racismo são facilmente recrutados pelo Estado Islâmico.
"O fenômeno ganhou nova dimensão. Mais de mil franceses partiram para combater em nome do Estado Islâmico na Síria e no Iraque, 25% dos quais se converteram muito recentemente e nem conhecem a religião. Por outro lado, é algo que não afeta apenas a França, mas toda a Europa", afirmou.
Em 7 de janeiro de 2015, Chérif e Saïd Kouachi mataram 12 pessoas no ataque à sede do semanário satírico Charlie Hebdo, em Paris.
Um dia depois, Amedy Coulibaly matou uma policial municipal em Montrouge e, em 9 de janeiro, assaltou uma mercearia judaica, em Paris, deixando quatro mortos.
No dia 13 de novembro, a capital francesa voltou a ser alvo de vários ataques terroristas que deixaram 130 mortos.
Em 2015, o número de atos contra pessoas ou instituições muçulmanas na França triplicou em relação ao ano anterior, disse à Agência Lusa Abdallah Zekri, presidente do Observatório Francês contra a Islamofobia.
"Em 2015, houve cerca de 400 atos de islamofobia na França, contra 133 em 2014", explicou o representante do Conselho Francês do Culto Muçulmano, quando questionado sobre um ano marcado pelos atentados terroristas de 7 a 9 de janeiro e de 13 de novembro.
Abdallah Zekri citou como exemplo o incêndio de origem criminosa na mesquita de Auch, no Sul da França, e o lançamento de coquetéis molotov contra a mesquita de Mérignac, nos arredores de Bordéus. Para ele, além do aumento do número de ações, o grau de violência cresceu.
"Antigamente, havia ações contra mesquitas com slogans e símbolos nazistas. Em 2015, a violência foi maior: foram disparadas balas reais contra mesquitas, lançados coquetéis molotov contra locais de culto e uma mesquita foi incendiada, tendo havido mulheres agredidas em locais públicos porque tinham um lenço na cabeça", contou.
O presidente do Observatório Francês contra a Islamofobia lamentou também os atos de vandalismo na Córsega contra uma mesquita e um restaurante árabe, na semana do Natal, após a agressão de dois bombeiros e de um policial em um bairro.
"Não cabe aos habitantes fazer justiça pelas próprias mãos", disse ele, acrescentando que "pedir a expulsão dos árabes é ter memória curta porque foram os soldados muçulmanos que libertaram a Córsega das mãos dos nazistas" na Segunda Guerra Mundial.
Abdallah Zekri explicou que em 2015, de acordo com as queixas da comunidade muçulmana que foram chegando ao observatório, "há um olhar de suspeita e desconfiança" em relação aos muçulmanos, que são também os mais visados pelas buscas violentas da polícia no contexto do estado de emergência em vigor depois dos atentados de 13 de novembro.
O integrante do Conselho Francês do Culto Muçulmano afirmou que o número de atos contra muçulmanos foi mais expressivo em janeiro do ano passado, depois dos ataques ao semanário Charlie Hebdo, a uma policial municipal e a uma mercearia judaica, do que depois dos atentados de 13 de novembro que deixaram 130 mortos.
"Em janeiro de 2015 tivemos 178 atos antimuçulmanos, ultrapassando todo o ano de 2014 em que houve 133 atos. Por outro lado, uma semana depois dos eventos trágicos de 13 de novembro, houve 35 atos antimuçulmanos. A diferença é significativa porque em janeiro foram assassinados alvos específicos, enquanto em novembro os atentados afetaram toda a gente, desde católicos a muçulmanos, judeus e ateus. Toda a juventude francesa foi visada".
Abdallah Zekri lembrou que a comunidade muçulmana se uniu para denunciar os atos bárbaros que nada têm a ver com o Islã.
"O Islã não tem nada a ver com os atentados. O Islã nunca defendeu nem a violência nem os assassinatos. Nós condenamos o terrorismo bárbaro e os que o defendem em nome de um programa religioso, em total contradição com o Islã. Eles querem dominar o mundo com as suas ideias de integração e o seu califado e criar um Islã feito à moda deles, que nada tem a ver com as bases dessa religião que defende a tolerância e a paz", disse.
O presidente do observatório alertou para o aumento do número de jovens que se radicalizam na França e na Europa e que partem para a Síria e o Iraque para integrar as fileiras jihadistas.
Lembrou que o racismo alimenta a integração e que os jovens vítimas de exclusão social e racismo são facilmente recrutados pelo Estado Islâmico.
"O fenômeno ganhou nova dimensão. Mais de mil franceses partiram para combater em nome do Estado Islâmico na Síria e no Iraque, 25% dos quais se converteram muito recentemente e nem conhecem a religião. Por outro lado, é algo que não afeta apenas a França, mas toda a Europa", afirmou.
Em 7 de janeiro de 2015, Chérif e Saïd Kouachi mataram 12 pessoas no ataque à sede do semanário satírico Charlie Hebdo, em Paris.
Um dia depois, Amedy Coulibaly matou uma policial municipal em Montrouge e, em 9 de janeiro, assaltou uma mercearia judaica, em Paris, deixando quatro mortos.
No dia 13 de novembro, a capital francesa voltou a ser alvo de vários ataques terroristas que deixaram 130 mortos.