Mundo

NSA enfrenta mudanças após cataclismo com Snowden

Agência fez dezenas de mudanças em suas operações para impedir o surgimento de um "novo Edward Snowden"

Pessoas protestante em favor de Edward Snowden em frente ao parlamento alemão, em Berlim (Thomas Peter/Reuters)

Pessoas protestante em favor de Edward Snowden em frente ao parlamento alemão, em Berlim (Thomas Peter/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 14 de dezembro de 2013 às 09h40.

Fort Meade - A agência norte-americana NSA (National Security Agency) fez dezenas de mudanças em suas operações e redes de computadores para impedir o surgimento de um "novo Edward Snowden", incluindo eventual ação disciplinar, disse na sexta-feira uma autoridade do órgão, depois que uma revisão de atividades feita pela Casa Branca recomendou restrições ao trabalho de espionagem.

As revelações feitas por Snowden, que prestou serviços para a NSA, foram "cataclísmicas" para a agência de espionagem, afirmou Richard Ledgett, que lidera uma força-tarefa de resposta ao vazamento de informações, em uma rara entrevista na central do órgão, localizada em Fort Meade, Maryland.

Na entrevista à Reuters de mais de uma hora, Ledgett reconheceu que a agência fez um mau trabalho na resposta inicial para as revelações sobre o monitoramento que a NSA faz de dados telefônicos e da internet. Ele prometeu maior transparência e disse estar muito preocupado com os documentos ultrassecretos que ainda não vieram a público e que estão entre os 1,7 milhão aos quais Snowden deve ter tido acesso.

Ele também defendeu a missão da NSA de investigar ameaças de ataques terroristas e outras conspirações, e disse que o recrutamento de jovens gênios da computação e linguistas não foi afetado pelo caso Snowden, embora o moral dos funcionários não esteja bom.

"Quando você confia em pessoas, sempre há a chance de alguém trair você", afirmou.

A NSA está tomando 41 medidas técnicas para gerir os dados e rastreá-los, com o intuito de controlar as redes da agência que cuidam das atividades e melhorar a supervisão de funcionários.

Entre essas medidas, está uma que requer o controle de duas pessoas de qualquer local em que alguém possa acessar dados, outra que melhora o processo de segurança sobre os indivíduos e mais uma que exige checagens mais frequentes do acesso aos sistemas administrativos, disse Ledgett.

Após meses de muitas críticas na imprensa, no Congresso e por parte de governos estrangeiros, a NSA agora está tendo que esquecer seu caráter recluso para contar a sua versão sobre o vazamento proporcionado por Snowden.

Ledgett, um veterano com 36 anos nos serviços de inteligência e que está alinhado com o vice-diretor da agência, brincou que dar entrevista é uma "experiência completamente transcendental para mim".

Ele falou com a Reuters no mesmo dia em que a Casa Branca decidiu manter a prática de ter um único chefe na NSA e na U.S. Cyber Command, que conduz assuntos de guerra cibernética, um resultado que favorece a liderança da agência.

Acompanhe tudo sobre:Edward SnowdenEspionagemEstados Unidos (EUA)NSAPaíses ricos

Mais de Mundo

Apagão cibernético: Governos descartam suspeitas de ataques hacker e mantêm contatos com Microsoft

Apagão cibernético já gerou cancelamento de quase 1.400 mil voos pelo mundo; veja situação por país

António Guterres se diz "decepcionado" após Parlamento de Israel votar contra Estado palestino

Parlamento de Israel votou contra criação de Estado palestino por considerar 'ameaça existencial'

Mais na Exame