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Novos bombardeios em Alepo, coração da guerra na Síria

O conflito entra em seu 19º mês, sem que uma solução pareça ser possível


	Rebelde sírio atira contra soldados em Alepo em 10 de setembro de 2012: o confronto causou a morte de mais de 27.000 pessoas e obrigou milhares a fugir
 (Achilleas Zavallis/AFP)

Rebelde sírio atira contra soldados em Alepo em 10 de setembro de 2012: o confronto causou a morte de mais de 27.000 pessoas e obrigou milhares a fugir (Achilleas Zavallis/AFP)

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Da Redação

Publicado em 11 de setembro de 2012 às 13h58.

Alepo - Os bairros rebeldes de Aleppo, a grande cidade do norte da Síria, palco de uma batalha crucial entre insurgentes e forças governamentais, foram alvos de intensos bombardeios no início da manhã desta terça-feira.

Enquanto o conflito entra em seu 19º mês, sem que uma solução pareça ser possível, o novo emissário da ONU e da Liga Árabe, Lakhdar Brahimi, participa de reuniões na capital egípcia.

Durante o dia, ele deve se reunir "líderes da oposição síria, além de militantes e intelectuais sírios", declarou à AFP seu porta-voz Ahmad Fawzi. Ele se reuniu com alguns na segunda-feira. Sobre sua visita à Síria, "ela deve acontecer nos próximos dias", acrescentou.

Brahimi assumiu o cargo no dia 1º de setembro, após a renúncia de Kofi Annan, em razão da falta de apoio da comunidade internacional.

Em Aleppo, o Observatório Sírios dos Direitos Humanos (OSDH), que se baseia em uma rede de militantes e testemunhas, relatou o bombardeio durante toda a madrugada dos bairros rebeldes de Hanano, Chaar, Karm al-Mayssar e Haydriyé, no leste da cidade.

"Os rebeldes tentam entrar há três dias em Midane (centro). Ontem às 22h00 (16h00 no horário de Brasília), o Exército realizou uma operação e os afastou para o norte, na direção de Boustane al-Bacha", afirmou um habitante à AFP.

Mas "a cidade está estranhamente calma neste momento", ressaltou nesta terça-feira.

Em Aleppo, segunda maior cidade da Síria, com 2,5 milhões de habitantes, o abastecimento de água potável foi retomado, após a reparação da tubulação principal que foi destruída no fim de semana.

Contudo, a falta de água continua no noroeste da cidade, principalmente em Boustane al-Bacha, um bairro controlado pelos rebeldes.

Em todo o país, no dia seguinte à morte de 139 pessoas em meio à violência, foram relatados combates em Damasco e nas províncias de Deir Ezzor (leste) e Idleb (noroeste).


O conflito, iniciado em março de 2011 por um movimento de contestação pacífica que se militarizou com a repressão do regime, causou a morte de mais de 27.000 pessoas e obrigou milhares a fugir.

Segundo o Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur), o número de sírios em outros países ultrapassa 250.000 pessoas. Cerca de 85.000 estão na Jordânia, país onde o chefe do Acnur, Antonio Guterres, e sua emissária especial, Angelina Jolie, visitaram hoje .

Durante a sua chegada, a atriz americana, acompanhada de militares jordanianos, encontrou famílias que atravessaram a fronteira recentemente.

Além dos bombardeios e combates, os crimes bárbaros cometidos pelas duas partes envolvidas no conflito se multiplicam.

Na segunda-feira, ao menos 20 soldados foram executados sumariamente por rebeldes em Aleppo.

Neste contexto, Brahimi considerou ser "muito difícil" a sua missão de paz, durante uma reunião com o secretário-geral da Liga Árabe e com o presidente egípcio, Mohamed Mursi, na segunda-feira.

Nesta terça-feira, o ministro britânico das Relações Exteriores, William Hague, também deve se reunir com Mursi, indicou o ministério em um comunicado.

A capital do Egito recebeu ontem uma reunião preparatória do grupo de contato sobre a Síria, com a presença de membros dos ministérios das Relações Exteriores de Irã, Egito, Arábia Saudita e Turquia.

A Rússia, por sua vez, propôs uma conferência com a participação de "todos os atores do conflito" sírio, representantes da oposição, do regime, e de diferentes comunidades, para chegar a uma resolução para a crise.

Moscou, assim como Pequim, é um aliado de peso do regime de Bashar al-Assad e já bloqueou no Conselho de Segurança da ONU três resoluções que condenavam Damasco.

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