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Rússia anexa Crimeia 2 dias após referendo separatista

Rússia oficializou a anexação da Crimeia como república federada, quase dois dias depois de a população da até hoje região autônoma ucraniana se pronunciar


	Habitantes da Crimeia comemoram vitória em referendo: "em nossos corações, a Crimeia sempre foi e continuará sendo Rússia", falou Vladimir Putin
 (Viktor Drachev/AFP)

Habitantes da Crimeia comemoram vitória em referendo: "em nossos corações, a Crimeia sempre foi e continuará sendo Rússia", falou Vladimir Putin (Viktor Drachev/AFP)

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Da Redação

Publicado em 24 de março de 2014 às 14h06.

Moscou - A Rússia oficializou nesta terça-feira a anexação da Crimeia como república federada, quase dois dias depois de a população da até hoje região autônoma ucraniana se pronunciar maciçamente por essa opção em um referendo reconhecido somente por Moscou.

"Rússia!, Crimeia!, Putin!", gritavam as milhares de pessoas na Praça Vermelha de Moscou em um grandioso showmício organizado após a assinatura do tratado de adesão no Kremlin.

"Em nossos corações, a Crimeia sempre foi e continuará sendo Rússia", falou o presidente russo, Vladimir Putin, antes de discursar perante o plenário do Parlamento e os chefes de todas as regiões russas.

A imponente sala de São Jorge, no grande palácio do Kremlin, foi o cenário da reunião convocada para que Putin pronunciasse a resposta à solicitação de adesão que as autoridades da Crimeia transmitiram na segunda-feira. Putin foi recebido com uma enorme ovação pelos deputados e senadores presentes, assim como os chefes regionais, entre eles os líderes da rebelde península banhada pelo Mar Negro.

"Hoje, decidimos uma questão de vital importância" para a Rússia, afirmou Putin.

"Na Crimeia estão os túmulos dos soldados russos, e a cidade de Sebastopol é a pátria da Frota do Mar Negro", afirmou em meio a estrondosos aplausos dos deputados, muitos deles com a fita patriótica de São Jorge presa nas lapelas.

Para Putin, deixar sem resposta o pedido da Crimeia para sua reunificação com a Rússia "teria sido uma traição".


"As tropas russas sempre estiveram ali. A Frota do Mar Negro foi reforçada, mas nem sequer superamos o limite de nossas Forças Armadas na Crimeia", estipulada com a Ucrânia em 25 mil soldados, ressaltou.

Depois de garantir que a Rússia não tem intenção de apropriar-se de outras regiões ucranianas onde a população é de maioria russa, no leste e o sudeste, Putin disse que a Rússia não quer dividir à Ucrânia, pois não tem a necessidade disso.

Ele voltou a criticar o Ocidente por seu apoio às novas autoridades de Kiev, e comparou a decisão da Crimeia de abandonar a Ucrânia para se unir à Rússia com a declaração de independência da própria Ucrânia com relação à União Soviética em 1991.

Depois, Putin, e os líderes da Crimeia e Sebastopol assinaram o tratado bilateral pelo que se acolhe à república da Crimeia e a cidade de Sebastopol no seio da Federação Russa.

O primeiro-ministro da Crimeia, Sergei Axionov; o chefe do parlamento, Vladimir Konstantinov; e o chefe da cidade de Sebastopol, Alexei Chali, que se integrará na Rússia como cidade federada estamparam suas assinaturas no acordo, após o qual, tanto Crimeia quanto Sebastopol (onde tem sua base a Frota do Mar Negro), se transformaram em sujeitos da Federação Russa.

Com o tratado, fica acertado que os habitantes da Crimeia adquirem a cidadania russa, se "no prazo de um mês não declaram vontade de manter sua atual cidadania". Além disso, passam a valer três idiomas oficiais no território da península: russo, ucraniano e crimeano-tártaro.

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