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No quartel-general de Kadafi, a missão é destruir símbolos de poder

A bandeira do regime é sistematicamente substituída pela da rebelião e os retratos do ditador líbio também são destroçados

Os rebeldes invadiram na terça-feira o complexo de Bab al-Aziziya, residência de Muammar Kadafi
 (Patrick Baz/AFP)

Os rebeldes invadiram na terça-feira o complexo de Bab al-Aziziya, residência de Muammar Kadafi (Patrick Baz/AFP)

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Da Redação

Publicado em 24 de agosto de 2011 às 12h26.

Trípoli - Um rebelde armado coloca o pé sobre a cabeça dourada de uma estátua desmontada de Kadafi, outro mostra um fuzil apreendido em um dos edifícios do gigantesco complexo do líder líbio. "As forças de Kadafi os utilizavam para nos matar", afirma, mostrando sua pilhagem.

Pouco depois de conseguir penetrar, na terça-feira à tarde, em Bab al-Aziziya, residência de Muammar Kadafi em Trípoli, algumas centenas de rebeldes se precipitaram sobre os edifícios em uma explosão de alegria, destruindo todos os símbolos do poder desonrado.

Um jovem rebelde, empoleirado na escultura de uma mão empunhando um avião, também tenta destruir este símbolo dos ataques americanos em Trípoli em 1986.

A bandeira verde do regime é sistematicamente substituída pela da rebelião: vermelha, preta e verde com uma meia lua e uma estrela no meio. Os retratos de Kadafi também são destroçados.

Os rebeldes mostram especial alegria quando descobrem um arsenal de armas e exibem como pilhagem de guerra até os carros de golfe que Kadafi utilizava para passear com seus convidados por sua casa.

Quando os disparos dão uma pausa, os rebeldes expressam sua alegria ao grito de "Allah akbar" (Alá é grande).

Mas ninguém sabe onde Kadafi está e os rebeldes reconhecem que não encontraram nem rastro dele, nem de seus dois filhos, na residência.

"Vencemos a batalha militar. Fugiram como ratos", afirma o comandante dos rebeldes, Abdelhakim Belhaj.

"Hoje é o fim", resume um rebelde chamado Mohammed. "Hoje a Líbia é livre". "Bem-vindo à Líbia libertada. Agora vamos construir a democracia", acrescenta outro miliciano.

Com a chegada da noite, muitas pessoas, armadas ou não, percorrem a residência a pé ou de carro, mas de Benghazi, "capital" da rebelião, é solicitado aos civis que permaneçam afastados, para que os combatentes façam uma vistoria exaustiva da residência.

Pouco depois, ao menos cinco obuses caem sobre o complexo, obrigando-os a se esconder entre as ruínas.

Segundo Akram, combatente rebelde, o ataque procede do bairro de Abu Slim, um dos últimos a mostrar fidelidade a Kadafi. "Vamos rodeá-los de manhã e, se Deus quiser, vamos tomá-lo. Depois, devemos tomar o controle da estrada para o aeroporto", explica.

"Mas hoje, estamos em festa. É uma grande vitória. Digo a todos os ditadores do mundo: abandonem o poder e deixem seus povos viver em liberdade", acrescenta.

Toda a cidade explodiu de alegria com o anúncio da tomada da residência. Após a ruptura do jejum do Ramadã, famílias inteiras percorrem a cidade de carro, buzinando e exibindo a bandeira tricolor em sinal de alegria.

"Somos livres", gritam muitas mulheres em seus carros.

Em uma mensagem sonora, Kadafi volta a aparecer em cena para dizer que abandonou "por razões táticas" sua residência, embora muitos tripolitanos não tenham escutado o que tinha a dizer, já que diversos bairros da capital seguem sem eletricidade.

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