Nicarágua manda mais padres ao exílio no Vaticano, incluindo bispo crítico ao regime Ortega
O sacerdote foi detido em agosto de 2022 e condenado em fevereiro passado a 26 anos de prisão; desde 2018 houve 740 ataques contra a Igreja Católica no país
Agência de notícias
Publicado em 14 de janeiro de 2024 às 19h19.
O governo da Nicarágua libertou neste domingo dois bispos católicos, incluindo o monsenhor Rolando Álvarez, um forte crítico do presidente Daniel Ortega, além de 13 padres e três seminaristas, enviando-os para Roma, conforme relataram meios de comunicação e opositores nicaraguenses no exílio.
Álvarez foi detido em agosto de 2022 e condenado em fevereiro passado a 26 anos de prisão, em meio a uma crescente perseguição à Igreja Católica pelo regime.
Entre os libertados, também está o bispo Isidoro Mora e outros padres detidos em dezembro, de acordo com o padre Uriel Vallejos, a ativista humanitária Haydée Castillo e meios de comunicação, todos no exílio.
Ortega e sua esposa, vice-presidente Rosario Murillo, pretendem "deixar a Nicarágua sem padres. Outro avião cheio de pastores do povo para o exílio", escreveu Vallejos nas redes sociais, exilado nos Estados Unidos.
Em outubro passado, outros 12 padres foram libertados e enviados a Roma após um acordo entre o governo e o Vaticano. Em Manágua, nem o governo de Ortega, nem a polícia, nem os meios de comunicação oficialistas se pronunciaram sobre a informação deste domingo.
Meios como o jornal La Prensa, El Confidencial e 100%Noticias, que operam a partir da Costa Rica, afirmaram que o avião já chegou a Roma, o que foi confirmado à AFP pela Associação Grupo de Reflexão de Excarcerados Políticos (GREXCR), sediada em San José.
Em dezembro, o papa Francisco disse que acompanhava "com profunda preocupação" a detenção de padres na Nicarágua.
A relação entre a Igreja e o governo se deteriorou depois que Ortega acusou os padres de apoiarem os protestos antigovernamentais de 2018 , que ele considerou uma tentativa de golpe de Estado promovida por Washington e que resultou, segundo a ONU, em mais de 300 mortes.
Uma investigação da advogada Martha Molina, especialista em temas da Igreja nicaraguense e exilada nos Estados Unidos, aponta que desde 2018 houve 740 ataques contra a Igreja, e 176 sacerdotes e religiosos foram expulsos ou impedidos de regressar ao país.