Netanyahu segue como favorito a poucos dias das eleições em Israel
Eleições devem funcionar como referendo a favor ou contra Netanyahu, que pode ser processo por corrupção pelo procurador-geral do país
AFP
Publicado em 5 de abril de 2019 às 10h29.
Última atualização em 5 de abril de 2019 às 10h29.
As últimas pesquisas autorizadas antes das eleições legislativas de terça-feira em Israel mostram as listas de Benjamin Netanyahu e de seu principal rival Benny Gantz lado a lado, mas com vantagem para o atual primeiro-ministro saliente para formar o próximo governo.
Quatro dias antes das eleições, as pesquisas não apontam uma diferença considerável entre as duas principais listas.
Os analistas tomam cuidado ao examinar os resultados das pesquisas de opinião. Eles destacam que grande parte do eleitorado é tradicionalmente indeciso, situação acentuada pelas múltiplas listas, o que poderia falsificar os prognósticos.
Quase 6,3 milhões de israelenses estão registrados para votar na terça-feira e escolher os 120 deputados do Parlamento. O presidente Reuven Rivlin designará entre os deputados um deles para formar uma coalizão de governo.
Netanyahu, 69 anos, aspira o quinto mandato. Com mais de 13 anos no poder, em caso de vitória ele terá condições de bater o recorde, em meados de julho, de chefe de Governo mais longevo do país, superando o histórico David Ben Gurion.
As eleições parecem ter se transformado em um referendo a favor ou contra Netanyahu, mesmo antes do procurador-geral do país anunciar em plena campanha a intenção de processar o primeiro-ministro por corrupção, fraude e abuso de confiança em três casos de doações recebidas de milionários, favores entre o governo e empresários, e tentativas de conluio com a imprensa.
Benny Gantz, um novato na política, 10 anos mais novo que Netanyahu, se posicionou como um rival sério do primeiro-ministro à frente da lista centrista Azul-Branco.
Há várias semanas as pesquisas mostram um resultado parelho entre Azul-Branco e Likud, o histórico partido de Netanyahu. Mas os resultados sempre apontaram o primeiro-ministro como o melhor posicionado para formar a maioria governamental.
Cinco pesquisas divulgadas entre quinta-feira e sexta-feira, último dia autorizado para a publicação das pesquisas, confirmam tendência. Quatro atribuem à lista de Gantz mais cadeiras que à lista de Netanyahu (entre 28 e 32 contra 26 ou 27). Apenas uma pesquisa apresenta o Likud à frente (31 contra 30).
Mas em Israel nenhum partido conseguiu até hoje a maioria absoluta (61), o que significa que prevalece a lógica de blocos e alianças. O presidente não tem a obrigação de desginar o líder da lista com mais cadeiras a tarefa de forjar uma coalizão.
E é neste ponto que Netanyahu tem vantagem sobre Gantz, de acordo com os resultados previstos pelas pesquisas para os outros partidos.
Em 2009, o presidente Shimon Peres estabeleceu um precedente ao pedir a Netanyahu que formasse o governo, e não a Tzipi Livni, cujo partido Kadima tinha mais deputados.
Mas os analistas se mostram prudentes, em particular pela quantidade de indecisos.
Uma pesquisa de um jornal pró-Netanyahu, o Israel Hayom, mostra que 28% dos entrevistados não sabiam se votariam na direita, esquerda ou centro.
Além disso, várias listas incluídas no que poderia ser uma aliança de direita liderada por Netanyahu, podem na verdade ficar sem cadeiras no Parlamento, caso não superem a barreira mínima de 3,25% dos votos.