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Netanyahu diz a Putin que se opõe à permanência do Irã na Síria

Netanyahu chegou à Rússia para se reunir com Putin pela quarta vez desde que o país iniciou sua intervenção militar na Síria

Reunião: Putin e Netanyahu também esperavam trocar opiniões sobre a regulação do conflito palestino-israelense (Pavel Golovkin/Pool/Reuters)
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EFE

Publicado em 9 de março de 2017 às 14h52.

Moscou - O primeiro-ministro israelense , Benjamin Netanyahu, advertiu nesta quinta-feira ao presidente russo, Vladimir Putin, que Israel se opõe terminantemente ao Irã permanecer na Síria uma vez concluído o conflito neste país.

"Certamente, não gostaríamos que o Islã radical, o terrorismo sunita, seja substituído pelo terrorismo islâmico e radical xiita liderado pelo Irã", disse Netanyahu no começo da reunião realizada no Kremlin.

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Netanyahu chegou a Moscou para se reunir com Putin pela quarta vez no último ano e meio, ou seja, desde que o Kremlin iniciou sua intervenção militar na Síria, o que demonstra a importância do que ocorre no país árabe para a segurança do Estado judeu.

A presença de radares, baterias antimísseis e a pequena frota russa no Mediterrâneo alterou o equilíbrio de forças na região e reduziu tanto a supremacia regional como limitou a liberdade de ação do Exército israelense.

Enquanto Putin apelou à estreita relação criada nos últimos anos entre ambos líderes, que mantêm permanente contato telefônico, o chefe do governo israelense não se convenceu.

Netanyahu lembrou na próxima semana que o povo judeu celebra precisamente a festa de Purim, que lembra a fracassada tentativa dos persas de exterminar os judeus, faz quase 2,5 mil anos.

"E atualmente voltam a acontecer tentativas por parte do herdeiro da antiga Pérsia, Irã, de aniquilar o Estado judeu. Eles admitem isso abertamente, escrevem em seus jornais", afirmou o líder israelense.

Netanyahu denunciou nas últimas semanas as tentativas do Irã de aproveitar o conflito sírio para abrir uma frente contra Israel nas Colinas de Golã, o planalto sírio cuja parte ocidental foi ocupada por Israel na Guerra dos Seis Dias de 1967.

Israel apoia as atuais negociações de paz para a regulação do conflito sírio e inclusive se mostrou indiferente perante o firme apoio do Kremlin ao presidente sírio, Bashar al-Assad, cujo outro aliado é Irã.

No entanto, Israel teme que o fim do conflito na Síria tenha como uma de suas consequências o aumento da influência do Irã, que apoia as milícias do Hezbollah, que combatem nas fileiras governamentais na Síria.

Para Israel é inadmissível a possibilidade de Teerã ou dos grupos que apoia, que já são um fator de instabilidade no Líbano, terem presença militar em sua fronteira norte ou no Mediterrâneo.

Também adverte contra o uso das Colinas de Golã como moeda de troca no marco das conversas de paz entre o regime e a oposição síria em Genebra.

A parte ocidental do Golã permanecia relativamente calma até a explosão da crise síria, mas nos últimos anos os incidentes entre os grupos jihadistas e o Exército israelense aumentaram.

Segundo diversas fontes, em 8 de outubro, Israel bombardeou as posições do Hezbollah no Golã, ataque no qual pode ter morrido um membro da Guarda Revolucionária do Irã.

"Certamente, agora temos nosso país, nosso Exército e podemos nos defender. Mas quero dizer que a ameaça do terrorismo sunita e do Islã radical não está dirigida só contra nós, mas contra a região (do Oriente Médio) e todo o mundo", afirmou hoje Netanyahu.

Netanyahu destacou que "no último ano houve progressos muito importantes na luta contra o terrorismo radical sunita liderado pelo Estado Islâmico e Al Qaeda".

"A Rússia fez uma grande contribuição a este resultado, a estes progressos", ressaltou Netanyahu, que lembrou que a luta conjunta contra o terrorismo une ambos países.

A visita de Netanhayu precede a chegada do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que recentemente normalizou as relações tanto com a Rússia como com Israel e que exerce um papel de contrapeso do Irã na região.

Segundo o Kremlin, Putin e Netanyahu também esperavam trocar opiniões sobre a regulação do conflito palestino-israelense.

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