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Netanyahu diante do dilema das alianças antes de eleição

O premiê, favorito nas urnas, deve optar entre se aliar à ultradireita ou ao centro

O premiê israelense, Benjamin Netanyahu: ele continua sendo favorito para se manter no cargo (Gali Tibbon/AFP)
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Da Redação

Publicado em 21 de janeiro de 2013 às 11h32.

Jerusalém - O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pode tomar como certa sua reeleição nesta terça-feira, mas deverá optar entre se aliar à ultradireita ou ao centro para definir sua resposta ao programa nuclear iraniano e ao crescente mal-estar social.

As pesquisas anunciam uma direitização maior do Kneset (Parlamento), o que poderia lançar por terra definitivamente um acordo global de paz com os palestinos e acentuar o risco de isolamento do Estado hebreu.

No plano interno, o próximo governo deverá aprovar rapidamente drásticos cortes para frear o aumento do déficit orçamentário, mas também adotar medidas para conter o descontentamento provocado pelo aumento do custo de vida e das disparidades sociais.

A oposição trabalhista o observa de perto nas questões econômicas. Pelo flanco direito, seu aliado Naftali Bennett, que irrompeu com força à frente do partido Lar Judeu, apoiado pelos colonos, condena suas declarações de apoio à criação de um Estado palestino.

As pesquisas mostram que a aliança entre o Likud (direita) de Netanyahu e o Israel Beiteinu (nacionalistas laicos) de Avigdor Lieberman pode obter de 33 a 35 assentos, contra os 42 atuais, de um total de 120 membros do Kneset.

Apesar deste retrocesso, Netanyahu continua sendo favorito para se manter no cargo.

O presidente centralizou sua campanha na necessidade de estabilizar a economia e enfatizou sua experiência militar, reivindicando uma linha dura diante do programa nuclear iraniano e a campanha de bombardeios aéreos contra os islamitas na Faixa de Gaza em 2012.

Mas, para formar governo, Netanyahu deverá buscar novas alianças que mostrarão suas intenções em temas essenciais, como a construção ou a ampliação de colônias judias na Cisjordânia, as negociações com os palestinos e a questão iraniana.

Os trabalhistas já descartaram entrar no gabinete, mas o Lar Judeu, que pode se consagrar como a terceira força, pode conquistar alguns ministérios.


Nesse caso, Netanyahu pode optar por um gabinete exclusivamente de direita, embora também seja mencionada a possibilidade de que ofereça algo aos novos partidos centristas, como o Hatnuá, da ex-ministra das Relações Exteriores Tzipi Livni, ou o Yesh Atid, liderado por um ex-jornalista, Yair Lapid.

"Penso que Netanyahu convidará todos. Quanto mais partidos estiverem presentes em uma coalizão, menor será o risco de chantagem por parte de um ou de outro", disse Efraim Inbar, do Centro de Estudos Estratégicos Begin-Sadat.

Livni, segundo as especulações, pode aceitar o convite, e voltar à pasta de Relações Exteriores, balanceando o peso dos falcões no governo.

A líder moderada insistiu durante a campanha na necessidade de retomar as negociações com os palestinos, estancadas desde 2010.

Sua nomeação pode ser um bom sinal para os Estados Unidos e para a Europa, que aumentam a pressão para reativar o processo de paz. Mas enfrentaria a oposição de outros prováveis membros da coalizão, como Bennett, que se opõem à criação de um Estado palestino e propõem, por sua vez, acelerar a política de colonização.

A política com relação ao Irã, que Israel e grande parte da comunidade internacional suspeitam que deseja obter uma bomba atônica, é outro assunto essencial.

A ala moderada do Likud se viu marginada durante a campanha eleitoral, o que deve fortalecer a influência dos falcões da futura coalizão e acender os debates sobre a necessidade de um ataque preventivo contra instalações nucleares da República Islâmica.

A questão iraniana também levará o foco às tensas relações de Netanyahu com o presidente americano, Barack Obama, que também acaba de ser reeleito, e os comentaristas consideram que o primeiro-ministro israelense se empenhará em reparar os vínculos.

O próximo governo israelense também deverá seguir com atenção a evolução da Primavera Árabe, que tornou menos seguras as fronteiras de Israel com Egito e Síria e que ameaça as poucas alianças regionais do Estado hebreu.

A maior parte dos israelenses está, no entanto, mais preocupada atualmente com os assuntos internos do que com a geopolítica regional, e vê Netanyahu como o candidato mais apto a responder a estas expectativas.

"Há uma carência de líderes na oposição. Não vemos nenhum líder opositor que tenha o talento de um primeiro-ministro", comentou Inbar.

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Jerusalém - O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pode tomar como certa sua reeleição nesta terça-feira, mas deverá optar entre se aliar à ultradireita ou ao centro para definir sua resposta ao programa nuclear iraniano e ao crescente mal-estar social.

As pesquisas anunciam uma direitização maior do Kneset (Parlamento), o que poderia lançar por terra definitivamente um acordo global de paz com os palestinos e acentuar o risco de isolamento do Estado hebreu.

No plano interno, o próximo governo deverá aprovar rapidamente drásticos cortes para frear o aumento do déficit orçamentário, mas também adotar medidas para conter o descontentamento provocado pelo aumento do custo de vida e das disparidades sociais.

A oposição trabalhista o observa de perto nas questões econômicas. Pelo flanco direito, seu aliado Naftali Bennett, que irrompeu com força à frente do partido Lar Judeu, apoiado pelos colonos, condena suas declarações de apoio à criação de um Estado palestino.

As pesquisas mostram que a aliança entre o Likud (direita) de Netanyahu e o Israel Beiteinu (nacionalistas laicos) de Avigdor Lieberman pode obter de 33 a 35 assentos, contra os 42 atuais, de um total de 120 membros do Kneset.

Apesar deste retrocesso, Netanyahu continua sendo favorito para se manter no cargo.

O presidente centralizou sua campanha na necessidade de estabilizar a economia e enfatizou sua experiência militar, reivindicando uma linha dura diante do programa nuclear iraniano e a campanha de bombardeios aéreos contra os islamitas na Faixa de Gaza em 2012.

Mas, para formar governo, Netanyahu deverá buscar novas alianças que mostrarão suas intenções em temas essenciais, como a construção ou a ampliação de colônias judias na Cisjordânia, as negociações com os palestinos e a questão iraniana.

Os trabalhistas já descartaram entrar no gabinete, mas o Lar Judeu, que pode se consagrar como a terceira força, pode conquistar alguns ministérios.


Nesse caso, Netanyahu pode optar por um gabinete exclusivamente de direita, embora também seja mencionada a possibilidade de que ofereça algo aos novos partidos centristas, como o Hatnuá, da ex-ministra das Relações Exteriores Tzipi Livni, ou o Yesh Atid, liderado por um ex-jornalista, Yair Lapid.

"Penso que Netanyahu convidará todos. Quanto mais partidos estiverem presentes em uma coalizão, menor será o risco de chantagem por parte de um ou de outro", disse Efraim Inbar, do Centro de Estudos Estratégicos Begin-Sadat.

Livni, segundo as especulações, pode aceitar o convite, e voltar à pasta de Relações Exteriores, balanceando o peso dos falcões no governo.

A líder moderada insistiu durante a campanha na necessidade de retomar as negociações com os palestinos, estancadas desde 2010.

Sua nomeação pode ser um bom sinal para os Estados Unidos e para a Europa, que aumentam a pressão para reativar o processo de paz. Mas enfrentaria a oposição de outros prováveis membros da coalizão, como Bennett, que se opõem à criação de um Estado palestino e propõem, por sua vez, acelerar a política de colonização.

A política com relação ao Irã, que Israel e grande parte da comunidade internacional suspeitam que deseja obter uma bomba atônica, é outro assunto essencial.

A ala moderada do Likud se viu marginada durante a campanha eleitoral, o que deve fortalecer a influência dos falcões da futura coalizão e acender os debates sobre a necessidade de um ataque preventivo contra instalações nucleares da República Islâmica.

A questão iraniana também levará o foco às tensas relações de Netanyahu com o presidente americano, Barack Obama, que também acaba de ser reeleito, e os comentaristas consideram que o primeiro-ministro israelense se empenhará em reparar os vínculos.

O próximo governo israelense também deverá seguir com atenção a evolução da Primavera Árabe, que tornou menos seguras as fronteiras de Israel com Egito e Síria e que ameaça as poucas alianças regionais do Estado hebreu.

A maior parte dos israelenses está, no entanto, mais preocupada atualmente com os assuntos internos do que com a geopolítica regional, e vê Netanyahu como o candidato mais apto a responder a estas expectativas.

"Há uma carência de líderes na oposição. Não vemos nenhum líder opositor que tenha o talento de um primeiro-ministro", comentou Inbar.

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