Trabalhadores em Doha, no Catar: embaixadora criticou as condições precárias de trabalho nas obras de preparação para a Copa de 2022 (Goh Chai Hin/AFP)
Da Redação
Publicado em 26 de setembro de 2013 às 17h11.
Kathmandu - O Nepal chamou sua embaixadora no Catar nesta quinta-feira depois de ela ter chamado o país no Golfo de uma "prisão a céu aberto" para os nepaleses que sofrem abuso, em meio a denúncias sobre as condições precárias de trabalho e mortes nas obras de preparação para a Copa de 2022.
As declarações de Maya Kumari Sharma foram feitas há cerca de seis meses em uma entrevista, mas só atraíram atenção nesta semana, depois de terem sido republicadas pelo jornal britânico Guardian, que documentou mortes de dezenas de trabalhadores nepaleses no Catar durante o verão.
Uma reunião de gabinete decidiu tirar Sharma do cargo depois que o Catar reclamou dos comentários dela, disse uma autoridade. Sharma foi indicada no ano passado pelo governo liderado por maoístas.
"O governo decidiu chamar a embaixadora, uma vez que os comentários e comportamento dela ficaram fora das normas diplomáticas", disse à Reuters Bimal Gautam, um assessor do chefe do gabinete interino Khilraj Regmi.
Milhões de nepaleses trabalham na Malásia, Coreia do Sul e Oriente Médio, incluindo Catar. As remessas de imigrantes representam um quinto do Produto Interno Bruto (PIB) do Nepal.
O jornal informou, em reportagem publicada na quarta-feira, que milhares de trabalhadores nepaleses enfrentam abusos laborais na preparação do Catar para receber o Mundial de 2022.
O Comitê Supremo Catar 2022 disse em comunicado que autoridades do governo estão investigando as alegações, desfavoráveis aos preparativos para o maior evento esportivo do mundo depois dos Jogos Olímpicos de verão.
O Catar foi escolhido para sediar a Copa há três anos, numa decisão surpreendente. O pequeno Estado do Golfo corre contra o tempo para concluir um grande trabalho de infraestrutura que tem pela frente.