Na Itália, Michael Moore diz que a esquerda nos EUA está "deprimida"
Para Moore, só com votos de mulheres, jovens e negros, será possível fazer frente a Trump nas próximas eleições para presidente.
EFE
Publicado em 21 de outubro de 2018 às 11h57.
Última atualização em 21 de outubro de 2018 às 11h58.
Roma, 20 out (EFE).- Conhecido por suas críticas sociais, o cineasta americano Michael Moore está na Itália para divulgar seu mais novo filme e afirmou neste sábado que a esquerda nos Estados Unidos está "deprimida e desmoralizada", apesar de acreditar em uma grande mobilização no pleito legislativo de novembro para derrotar Donald Trump nas eleições presidenciais de 2020.
Em conversa com o público e a imprensa no Festival do Cinema de Roma, onde apresentará na semana que vem o documentário "Fahrenheit 11/9", ele defendeu que só com o voto em massa, agora de "milhões e milhões de mulheres, jovens e negros", será possível fazer frente a Trump nas próximas eleições para presidente.
Perguntado sobre a política anti-imigração do vice-primeiro-ministro e ministro de Interior da Itália, Matteo Salvini, Michael Moore disse que tanto o político italiano quanto o presidente americano são "racistas". A resposta rendeu fortes aplausos entre os espectadores.
"Sei que a situação é difícil para a Itália por estar no Mediterrâneo e sinto por meu país não receber nenhuma destas pessoas (imigrantes), porque somos um país racista, com um presidente racista", acrescentou.
O novo documentário, que estreou em setembro no Festival de Toronto (Canadá), analisa os fatores e a força que, em sua opinião, fizeram possível a vitória de Trump nas eleições de 2016, apesar de muitos não acreditarem nela.
"Eu não digo que Trump é Hitler, digo que Hitler é Trump", brincou o diretor.
Michael Moore fez um paralelo entre a vitória de Trump, nos Estados Unidos, e a chegada do atual governo populista de extrema-direita ao poder na Itália e afirmou que parte da culpa é da imprensa, dominada pelas grandes corporações, por não ter levado a sério tais políticos e transformá-los em artistas.
"A outra parte é culpa da esquerda. Nos Estados Unidos, mas também acho que poderia ser aplicado à Itália, a esquerda acredita que para ganhar ela não deve ser muito de esquerda, que precisa ser de centro-esquerda, e não se mostra como é", explicou.
Ele se disse muito preocupado com a atual situação do cinema nos Estados Unidos e afirmou que nos dias de hoje é muito difícil ver filmes estrangeiros, mesmo nas grandes cidades. O diretor advertiu que sem ver filmes estrangeiro as pessoas "não podem ver o mundo exterior e se transformam em seres que não se preocupam e desconhecem o que acontece no mundo e seu país tomará decisões baseadas na ignorância".