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Mundo se reúne para discutir como conter aquecimento global

A COP20 foi inaugurada hoje em Lima, no Peru, onde 194 países buscarão avançar rumo a pacto contra o aquecimento global

O ministro peruano do Meio Ambiente, Manuel Pulgar, recebe o presidente da COP, Marcin Korolek (Cris Bouroncle/AFP)
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Da Redação

Publicado em 1 de dezembro de 2014 às 16h31.

Lima - A vigésima Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP20) foi inaugurada esta segunda-feira, em Lima, onde 194 países buscarão avançar rumo a um pacto mundial sobre o aquecimento global , que deve ser aprovado em 2015, em Paris.

As negociações abordarão os esforços de cada país para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, as linhas gerais do acordo, sua forma jurídica e o financiamento para ajudar os países do Sul na luta contra o aquecimento global.

"Devemos criar as bases em Paris para chegar à neutralidade climática e conseguir o desenvolvimento sustentável para todos", disse Christina Figueres, secretária-executiva da Convenção-quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC, na sigla em inglês), patrocinadora do encontro, após a abertura da conferência.

"O ano de 2014 ameaça ter as temperaturas mais elevadas da história e as emissões continuam aumentando. Precisamos agir urgentemente", alertou.

O objetivo da COP20 será criar o esboço para um acordo final no ano que vem, que deverá modificar o sistema atual de produção, que causa um aumento de 2,2% ao ano nas emissões de gases de efeito estufa.

Neste ritmo, a temperatura média do planeta subiria 4 graus Celsius por volta do fim do século com relação à era pré-industrial, com a consequente diminuição das reservas hídricas devido ao degelo de glaciares, secas e a perda de terras cultiváveis, entre outros efeitos que impactam especialmente as populações vulneráveis.

"Estamos certos de que esta conferência será crucial para o mundo", disse o ministro peruano do Ambiente, Manuel Pulgar Vidal, presidente da COP20, ao inaugurar o evento.

A comunidade científica adverte que os esforços atuais são insuficientes para limitar a 2º C o aumento da temperatura global, o teto fixado pela ONU para evitar um futuro desequilíbrio catastrófico do clima.

Cúpula dos Povos e marcha

Lima lançou nesta segunda-feira um ferrenho dispositivo de segurança com 40 mil policiais para proteger 12 mil representantes, que estarão reunidos até 12 de dezembro.

Paralelamente à COP20, será celebrada a partir de 8 de dezembro a Cúpula dos Povos, à qual assistirão o presidente da Bolívia, Evo Morales, e líderes ambientalistas e de comunidades indígenas da região e do mundo, que apresentarão suas demandas aos governos.

Uma grande marcha em defesa do meio ambiente e em repúdio ao impacto que os atuais modelos de produção geram no clima será celebrada em 10 de dezembro na capital peruana e em outras cidades do mundo.

A COP 20 começa com um otimismo moderado pelo recente acordo firmado entre a China e os Estados Unidos, bem como os compromissos da Europa para 2030, sendo estes três os principais atores nos atuais desafios do meio ambiente.

A China, o maior emissor mundial de gases de efeito estufa, se comprometeu a reduzir suas emissões a partir de 2030. Os Estados Unidos se comprometeram em diminuir suas emissões entre 26% e 28% em 2025, com base nos níveis de 2005.

"As mudanças climáticas são obra da humanidade, que em algum ponto de sua história, abandonou a sustentabilidade e se deixou cativar pela ambição e o consumismo desenfreado (...) Devemos recuperar o caminho da sustentabilidade, bem-vindos à ação", disse o presidente, Ollanda Humala, em mensagem aos participantes.

Avanços concretos por setor

Segundo informe publicado este ano pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês), o desafio global para enfrentar as mudanças climáticas é alcançável "técnica e financeiramente".

Para isto, devem ser adotados novos mecanismos de geração de energia e reformas que geram resistências dos países produtores e das poderosas multinacionais do petróleo.

Para uma futura substituição paulatina do petróleo, do carvão e do gás, deveriam ser feitos investimentos maciços em energias limpas, não geradoras de CO2, indicam os especialistas. Segundo o IPCC, este investimento deveria quase quadruplicar até 2050.

É assim que, em Lima, se espera começar a negociar as contribuições de cada nação em diversas frentes: redução das emissões de gases de efeito estufa em valor absoluto, por habitante, por unidade do PIB e por setor de atividade, entre outros aspectos.

"Felizmente, temos os meios para limitar as mudanças climáticas e construir um futuro sustentável mais próspero", disse Rajendra Pachauri, presidente do IPCC, que ganhou o prêmio Nobel por seu ativismo ambiental.

Os negociadores em Lima terão duas semanas para definir as linhas gerais do acordo e definir de que forma os países desenvolvidos deverão cumprir até 2020 promessas de ajuda de US$ 100 bilhões para que os países em desenvolvimento façam frente aos efeitos das mudanças climáticas.

Um novo estudo, publicado na revista científica Oikos, mostra que dois fatores principais são importantes para a sobrevivência das cabras: as horas de claridade do dia e a temperatura. Para os caprinos da Escócia, que sofrem com o frio das áreas mais elevadas do norte do país, o aquecimento global pode ser uma dádiva. A elevação das temperaturas parece estar tornando a vida um pouco mais fácil para os animais da região, que já começam a marcar território. O aumento da população de cabra selvagem e a mudança de seu habitat foi documentada pelo pesquisador britânico Robin Dunbar, da Universidade de Oxford e seu colega Jianbin Shi.
  • 2. Adeus ao cafezinho

    2 /8(Alex Silva)

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    O nosso querido cafezinho também corre riscos. Segundo uma nova pesquisa, publicada na revista científica Plos One, essa bebida tradicional pode sumir do cardápio dentro de 70 anos devido ao aquecimento global e às mudanças climáticas. O estudo realizado por pesquisadores do Royal Botanic Gardens da Grã-Bretanha, em colaboração com cientistas na Etiópia, constatou que entre 38 e 99,7% das áreas adequadas para o cultivo da espécie arábica desaparecerá até 2080 se as previsões do aumento das temperaturas se concretizarem.
  • 3. Aumento de problemas cardíacos

    3 /8(David Silverman/Getty Images)

  • É bom preparar o coração para as mudanças. Eventos climáticos extremos de calor e frio se tornarão mais comuns e isso vai colocar pressão sobre o coração das pessoas, dizem os cientistas. Um estudo publicado no British Medical Journal concluiu que a queda de temperatura de 1ºC em um único dia no Reino Unido está ligado ao aumento de 200 ataques cardíacos. Ondas de calor também geram efeito semelhante. Mais de 11 mil pessoas morreram por complicações cardíacas durante a onda de calor que atingiu a França na primeira metade de agosto de 2003, quando as temperaturas subiram para mais de 40ºC.
  • 4. Queda na capacidade trabalho

    4 /8(Getty Images)

    Um estudo publicado na revista científica “Nature Climate Change” sugere que o aumento da temperatura global nos últimos 60 anos reduziu a capacidade de trabalho em 10%. Pior, a previsão é de que “estresse térmico” poderá prejudicar ainda mais a aptidão do trabalhador para desempenhar suas funções nas próximas décadas. De acordo com a pesquisa, a capacidade de trabalho em 2050 será reduzida a 80% do que hoje.
  • 5. Maratonas mais lentas

    5 /8(Einar Hansen/ StockXchng)

    Embora o tempo dos vencedores de maratonas tenha melhorando gradativamente ao longo do século passado, essa tendência corre risco de diminuir diante do aumento das temperaturas. Um estudo da Universidade de Boston indica que o aquecimento global poderá tornar as maratonas mais lentas, afetando o tempo das vitórias. Mantida a tendência de aquecimento atual, de 0.058°C por ano, até 2100, a chance de detectar uma "desaceleração consistente no tempo de vitória da maratona" é de 95%, diz o estudo.
  • 6. Uvas não curtem calor, logo...

    6 /8(Getty Images)

    As uvas vinícolas são uma das culturas mais sensíveis ao calor, chuvas, incidências de sol e mudanças bruscas no clima. Não à toa, elas estão na mira do aquecimento global. Segundo estudos mais recentes, a produção de vinhos em regiões consagradas, como Bordeaux, na França, pode cair cerca de 60% até 2050. Em contrapartida, a mudança climática poderia também abrir outras partes do mundo para a produção de uvas, uma vez que os produtores teriam que procurar lugares mais altos e mais frios.
  • 7. Mais metano, mais aquecimento

    7 /8(Ian Joughin, University of Washington)

    Os efeitos do aquecimento global, acredite, também podem gerar mais aquecimento global. Estudo recente, publicado na revista Nature por uma equipe internacional de cientistas, mostrou que o degelo no continente antártico pode ser uma fonte importante, embora esquecida, de metano, um gás efeito estufa com potencial de aquecimento global 21 vezes maior do que o do CO2. Ou seja, o derretimento do gelo pode liberar milhões de toneladas desse gás na atmosfera e agravar o aquecimento global.
  • 8. Guarda-chuva para os Pólos?

    8 /8(Divulgação)

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