Monróvia, Libéria - A resposta internacional ao ebola ainda é muito lenta e fragmentada, advertiu nesta terça-feira, 2, o grupo humanitário Médicos Sem Fronteiras (MSF), mesmo dia em que o Banco Mundial divulgou relatório sobre o impacto da doença na economia dos três países africanos mais atingidos.
O ebola infectou cerca de 17 mil pessoas, das quais por volta de 6 mil morreram, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
A grande maioria das infecções foi registrada na Guiné, Libéria e Serra Leoa, países pobres que foram deixados sozinhos para lidar com a crise sem ajuda suficiente, disse que o grupo.
"Governo estrangeiros se concentraram principalmente no financiamento e na construção de estruturas para a gestão do ebola, deixando sob responsabilidade dos governos, serviços de saúde locais e organizações não-governamentais, que não têm a expertise necessária, encontrar funcionários para trabalhar nesses locais", disse o MSF, que é um importante provedor de tratamento para a doença, em comunicado divulgado hoje.
O grupo reiterou seu pedido para que países que tenham grupos de resposta a desastres biológicos os enviem para os países afetados.
Além de matar milhares de pessoas, o surto de ebola, que foi identificado em março, na Guiné, fechou hospitais, escolas e mercados, dificultando o comércio entre países e levou à suspensão de voos de companhias aéreas.
Por essa razão, o Banco Mundial reduziu novamente nesta terça-feira as projeções de crescimento dos países mais afetados, após um corte anterior, feito em outubro.
A economia da Guiné vai crescer apenas 0,5% neste ano, abaixo da expectativa de 4,5% antes do início da crise, disse o banco em seu último comunicado sobre o impacto do ebola. Serra Leoa deve registrar crescimento econômico de 4%, ante expectativa pré-ebola de 11,3%, enquanto a Libéria vai crescer 2,2%, abaixo dos 5,9% previstos anteriormente.
Os efeitos econômicos devem piorar na Guiné e em Serra Leoa no ano que vem, quando as duas economias devem encolher, segundo o documento do Banco Mundial.
"Este relatório reforça o objetivo de zerar os casos de ebola", disse Jim Yong Kim, presidente do Banco Mundial. "Embora haja sinais de progresso, enquanto a epidemia continuar, o impacto humano e econômico só vai se tornar mais devastador."
O Banco Mundial prometeu cerca de US$ 1 bilhão para os três países. Metade desse valor foi gasto em medidas emergenciais de resposta ao surto da doença.
Fonte: Associated Press.
- 1. Milhares de vítimas
1 /15(John Moore/Getty Images)
O vírus ebola tem um índice de mortalidade de 70%. Ao lado da tragédia, o fotógrafo John Moore decidiu retratar os raros sobreviventes da doença na Libéria, o país mais afetado pela epidemia. Na foto, Jeremra Cooper, 16, enxuga o rosto do calor, enquanto espera na seção de baixo risco dos Médicos Sem Fronteiras (MSF), em Paynesville, Libéria. O aluno da 8 ª série disse que perdeu seis familiares para a epidemia de Ebola antes de ficar doente e de ser enviado para o centro dos MSF, onde ele se recuperou após um mês.
- 2. Mohammed Wah, 23
2 /15(John Moore/Getty Images)
O trabalhador da construção civil diz que o Ebola matou cinco membros de sua família e que ele acha que contraiu a doença enquanto cuidava de seu sobrinho.
- 3. Varney Taylor, 26
3 /15(John Moore/Getty Images)
Perdeu três membros da família para a doença e acredita que contraiu Ebola enquanto carregava o corpo de sua tia após a morte dela.
- 4. Benetha Coleman, 24
4 /15(John Moore/Getty Images)
Seu marido e dois filhos morreram em decorrência da doença.
- 5. Victoria Masah, 28
5 /15(John Moore/Getty Images)
Seu marido e dois filhos morreram por causa do ebola.
- 6. Eric Forkpa, 23
6 /15(John Moore/Getty Images)
O estudante de engenharia civil, disse que acha que pegou ebola enquanto cuidava de seu tio doente. Ele passou 18 dias no centro dos MSF se recuperando do vírus.
- 7. Emanuel Jolo, 19
7 /15(John Moore/Getty Images)
O estudante do ensino médio perdeu seis membros da família e acredita que contraiu a doença enquanto lavava o corpo de seu pai, que morreu de Ebola.
- 8. James Mulbah, 2
8 /15(John Moore/Getty Images)
O garotinho posa para a foto enquanto é segurado pela mãe, que também se recuperou do ebola.
- 9. John Massani, 27
9 /15(John Moore/Getty Images)
Trabalhador da construção civil, ele acredita que pegou a doença enquanto carregava o corpo de um parente. Ele perdeu seis familiares por causa do ebola.
- 10. Mohammed Bah, 39
10 /15(John Moore/Getty Images)
Bah, que trabalha como motorista, perdeu a mulher, a mãe, o pai e a irmã para o ebola.
- 11. Vavila Godoa, 43
11 /15(John Moore/Getty Images)
O alfaiate diz que o estigma de ter tido Ebola é algo difícil. Ele perdeu todos os seus clientes devido ao medo. "Eles não vêm mais", afirma. Ele acredita que pegou Ebola enquanto cuidava de sua esposa doente.
- 12. Ami Subah, 39
12 /15(John Moore/Getty Images)
Subah, uma parteira, acha que pegou ebola quando fez o parto de um bebé de uma mãe doente. O menino, segundo ela, sobreviveu, mas a mãe morreu. Ela diz que não teve trabalho desde sua recuperação, devido ao estigma de ter tido Ebola. "Não me deixam nem tirar água do poço comunitário", afirma.
- 13. Peters Roberts, 22
13 /15(John Moore/Getty Images)
O aluno do 11º ano perdeu uma irmã, o tio e um primo para o Ebola. Ele acredita que contraiu a doença enquanto cuidava de seu tio.
- 14. Anthony Naileh, 46, e Bendu Naileh, 34
14 /15(John Moore/Getty Images)
Anthony disse que é um estenógrafo no Senado liberiano e planeja voltar a trabalhar na sessão de janeiro. Bendu, uma enfermeira, acha que pegou ebola após colocar as mãos em posição de oração ao rezar por um sobrinho que tinha a doença. Em seguida, ela adoeceu e seu marido cuidou dela.
- 15. Moses Lansanah, 30
15 /15(John Moore/Getty Images)
O trabalhador da construção civil perdeu sua noiva Amifete, com então 22 anos, que estava grávida de 9 meses do seu filho.