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Motoristas protestam contra registro para obter gasolina na Venezuela

O governo começava a realizar censo de automóveis, como parte de um plano que contempla a revisão do preço da gasolina mais barata do mundo

Venezuela: noventa por cento da frota de transporte público está paralisada (Ueslei Marcelino/Reuters)

Venezuela: noventa por cento da frota de transporte público está paralisada (Ueslei Marcelino/Reuters)

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AFP

Publicado em 3 de agosto de 2018 às 20h50.

Centenas de ônibus bloquearam nesta sexta-feira (3) vias importantes de Caracas em protesto contra a escassez e os altos custos de reposições, durante o primeiro dia de um registro de veículos para acessar gasolina e peças automotivas subsidiadas.

"Estamos cansados de registros! Eu que quero soluções. Tem sete meses que não trabalho", contou à AFP Isael Peña, que há 25 anos dirige um micro-ônibus hoje convertido em sucata pelos efeitos da hiperinflação, estimada em 1.000.000% para 2018 pelo FMI.

Dissolvida pela inflação, a renda de Isael não é suficiente para consertar seu carro, que se juntou, em cima de um reboque, a uma caravana de motoristas que percorreu as avenidas Libertador e Francisco de Miranda, cruzando de oeste a leste a capital venezuelana.

O governo de Nicolás Maduro começava a realizar um censo de automóveis que se estenderá até domingo, como parte de um plano que contempla a revisão do preço da gasolina mais barata do mundo: um dólar permite comprar 3,5 milhões de litros.

Maduro adiantou que regulará a venda de combustível com o 'carnê da pátria', cartão eletrônico para obter subsídios que a oposição denuncia como uma arma de "controle social" em meio do aumento do custo de vida e a severa escassez de alimentos, medicamentos e bens básicos.

"O que precisamos são insumos para trabalhar", declarou à AFP Hugo Ocando, dirigente do sindicato de motoristas.

Noventa por cento da frota de transporte público está paralisada, segundo o sindicato, por situações similares à de Isael.

O preço de um pneu para ônibus oscila - dependendo do modelo do veículo - de 600 milhões a 1 bilhão de bolívares, equivalentes a 170 e 280 dólares no mercado negro, enquanto o bilhete, de 15.000 bolívares, não chega nem a meio centavo de dólar.

Maduro não deu detalhes de como executaria o eventual ajuste dos combustíveis, mas analistas acham que haverá um mercado dual, com postos vendendo nafta (subproduto do petróleo) barata e outras comercializando-a a custos mais altos. O presidente também não mencionou tarifas prováveis.

O ministro do Transporte, Hipólito Abreu, assegurou que mais de 500.000 pessoas foram registradas nesta sexta-feira em todo o país, segundo a agência oficial AVN.

Havia filas, também, para tirar o 'carnê da pátria'. De acordo com o governo, de um total de 30 milhões de venezuelanos, 12 milhões haviam tramitado o documento antes desta sexta-feira.

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