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Mortes causadas por terremoto na Turquia e na Síria ultrapassam 24 mil

Segundo a ONU, pelo menos 870 mil pessoas precisam urgentemente de alimentos e, apenas na Síria, 5,3 milhões de pessoas ficaram sem casa

Terremoto Turquia (YASIN AKGUL/AFP/Getty Images)
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AFP

Publicado em 11 de fevereiro de 2023 às 11h54.

A ajuda internacional chega lentamente neste sábado, 11, a partes da Turquia e da Síria devastadas pelo forte terremoto, que deixou mais de 24.000 mortos e centenas de milhares de necessitados.

O frio na região dificulta os resgates e agrava a tragédia de uma população desesperada. Segundo a ONU, pelo menos 870 mil pessoas precisam urgentemente de alimentos e, apenas na Síria, 5,3 milhões de pessoas ficaram sem casa.

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Com medo de voltarem para suas casas, ou porque elas não existem mais, milhares de pessoas dormem em barracas de campanha, ou em seus carros, e se reúnem em fogueiras para se aquecerem.

"Quando vejo os prédios destruídos, os cadáveres, não é que não consiga ver onde estarei daqui a dois ou três anos, é que não consigo imaginar onde estarei amanhã", desabafa a aposentada Fidan Turan, com os olhos cheios d'água, na cidade turca de Antakya (sul). "Perdemos 60 membros da nossa extensa família", explicou. "Sessenta! O que eu posso dizer? É a vontade de Deus", resignou-se.

O Programa Mundial de Alimentos da ONU pediu US$ 77 milhões para fornecer rações de alimentos a pelo menos 590.000 pessoas deslocadas pelo terremoto na Turquia, e 284.000, na Síria.

O escritório de direitos humanos da ONU pediu, na sexta-feira (10), a todas as partes na área afetada, onde militantes curdos e rebeldes sírios operam, que permitam o acesso humanitário.

Considerado um grupo terrorista por Ancara e por seus aliados ocidentais, o Partido dos Trabalhadores do Curdistão anunciou a suspensão de sua luta armada para contribuir com os trabalhos de recuperação.

E, na Síria, o governo anunciou que vai autorizar o fornecimento de ajuda internacional às áreas controladas pelos rebeldes no noroeste do país, atingido pelo terremoto.

Até agora, apenas dois comboios humanitários atravessaram a Turquia, esta semana, rumo a esta área controlada pelos rebeldes, onde vivem quatro milhões de pessoas.

A ONU pediu um cessar-fogo imediato no país e a abertura de mais pontos de passagem para a ajuda humanitária, como o de Bab al-Hawa.

Pela primeira vez em 35 anos, uma passagem foi aberta na fronteira entre Turquia e Armênia, informou a agência oficial de notícias turca Anadolu neste sábado. Cinco caminhões com ajuda para as vítimas do terremoto cruzaram o posto de Alican, na província de Igdir, neste sábado, conforme a Anadolu.

A diplomacia turca afirmou que está trabalhando para abrir mais pontos de passagem com as regiões sob o controle do governo sírio, "por razões humanitárias".

O Conselho de Segurança deve se reunir para discutir a situação na Síria, possivelmente no início da próxima semana.

Embora as equipes de resgate continuem retirando pessoas vivas dos escombros, incluindo várias crianças e uma mulher grávida de seis meses na sexta-feira (10), os balanços de óbitos não parar de subir. Os últimos dados na manhã deste sábado é, por enquanto, de 24.218 mortos, 20.665 delas na Turquia, e 3.553, na Síria.

Após cinco dias do terremoto, o mais mortal na região desde 1939, a comoção inicial dá lugar à raiva e à revolta, na Turquia, pela resposta do governo e pela má qualidade das construções. As autoridades estimam que 12.141 edifícios foram destruídos, ou gravemente danificados.

"Os andares se amontoam uns sobre os outros", relatou o professor da Universidade Bogazici, de Istambul, que atribui isso ao concreto de baixa qualidade e às colunas de aço.

Na sexta-feira, 10, a polícia prendeu um incorporador imobiliário no aeroporto de Istambul. Ele tentava fugir do país depois do desabamento de uma das residências de luxo construídas por ele.

Diante das críticas à gestão do governo, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, fez uma espécie de "mea-culpa" na sexta-feira. "Houve tantos edifícios danificados que, infelizmente, não conseguimos acelerar nossas intervenções como gostaríamos", afirmou, durante uma visita a Adiyaman.

Entre as inúmeras tragédias do terremoto, uma delas envolve um grupo de 24 crianças e adolescentes cipriotas, com idades entre 11 e 14 anos, que estavam na Turquia para um torneio de vôlei, quando o terremoto engoliu seu hotel.

A imprensa turca diz que 19 pessoas do grupo, que também incluía 15 adultos, foram confirmadas como mortas. Dez dos corpos já foram repatriados para suas casas no norte do Chipre.

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