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Morador conta como era ser vizinho de Bin Laden

Vizinho diz que conheceu homem que morava na casa do terrorista e saía todos os dias para comprar pão na cidade

A casa onde Osama bin Laden se escondia: homem que comprava pão pode ser o filho do terrorista (Farooq Naeem/AFP)

A casa onde Osama bin Laden se escondia: homem que comprava pão pode ser o filho do terrorista (Farooq Naeem/AFP)

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Da Redação

Publicado em 3 de maio de 2011 às 20h11.

Abbottabad - Ele dizia se chamar Tariq e toda manhã comprava seis ou sete pães na padaria local. Hoje, os moradores do bairro de Bilal Town, em Abbottabad, se perguntam se esse homem tão discreto não era o filho de Osama bin Laden, seu vizinho insuspeito .

Na noite de domingo, uma operação americana invadiu a casa de muros de quatro metros de altura, em frente à casa de Abdullah Jan, que está com medo de dar seu nome verdadeiro.

No dia seguinte, o presidente americano Barack Obama anunciou a morte de Osama bin Laden depois do ataque realizado naquel então pacífico bairro residencial.

Desde então o vizinho Abdullah recorda detalhes sobre "Tariq" e outro homem, Arshad Jan, que supostamente eram os únicos moradores da casa.

"Eu sempre acreditei que eram pashtuns paquistaneses, mas agora acho que algumas coisas ainda não se encaixam", relata, ao destacar a pele mais clara e a personalidade mais reservada do que a dos pashtuns.

Arshad Jan e Tariq se mudaram para Abbottabad em 2005, segundo Abdullah.

"Disseram que eles vinham de Peshawar", a principal cidade do nordeste, "e que trabalhavam com o mercado de câmbio", afirma.

O primeiro seria, de fato, paquistanês e tinha comprado o terreno e construído a casa, segundo o serviços de bens e imóveis de Abbottabad.

Entretanto a identidade de "Tariq", de aproximadamente 35 anos, é um mistério e tem dado margem a especulações na vizinhança.

"Tariq era parecido com Bin Laden e poderia mesmo ser um de seus filhos".

Segundo algumas fontes eles moravam juntos.

Bin Laden, que teria quatro esposas, tinha pelo menos uma que era pashtun. Assim sua prole não teria dificuldades de se misturarem com paquistaneses ou pastuns.


Abdullah lembra que Arshad nunca quis dar o número de seu celular. "Ele dizia que não tinha, quando, na verdade, todo mundo tem pelo menos um. As mulheres da casa nunca quiseram fazer ou receber visitas, o que é comum aqui no bairro. Nunca vinham para os casamentos".

Com exceção de Arshad, Tariq, e as vezes alguns meninos, a família só saia de casa rapidamente e em seus modestos carros. As mulheres usavam burcas pretas que só deixavam os olhos descobertos.

Apesar de supostamente Bin Laden estar doente, segundo Abdullah, nenhum médico visitava a casa. Ainda de acordo com o vizinho, Bin Laden estava com problema nos rins e fazia tratamento de hemodiálise.

Os vizinhos não desconfiavam por causa da discrição atribuída às tradições conservadoras dos pashtuns.

"Eram muito rigorosos, por isso não tentávamos uma aproximação ou amizade", explica Shinaz bibi, que mora a 150 metros das muralhas equipadas com câmeras e arames farpados que protegiam a "família" Bin Laden. Dentro dos muros também moravam uma vaca e frangos.

Duas vezes por dia, Arshad ou Tariq compravam pão com Mohamed Asif, a uns 50 metros da acadêmia militar, em uma pequena padaria. Mohamed sorri diante da ideia de ter vendido pão todos os dias para o chefe da Al-Qaeda.

"Estou muito orgulhoso, é um herói que desafiou os Estados Unidos", proclama. "Eu contarei aos meus netos que não foi o nosso exército que o atacou, mas os americanos".

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