Mundo

Milhares de manifestantes no Iraque pedem a expulsão de tropas dos EUA

Após a morte do general iraniano Qassem Soleimani, o Iraque passou a exigir a retirada dos 5,2 mil militares americanos que estão no país

Iraque: Várias facções paramilitares iraquiana apoiaram o protestos (Thaier al-Sudani/Reuters)

Iraque: Várias facções paramilitares iraquiana apoiaram o protestos (Thaier al-Sudani/Reuters)

A

AFP

Publicado em 24 de janeiro de 2020 às 10h22.

Milhares de apoiadores do poderoso líder xiita Moqtada al-Sadr protestaram nesta sexta-feira (24), em Bagdá, para pedir a expulsão das tropas americanas do Iraque, onde o sentimento antiamericano aumentou nas últimas semanas.

Após a convocação de Moqtada al-Sadr de "uma manifestação pacífica de um milhão de pessoas contra a presença americana", postos de controle foram estabelecidos para garantir a segurança da marcha.

Desde as primeiras horas desta sexta-feira, um dia de oração no mundo muçulmano, milhares de fiéis se reuniram no bairro de Khadriya, aos gritos de "Fora ocupante" e "Sim à soberania".

Em um comunicado lido por um porta-voz, Al-Sadr pediu a retirada das forças americanas, a anulação dos acordos de segurança entre Bagdá e Washington e o fechamento do espaço aéreo iraquiano aos aviões militares americanos.

O líder xiita também pediu ao presidente americano, Donald Trump, que não seja "arrogante".

Várias facções paramilitares iraquianas, como as pró-iranianas da Hashd al-Shaabi, geralmente rivais de Sadr, apoiaram a marcha.

Ao mesmo tempo, o movimento de protesto contra o governo foi retomado nos últimos dias. Os atos haviam perdido fôlego diante do ressurgimento das tensões entre Teerã e Washington, que intervêm no Iraque para estabelecer sua influência.

"Em nome do povo"

O movimento de protesto iniciado em 1º de outubro foi relegado a segundo plano após o assassinato pelos Estados Unidos, em 3 de janeiro, em Bagdá, do general iraniano Qassem Soleimani, enviado de Teerã ao Iraque, e de Abu Mehdi al-Muhandis, seu braço direito iraquiano e número dois da Hashd al-Shaabi. O episódio reavivou o sentimento "antiamericano".

Dois dias depois, o Parlamento iraquiano votou a favor da partida das tropas estrangeiras, incluindo dos 5.200 militares americanos enviados para ajudar os iraquianos na luta contra o extremismo.

As operações da coalizão internacional antijihadista, liderada por Washington, foram suspensas após a morte de Soleimani, e as discussões com Bagdá sobre o futuro das tropas americanas ainda não começaram, de acordo com o coordenador americano da coalizão, James Jeffrey.

Milhares de apoiadores de Moqtada al-Sadr chegaram a Bagdá de ônibus, procedentes de todo país. O bairro de Khadriya está localizado em frente à Zona Verde, na outra margem do rio Tigre. Nesta área de segurança máxima estão localizadas as embaixadas, incluindo a dos Estados Unidos, e a sede do governo iraquiano.

Um opositor de longa data à presença americana no Iraque, Moqtada al-Sadr reativou, após a morte do general Soleimani, sua milícia - o "Exército Mehdi". Este grupo lutou contra soldados americanos durante a ocupação do Iraque entre 2003 e 2011.

Autoproclamado "reformista" depois de apoiar o movimento de contestação, ele também lidera o maior bloco parlamentar, e vários de seus aliados ocupam posições ministeriais.

Esta semana, 12 manifestantes perderam a vida em confrontos com as autoridades, somando 480 mortos desde o início dos protestos contra o governo.

Sob pressão das ruas, o primeiro-ministro iraquiano, Adel Abdel Mahdi, renunciou. Ele continua no cargo, porém, já que os partidos políticos não chegaram a um acordo para designar seu sucessor.

Acompanhe tudo sobre:Estados Unidos (EUA)IraqueProtestos no mundo

Mais de Mundo

Argentinos de classe alta voltam a viajar com 'dólar barato' de Milei

Trump ameaça retomar o controle do Canal do Panamá

Biden assina projeto de extensão orçamentária para evitar paralisação do governo

Com queda de Assad na Síria, Turquia e Israel redefinem jogo de poder no Oriente Médio