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Metade das crianças refugiadas ao redor do mundo está fora da escola, aponta estudo da ONU

Com um número de deslocados à força crescendo a cada ano, mais de 7 milhões de menores sofrem com evasão escolar; entre ucranianos que fugiram da guerra, patamar chega a 600 mil

Crianças sírias em um campo de refugiados (Nikolay Doychinov/AFP)
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 9 de setembro de 2024 às 06h37.

Um relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados ( Acnur ) divulgado nesta segunda-feira revelou, a partir de dados de 65 países, que metade das 14,8 milhões de crianças refugiadas ao redor do mundo está fora da escola.

Segundo a agência da ONU, há uma série de razões para isso, desde a falta de políticas públicas inclusivas às barreiras linguísticas, colocando em risco o futuro de uma geração já exposta à vulnerabilidade.

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De acordo com o Acnur, a média das taxas de matrícula de refugiados no ano letivo de 2022 a 2023 foram de 37% na educação infantil, 65% no ensino fundamental e 42% no ensino médio. Os menores indicadores foram registrados no ensino superior, com 7% — metade da meta esperada pela agência até 2030, mas um salto em relação a 2018, quando apenas 3% estavam matriculados contra 37% dos estudantes não refugiados.

A questão se torna ainda mais urgente com o aumento crescente no número de pessoas deslocadas à força ao redor do mundo, que atingiu 117 milhões no ano passado, segundo o Acnur. Até abril deste ano, a agência estima que este número já tenha ultrapassado 120 milhões, sendo 31,6 milhões de refugiados — entre eles, 7,2 milhões de jovens sem acesso à educação. A inclusão de uma proporção cada vez maior de jovens nos sistemas nacionais de educação, no entanto, leva tempo, pontua o documento.

— A educação pode salvar vidas — afirmou o Alto Comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi. — A educação está associada a uma menor probabilidade de gravidez na adolescência e casamento precoce, dando às meninas a possibilidade de moldar seus próprios destinos. Para os meninos, mais anos de educação se traduzem em uma menor probabilidade de comportamento de risco e, portanto, em menos violência e vitimização. E para todos, a educação abre portas para um maior acesso ao mercado de trabalho e permite que os refugiados ganhem a vida e sustentem suas famílias.

Efeito da guerra na Ucrânia

A invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022, provocou o maior fluxo migratório na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Com o quarto ano letivo desde o início do conflito iniciando este mês — no Hemisfério Norte, as aulas começam em setembro —, o Acnur estima que, de uma população de 1,3 milhão de menores ucranianos que deixaram o país para fugir da guerra, 600 mil estão fora da escola, um pouco menos da metade do total.

De acordo com o relatório, grande parte desses jovens sem acesso ao sistema educacional dependem exclusivamente de métodos informais de ensino, remotos e digitais, que perdem na eficiência e na socialização se comparado ao ensino regular.

Por outro lado, há enormes disparidades no acesso de menores ucranianos à educação a depender dos países que os receberam, "independentemente do tamanho das populações de refugiados em idade escolar", diz o texto. Por exemplo, 97% das crianças e adolescentes ucranianos que se refugiaram na Irlanda estão matriculadas em uma instituição de ensino, enquanto esse número é de apenas 18% na Bulgária.

"Isso sugere que a emergência de refugiados na Ucrânia está evoluindo para uma crise prolongada educação de refugiados, com centenas de milhares de crianças e jovens correndo o risco de sofrer perdas de aprendizado e outros efeitos prejudiciais que podem afetar seu bem-estar bem-estar, a segurança e as perspectivas futuras por muitos anos", destaca o Acnur.

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