Menina hondurenha na capa da revista Time não foi separada da mãe
Dezenas de jornais e revistas no mundo todo publicaram a emblemática foto que é um retrato da política de "tolerância zero" do governo Trump
Reuters
Publicado em 22 de junho de 2018 às 11h28.
Última atualização em 17 de abril de 2019 às 12h26.
Tegucigalpa - A menina hondurenha que aparece vestida com um casaco rosa e chorando diante do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump , na capa da próxima edição da revista Time não foi separada de sua mãe na fronteira dos EUA, segundo um homem que diz ser o pai da criança.
A impactante foto original, tirada no local de uma detenção na fronteira por John Moore, fotógrafo da Getty Images, se tornou uma das imagens emblemáticas de uma onda de reportagens sobre a política de separação de famílias do governo Trump.
Dezenas de jornais e revistas de todo o mundo publicaram a foto, aprofundando a revolta que levou Trump a recuar na quarta-feira e dizer que as famílias não serão mais separadas.
"Minha filha se tornou um símbolo da... separação de crianças na fronteira dos EUA. Ela pode até ter tocado o coração do presidente Trump", disse Denis Valera à Reuters em uma entrevista por telefone.
Valera disse que a menina e sua mãe, Sandra Sanchez, foram detidas juntas na divisa de McAllen, cidade do Estado do Texas onde Sandra pediu asilo, e que elas não foram separadas depois de serem detidas perto da fronteira.
A vice-ministra das Relações Exteriores de Honduras, Nelly Jerez, confirmou o relato dos eventos feito por Valera.
Ele disse ter ficado surpreso e aflito na primeira vez em que viu a foto de sua filha chorando na televisão. "Ver o que estava acontecendo com ela naquele momento parte o coração de qualquer um".
A foto foi usada em uma ação de arrecadação de fundos pelo Facebook que conseguiu mais de 17 milhões de dólares de donativos de quase meio milhão de pessoas para o Centro para Educação e Serviços Legais de Refugiados e Imigrantes (Raices), uma entidade sem fins lucrativos do Texas que oferece assistência legal a refugiados e imigrantes.
A política imigratória de "tolerância zero" da gestão Trump levou à separação de 2.342 crianças de seus pais na fronteira EUA-México entre 5 de maio e 9 de junho.
Vídeos de crianças separadas sentadas em jaulas, uma gravação de áudio de crianças chorando e a foto de Moore provocaram indignação mundial com as diretrizes de Trump.