Manifestantes chamam Biden de 'genocida' na porta da Convenção Democrata
Centenas de pessoas se reuniram para pedir que os EUA não apoiem Israel no conflito com Gaza
Publicado em 19 de agosto de 2024 às 18h05.
Última atualização em 19 de agosto de 2024 às 18h39.
Chicago, Estados Unidos - A poucos metros do local que sediará a Convenção Democrata, em Chicago, nos Estados Unidos, centenas de manifestantes se reuniram para protestar contra a política do governo de Joe Biden de fornecer apoio à Israel no conflito contra o Hamas na Faixa de Gaza.
"Genocide Joe" (Joe genocida) era apenas um dos gritos de ordem dos manifestantes reunidos no Union Park, no começo da tarde desta segunda-feira, 19. No United Center, a poucos metros, membros do Partido Democrata faziam os últimos ajustes para sua Convenção, que oficializará o nome da vice-presidente Kamala Harris como candidata do partido para a disputa eleitoral de novembro contra o ex-presidente Donald Trump.
"Esperamos que, ao mostrar que tantas pessoas se importam com essa questão [da Palestina], aqui do lado de fora, as pessoas dentro possam mostrar para Kamala Harris que isso é importante para a eleição. Precisamos de um cessar-fogo agora e de um embargo à venda de armas para Israel", diz Mary Zerkel, da entidade American Friends Service Commitee.
Zerkel mora em Chicago e diz que muitos palestinos vivem na cidade e em seus arredores. "Conheço pessoas que vivem aqui e perderam mais de cem pessoas de sua família e conhecidos", conta.
Cartazes, bandeiras e bonecos
No protesto, bandeiras da Palestina, cartazes contra a gestão de Biden e até um boneco gigante que simbolizava o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, davam o tom da insatisfação dos presentes.
"Palestina livre", gritavam os organizadores do evento no centro do palco, que acompanhados pelos manifestantes.
Havia ativistas coletando assinaturas para a criação de um partido trabalhista, enquanto outros promoviam ideias comunistas, com jornais e panfletos sobre como acabar com o capitalismo.
O protesto desta segunda-feira, 19, é apenas uma das dezenas manifestações marcadas para a semana em Chicago. A cidade, que já recebeu 12 convenções partidárias e tem longa trajetória na política nacional americana, está em alerta. As autoridades já informaram que serão duras com quaisquer desvios de comportamento fora das normas acordadas com os organizadores.
No caso do Union Park, que EXAME visitou, haverá concentrações todos os dias a partir de meio-dia. Por volta das 16h, os manifestantes farão uma marcha até o centro da cidade.
"Eu votei em democratas minha vida toda, mas pela primeira vez, estou considerando não faer isso, por causa do apoio cego que eles estão dando a Israel", diz Catalina Rodriguez, que integra o coletivo Palestine Activism, formado por moradores do subúrbio de Chicago. "Israel está fazendo coisas terríveis a pessoas inocentes, e ela [Kamala] precisa parar de financiar isso. Precisa tomar ações. Ações, e não palavras."
Rodriguez conta que seu grupo pretende vir todos os dias ao Union Park protestar, e que a maior marcha de protesto está prevista para quinta de tarde, dia em que Kamala fará seu discurso na Convenção.
Prédio de Trump vira palco partidário
Um dos maiores edifícios de Chicago é a Trump Tower, que fica na região do Magnificent Mile, no centro da cidade. O prédio foi usado como centro de mensagens políticas. Literalmente.
No domingo, 18, ativistas democratas projetaram mensagens no prédio de mais de 400 metros como “Harris-Walz, alegria e esperança” e “Harris-Walz, lutando por você!”, e críticas aos republicanos como “Trump-Vance, esquisitos” ou “Trump-Vance, trabalham para si mesmos”
Na segunda, 19, foi a vez de políticos republicanos usarem o espaço para fazer um contraponto aos democratas.
Os senadores Ron Johnson, de Wisconsin, e Rick Scott, da Flórida, representantes da campanha de Trump, estão realizando uma coletiva de imprensa na Trump Tower em Chicago, a primeira de uma série de eventos republicanos ao longo da semana, organizados bem ao lado da Convenção Nacional Democrata, segundo o New York Times.