Macron chega aos 100 dias de mandato com baixa popularidade
A insatisfação do povo francês com o líder se dá pela controvérsia de ele não realizar rapidamente algumas promessas de campanha
EFE
Publicado em 14 de agosto de 2017 às 11h12.
Paris - O presidente da França, Emmanuel Macron , completa na terça-feira seus primeiros cem dias no poder com uma popularidade baixa que dá por encerrado o estado de graça, atingido pela controvérsia de não realizar rapidamente algumas promessas de campanha.
Menos de quatro em cada dez franceses (36%) dizem estar satisfeitos com este início de mandato, dez pontos a menos que tinha o socialista François Hollande em agosto de 2012 e uma porcentagem muito distante do apoio de 62% que o ex-ministro de Economia tinha ao chegar ao poder em maio.
A mudança de tom a respeito de seu predecessor foi fixada na mesma noite de sua vitória em maio: o seu percurso sozinho com a pirâmide do Louvre de fundo antes de se dirigir à população foi prelúdio de um uso inteligente e habitual dos grandes monumentos do país que o ajudou a vestir o "traje presidencial".
O Palácio de Versalhes, o Hotel dos Inválidos e a Torre Eiffel foram depois palcos dos encontros mantidos com os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e dos EUA, Donald Trump.
Macron multiplicou nestes mais de três meses atividades que refletem uma imagem de poder, seja vestido de terno ou subindo em um helicóptero até um submarino nuclear, mas o estilo imposto na sua vontade de se afastar da presidência "normal" de Hollande faz com que a oposição o recrimine por confundir autoridade com autoritarismo.
A primeira vítima foi o general Pierre de Villiers, que renunciou em 19 de julho como chefe do Estado Maior do Exército após um pulso público com o governante pelos cortes previstos para cumprir com os objetivos de déficit.
A falta de rodagem de uma nova maioria parlamentar, composta em grande parte por neófitos com inexperiência política e falta de disciplina coletiva, ofuscou por momentos o fato de ter conseguido a esperada mudança de rostos na classe política.
No seu balanço de promessas cumpridas está o projeto de lei de moralização da vida pública, que acabou com a possibilidade de deputados, senadores, ministros e outros cargos locais contratarem familiares como assistentes, e a adoção do texto que autoriza o Executivo a reformar o direito trabalhista por decreto.
Entre os seus passos em falso estão a redução das ajudas ao aluguel e o papel da primeira dama, a quem prometeu dotar de um status oficial contra o qual se manifestaram mais de 311 mil pessoas pela internet, e que finalmente ficará emoldurado em uma "carta da transparência".
Além disso, a demissão de quatro ministros apenas um mês à frente dos seus departamentos, incluído o de Justiça, François Bayrou, por suspeitas de nepotismo e investigações judiciais nos seus partidos.
O porta-voz governamental, Christophe Castaner, considerou no domingo que nestes 100 dias foram sentadas as bases de uma "transformação profunda do país", começando por um Governo com membros procedentes da direita e da esquerda, e por essa renovação "inédita" da Assembleia.
"Evidentemente, será necessário mais que essas primeiras medidas para restaurar a confiança dos franceses", indicou no Facebook, ao destacar que o rumo está fixado e colocou a França "no centro do jogo".
Desde a oposição, por outro lado, deputados como o conservador Éric Ciotti recriminam que Macron se destaque mais pela forma que pelo fundo, mais por uma comunicação "desmesurada" que por avanços concretos.
A reforma trabalhista, o projeto de lei antiterrorista, a reeleição de parte do Senado e a negociação dos orçamentos para 2018 são algumas das metas imediatas do novo curso político, após férias que o casal presidencial passa em Marselha.