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Lutando contra o relógio, busca por submarino argentino continua

"Supondo a fase mais crítica, que seria o submarino submerso e sem condições de emergir, estamos no sexto dia de oxigênio", disse porta-voz da Marinha

Submarino desaparecido: o "San Juan" tem capacidade de oxigênio para sua tripulação por sete dias e sete noites (Marcos Brindicci/Reuters)

Submarino desaparecido: o "San Juan" tem capacidade de oxigênio para sua tripulação por sete dias e sete noites (Marcos Brindicci/Reuters)

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AFP

Publicado em 21 de novembro de 2017 às 21h46.

A angustiante busca pelo submarino argentino, perdido no Atlântico com 44 tripulantes a bordo há seis dias se intensificava nesta terça-feira (21) com forte colaboração internacional, graças a uma melhora das condições climáticas.

Um bote inflável à deriva avistado na madrugada desta terça por um avião em meio a uma forte tempestade estava vazio e não pertence ao submarino, informou o porta-voz da Armada, a Marinha de guerra argentina, Enrique Balbi, durante coletiva em Buenos Aires.

Também foram avistados no horizonte dois artefatos pirotécnicos brancos sem localizar sua origem, mas presume-se que não sejam do "ARA San Juan", que tem sinalizadores para emergências e verdes para treinamento.

"Supondo a fase mais crítica, que seria o submarino submerso e sem condições de emergir, estamos no sexto dia de oxigênio", disse Balbi, que preferiu "não aventar conjeturas sem mais evidências".

Sem sair à superfície, o "San Juan" tem capacidade de oxigênio para sua tripulação por sete dias e sete noites.

"O tempo está contra nós, mas nunca devemos perder as esperanças", advertiu Alejandro Cuerda, chefe da flotilha de submarinos da Espanha, que colabora com as buscas, em declarações ao canal TN.

Balbi considerou auspiciosa a melhora do clima após vários dias de temporal com fortes ventos e ondas de cinco e seis metros.

"Por sorte começa a diminuir a intensidade do vento, com ondas de três e quatro metros, que permitiria uma varredura tridimensional do fundo", declarou Balbi.

O submarino zarpou há nove dias de Ushuaia, no extremo sul da Argentina, e era esperado no domingo passado no Mar del Plata, 400 quilômetros ao sul da capital, seu porto habitual.

Lampejos de ilusão

Após terem se iludido nos últimos dias com dois indícios que resultaram negativos, a incerteza foi se transformando em angústia.

"É uma mistura de sensações: dor, impotência e momentos de esperança. A sensação é que eles estão vindo, que hoje vão nos dizer 'estão chegando'", confessou María Morales, mãe de Luis, um dos tripulantes, ao chegar nesta terça-feira à Base Naval do Mar del Plata.

Sete chamadas por satélite e um barulho no fundo do mar deram esperanças de que se tratava do submarino, mas foram descartadas após várias horas.

"Uma luzinha começa a brilhar e depois apaga", lamentou María Morales.

A Armada revelou nesta terça que o "ARA San Juan" reportou uma avaria nas baterias, sem alertas, antes de sua última comunicação na quarta-feira passada às 10h30 GMT (08h30 de Brasília), quando navegava pelo Golfo San Jorge, a 450 km da costa argentina.

Busca incessante

"Continuamos fazendo todo o possível, mobilizando todos os meios nacionais e internacionais disponíveis para encontrá-los o quanto antes", declarou nesta terça-feira o presidente Mauricio Macri em comunicado.

A área de busca inicial era de 300 km de diâmetro nesta zona do Atlântico, onde a profundidade varia entre 200 e 350 metros, que já foi "100% varrida", disse Balbi.

A zona de busca foi ampliada e abarca 482.507 km2, detalhou o Ministério da Defesa.

Uma dúzia de aviões e 16 navios de Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Brasil, Chile, Peru, Colômbia e Uruguai se somaram à operação de busca e resgate lançada na quinta-feira passada.

"Acredito que hoje o mais importante é resgatar nossos meninos", escreveu em sua conta no Instagram o ex-jogador de futebol Diego Maradona, ao apoiar os familiares.

Os trabalhadores do estaleiro Tandanor, a cargo do conserto do "ARA San Juan" entre 2007 e 2014, gravaram uma carta de alento aos tripulantes, entre eles Eliana Krawczyk, de 35 anos, a primeira oficial submarinista da América do Sul e vários pais de família.

A Base Naval de Mar del Plata, cidade portuária e maior balneário da Argentina, se transformou no epicentro da agoniante espera dos familiares.

Cartas, bandeiras com mensagens e cartazes são vistos na cerca que rodeia a base, com vista para o mar, para onde os familiares rezam que o submarino volte.

"Isso é terrível, é o mesmo que aconteceu com aquele submarino russo, ou o que houve com os chilenos na mina, é como um naufrágio", declarou à AFP Norberto Rodríguez, morador de Mar del Plata que se aproximou em solidariedade.

Em agosto de 2000, o submarino nuclear russo "Kursk" naufragou no Mar de Barents, causando a morte de 118 membros de sua tripulação, o maior acidente de submarino em 30 anos.

Se o desenlace for trágico, para Argentina seria a pior perda militar desde a Guerra das Malvinas em 1982, na qual morreram 649 soldados argentinos.

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