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Lula no EUA: Biden quer relação forte para recuperar influência, diz Ian Bremmer

Fundador da consultoria de risco político Eurasia Group, afirma que a intenção de Biden em criar um forte laço com o Brasil, é colocarc a discussão sobre democracia no centro do debate

WASHINGTON, DC - JULY 28: U.S. President Joe Biden delivers remarks on the Inflation Reduction Act of 2022 in the State Dining Room of the White House on July 28, 2022 in Washington, DC. In a major reversal, U.S. Sen. Joe Manchin (D-WV) announced his support for the legislation that includes provisions for climate change, tax hikes on corporations and health care subsidies. (Photo by Anna Moneymaker/Getty Images) (Anna Moneymaker/Getty Images)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 9 de fevereiro de 2023 às 11h26.

Última atualização em 9 de fevereiro de 2023 às 11h27.

A conversa preliminar de Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional dos Estados Unidos, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva , em dezembro passado, despertou nos americanos a sensação de que a reunião entre o brasileiro e o presidente Joe Biden terá um tom construtivo. "Pelo que tive notícia, quando Jake Sullivan esteve no Brasil houve uma reunião extraordinária, na qual os dois passaram por uma série de temas internacionais, domésticos", afirma Ian Bremmer, fundador da consultoria de risco político Eurasia Group, que avalia que é de interesse da Casa Branca construir uma relação sólida com o Brasil, durante o governo Lula.

"Biden certamente quer um relacionamento forte com o Brasil, especialmente depois da Cúpula das Américas do ano passado", disse Bremmer, que classificou o evento como um dos piores fóruns multilaterais. Realizada em Los Angeles (EUA), em junho de 2022, a Cúpula das Américas foi um evento esvaziado, que deixou claro o declínio da influência americana no hemisfério.

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A decisão dos americanos de excluir Venezuela, Cuba e Nicarágua do fórum gerou boicote de outros países da região, como o México importante parceiro dos americanos. Os presidentes de El Salvador, Guatemala e Honduras também não compareceram. O cenário levou Biden a fazer uma inflexão na sua política de não se encontrar com o ex-presidente Jair Bolsonaro e convidar o brasileiro para um encontro bilateral, o que garantiu a presença do Brasil na Cúpula, que vinha sendo descrita por analistas como um fracasso.

A intenção de criar um forte laço com o Brasil, na avaliação de Bremmer, fará Biden colocar a discussão sobre democracia no centro do debate, mas também dar espaço para outros assuntos, como meio ambiente e comércio. "Lula é uma voz forte sobre meio ambiente, em oposição a Bolsonaro, e Biden também deve abrir questões como comércio, investimentos, há oportunidade para discutirem mais sobre essas áreas", afirma o fundador da Eurasia.

'Clube da paz'

A ideia de Lula de discutir um "clube da paz" para intermediar negociações para o fim da guerra da Ucrânia, na visão de Bremmer não deve receber o respaldo de Biden. "Não há negociações sobre a Ucrânia. No momento, os dois países estão apenas escalando a guerra. As coisas não estão se movendo na direção em que Lula estaria confortável para discutir, não acredito que essa será uma prioridade para o encontro dos dois", afirma Bremmer. O brasileiro propõe que países que não estejam envolvidos, ainda que indiretamente, na guerra entre russos e ucranianos, negociem uma solução para o fim do conflito.

Lula e Biden irão se reunir nesta sexta-feira, 10, na Casa Branca. Os dois já conversaram por telefone duas vezes desde as eleições brasileiras. A primeira delas foi logo após o anúncio da vitória do petista. A segunda aconteceu no dia seguinte aos atos golpistas de 8 de janeiro, semelhantes ao episódio da invasão do Capitólio americano em janeiro de 2021.

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