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Lula e presidente da Guiana adiam reunião sobre ameaça da Venezuela

Governo de Nicolás Maduro fará referendo domingo sobre possibilidade de anexar metade do país vizinho

O presidente Lula, ao discursar na COP28 (Chris Jackson/Getty Images)
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 1 de dezembro de 2023 às 16h30.

Última atualização em 1 de dezembro de 2023 às 16h33.

O encontro de Luiz Inácio Lula da Silva com o presidente da Guiana, Irfaan Ali, que ocorreria nesta sexta-feira às margens COP-28, em Dubai, foi adiado. Segundo fontes da diplomacia brasileira, a reunião ainda pode ocorrer no sábado, quando a comitiva do Brasil ainda estará na conferência do clima. A conversa foi marcada para discutir a ameaça da Venezuela de invadir e anexar dois terços do território de Essequibo, que pertence à ex-colônia britânica.

Nesta sexta-feira, a Corte Internacional de Justiça de Haia determinou que a Venezuela não tome nenhuma ação agressiva contra a região fronteiriça de Essequibo, contestada por Caracas como parte de seu território, às vésperas da realização de um polêmico referendo sobre o tema.

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O tribunal internacional acatou o pedido da Guiana, que administra a região há décadas, por medidas provisórias, reconhecendo que os últimos anúncios e ações da cúpula do governo de Nicolás Maduro representam um risco urgente na região.

Entenda o caso

Com as maiores reservas de petróleo per capita do mundo, a Guiana lançou em dezembro de 2022 a primeira rodada de licitações para explorar 11 campos de petrolíferos em águas rasas e outros três em águas profundas e ultraprofundas. Caracas, por sua vez, rejeitou as licitações, classificando-as como "ilegais" por envolverem "áreas marítimas pendentes de delimitação".
No domingo, a Venezuela vai realizar um referendo sobre a anexação da região de Essequibo, território rico em petróleo, que corresponde a mais da metade da Guiana.
O governo da Guiana considera o referendo uma ameaça à sua integridade territorial e buscou intervenção internacional. Já a Venezuela critica a ação, alegando interferência em seus assuntos internos.

A tensão aumentou com movimentações militares da Venezuela na fronteira guianesa, levando atores internacionais a entrarem em cena: os Estados Unidos ameaçaram impor novas sanções ao governo de Nicolás Maduro, e o Brasil, como país vizinho e parceiro, demonstra grande preocupação com uma escalada no conflito.

O governo brasileiro acompanha com preocupação a escalada da campanha da Venezuela pela anexação. Na semana passada, o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, viajou a Caracas para tratar do assunto com Nicolás Maduro. A equipe de Amorim recebeu vídeos da campanha que preocuparam o Palácio do Planalto.

Segundo o jornal O GLOBO, o presidente da Guiana, Irfaan Ali, pediu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, há algumas semanas, para que o governo brasileiro dissuadisse Maduro de sua intenção de avançar sobre o território do país. O pedido, somado ao tom da campanha eleitoral, que conta com o apoio de amplos setores da oposição venezuelana, aumentou a preocupação entre as autoridades brasileiras e no Itamaraty.

Fontes do Itamaraty ouvidas pelo jornalavaliam que a situação é preocupante e que o resultado do referendo é previsível, mas ainda não há uma definição sobre o que será feito. A orientação, no momento, é esperar o resultado do domingo. O medo do Brasil é que a situação escape do controle: o governo de Maduro já defendeu publicamente a invasão do território em disputa há mais de 100 anos, quando a Guiana ainda era colônia britânica.

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