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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h36.
São Paulo - Provocado pelo primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva descartou nesta terça-feira seu retorno à Presidência daqui a quarto anos e disse que apenas políticos "mau caráter" usam do expediente de eleger sucessores fracos para retornar ao posto.
"Quando você tem um político mau caráter, ele elege uma pessoa muito fraca ou ele deixa que a oposição ganhe para ele poder voltar depois de quatro anos", disse Lula em entrevista coletiva ao lado do italiano.
Para ele, sua candidata, Dilma Rousseff (PT), poderá reivindicar um novo mandato, caso seja eleita em outubro deste ano.
"Eu estou elegendo uma pessoa que tem tudo de melhor. Ela tem direito de fazer um belo governo e pleitear um segundo mandato, e eu me contentarei em ser cabo eleitoral pela segunda vez", acrescentou Lula.
O presidente brasileiro e o premiê italiano tiveram encontro privado nesta terça e em seguida encerraram um seminário com empresários dos dois países realizado na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Em seu discurso, Berlusconi defendeu o retorno de Lula ao cargo em 2014. "O presidente Lula hoje tem 62 anos. Agora ele vai descansar quatro anos, obrigatoriamente. Daqui a quatro anos, ele terá 66 anos e ele vai poder trabalhar mais oito anos para o bem do Brasil, para aí chegar na idade de 74 anos, jovem e cheio de energia como eu", disse.
Berlusconi ainda pediu aplausos da plateia para a alta popularidade de Lula, que beira os 80 por cento, e disse que tem 63 por cento de aceitação na Europa.
Lula também negou que vá pleitear, após deixar a Presidência em 2011, um posto em um organismo internacional. Ele confirmou o que havia dito em artigo publicado no jornal britânico Financial Times desta terça de que pretende se dedicar a iniciativas que contribuam para a melhoria da qualidade de vida em países da América Latina e do continente africano.
Explicou que o Brasil deve compartilhar as políticas sociais que desenvolveu. Quanto ao cargo de secretário-geral da ONU, Lula deixou claro que o posto deve ser ocupado por um "burocrata" subordinado ao órgão, e não por um político.