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Líder supremo do Irã elogia ataques a Israel e pede que Exército siga aprendendo táticas do inimigo

Internamente, o país aproveita foco em tensão regional para intensificar repressão contra mulheres e aumentar o número de prisões e execuções

Iranianas com retrato do líder supremo do país, Ali Khamenei, durante celebração dos ataques em Teerã (Atta Kenare/AFP)
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 21 de abril de 2024 às 12h43.

O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, elogiou neste domingo as forças armadas do país por seu "sucesso" ao ataque direto e sem precedentes contra Israel, na semana passada, em resposta ao bombardeio do consulado iraniano em Damasco no início do mês. Os comentários públicos são os primeiros realizados por Khamenei desde que Teerã lançou mais de 300 drones, mísseis balísticos e mísseis de cruzeiros, um movimento que elevou a tensão na região, e ocorrem em meio ao aumento da repressão contra as mulheres, prisões e execuções no país.

Em uma publicação no X após o encontro com comandantes das forças iranianas, Khamenei afirmou que as forças armadas "mostraram uma boa imagem de suas habilidades e poder e uma imagem admirável da nação iraniana", acrescentando que a ofensiva de Teerã "provou o surgimento do poder da determinação da nação iraniana em nível internacional."

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"As recentes conquistas das forças armadas criaram uma sensação de esplendor e magnificência sobre o Irã islâmico aos olhos do mundo", disse.

Os comentários do líder supremo iraniano são os primeiros desde a resposta iraniana ao ataque supostamente realizado por Israel contra o consulado na capital síria, que matou sete membros da Guarda Revolucionária Islâmica, incluindo dois generais. De acordo com autoridades militares israelenses, os sistemas de defesa do país conseguiram abater 99% dos 330 projéteis disparados, com ajuda de aliados como EUA, Reino Unido e Jordânia.

Seis dias depois, enquanto o mundo aguardava aflito pela prometida represália israelense, Tel Aviv lançou uma contraofensiva nos arredores de Isfahã, terceira maior cidade do Irã, onde estão abrigadas uma das maiores bases militares da República Islâmica e unidades onde se desenvolve seu plano nuclear. A ofensiva foi minimizada pelo chanceler Hossein Amir Abdollahian e até o momento não há planos para retaliação. Apesar disso, não há qualquer menção à operação nas publicações do aiatolá.

Ao falar sobre o ataque de seu país a Israel, Khamenei disse que "o problema do número de mísseis disparados ou dos mísseis que atingiram o alvo" era "secundário". "O problema principal é o surgimento da força de vontade da nação iraniana e das forças armadas na arena internacional", afirmou, segundo seu site oficial.

Irã e Israel parecem ter se afastado da beira de um conflito mais amplo após o ataque de sexta-feira. Os comentários de Abdollahian à NBC News na sexta-feira, em conjunto ao afastamento de uma possível tréplica, ajudaram a desescalar a tensão que tomou conta da região, já estremecida devido à guerra entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza e o aumento da violência de colonos judeus e militares israelenses contra palestinos na Cisjordânia.

Violência interna

Internamente, porém, a oposição iraniana vive a intensificação da repressão por parte da República Islâmica. O grande movimento de protesto "Women. Life. Liberdade", nascido após a morte da jovem curda iraniana Mahsa Amini em setembro de 2022, foi esmagado pelas autoridades iranianas nos meses seguintes ao levante. Agora, ONGs e ativistas dizem estar preocupados com o aumento da repressão nas últimas semanas.

Vans brancas da temida polícia da moralidade reapareceram em cidades de todo o país, procurando mulheres que não respeitam o rigoroso código de vestimenta, que impõe o uso do véu. O chefe de polícia de Teerã, general Abasali Mohammadian, anunciou no último dia 13 que os controles sobre o uso do hijab seriam reforçados e ameaçou que seria dada uma "atenção especial" às mulheres que descumprissem o uso, que seriam processadas.

Desde a Revolução Islâmica de 1979, as mulheres são obrigadas a esconder seus cabelos em locais públicos. Mas desde a morte da jovem Amini após sua prisão pela polícia da moralidade, cada vez mais mulheres estão saindo às ruas sem o véu. Nos últimos dias, começaram a circular diversos vídeos com a hashtag "#waragainstwomen" (guerra contra as mulheres, em tradução livre), no qual policiais em trajes islâmicos aparecem empurrando mulheres sem véu nas temidas vans brancas.

Em um deles, uma mulher é vista no chão, desmaiando, aparentemente após ser presa no norte de Teerã. Em outro, mulheres parecem ser submetidas a choques elétricos perto de um veículo policial. Entre os últimos presos está Aida Shahkarami, irmã de Nika Shahkarami, uma jovem de 16 anos que morreu durante as grandes manifestações em setembro de 2022, escreveu sua mãe, Nasrin, nas redes sociais.

A família de Nika culpou as forças de segurança iranianas por sua morte, afirmando que Aida foi presa por "não respeitar o uso obrigatório do véu". Dina Ghalibaf, jornalista e estudante da Universidade de Teerã, também foi presa depois de acusar as forças de segurança de agredi-la sexualmente durante uma prisão no metrô.

"A República Islâmica transformou as ruas em um campo de batalha contra mulheres e meninas", disse a ativista Narges Mohammadi, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz de 2023, nas mídias sociais da prisão.

Em comunicado, o diretor do Centro de Direitos Humanos no Irã, uma ONG com sede em Nova York, Hadi Ghaemi, afirmou que "em um contexto de dissidência interna e com a atenção internacional voltada para as tensões regionais, a República Islâmica está aproveitando a oportunidade e intensificando sua repressão", opinião compartilhada pelo diretor da Iran Human Rights (IHR), uma ONG com sede na Noruega.

— Sem dúvida, o regime usará essa oportunidade para fortalecer seu controle internamente — afirmou Mahmoud Amiry Moghaddam, acrescentando: — Eles ainda não conseguiram controlar [o movimento de protesto]. Talvez agora consigam.

Além disso, pelo menos 110 pessoas foram executadas até o momento este ano no país, de acordo com o IHR. No ano passado, 853 pessoas foram executadas, de acordo com um relatório recente da Anistia Internacional, 48% a mais do que em 2022. De acordo com as ONGs, essas execuções têm como objetivo "assustar" a população e dissuadi-la de se manifestar.

Acompanhe tudo sobre:IsraelConflito árabe-israelense

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