Lavrov: escândalo sobre embaixador russo parece caça às bruxas
O ministro das Relações Exteriores da Rússia acrescentou que a prática de manter relações com outros Estados "nunca foi questionada por ninguém"
EFE
Publicado em 3 de março de 2017 às 09h56.
Última atualização em 3 de março de 2017 às 09h58.
Moscou - O ministro das Relações Exteriores da Rússia , Sergei Lavrov, afirmou nesta sexta-feira que o escândalo nos Estados Unidos pelos contatos do embaixador russo em Washington, Sergei Kislyak, com membros da campanha eleitoral de Donald Trump "se parece muito com uma caça às bruxas".
"Não posso não citar a reunião que divulgaram os veículos de imprensa: tudo isto se parece muito com uma caça às bruxas. Ou com os tempos do macartismo, que achávamos que nos Estados Unidos, como país civilizado, era assunto do passado", disse Lavrov em entrevista coletiva conjunta com seu colega salvadorenho, Hugo Martínez.
O chanceler russo disse que os embaixadores são designados para manter as relações entre os Estados, e que estas "se mantêm mediante reuniões, conversas com representantes do Executivo, parlamentares, personalidades e ONGs".
Lavrov acrescentou que esta prática diplomática "nunca foi questionada por ninguém".
"Do que acusam o embaixador Kislyak e seu interlocutores? De que nosso embaixador mantinha contatos com políticos americanos que estavam na oposição à Administração de (Barack) Obama", disse Lavrov.
Ontem, o procurador-geral dos Estados Unidos, Jeff Sessions, se eximiu de participar "em qualquer investigação existente ou futura" do Departamento de Justiça sobre a possível ingerência russa no pleito presidencial de novembro.
Sessions se afastou do caso depois que o jornal "The Washington Post" revelou que manteve contatos com o embaixador Kislyak antes das eleições, quando atuava como assessor da campanha de Trump, algo que ocultou ao Senado em suas audiências de confirmação.
Estas revelações ameaçam criar uma nova crise no governo de Trump, que já viu há semanas como os contatos com Kislyak antes, durante e depois das eleições custaram o posto ao então assessor de segurança nacional da Casa Branca, o general Michael Flynn.