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Kiev amanhece sob bombardeios e denuncia tentativa russa de 'intimidar'

Kiev acordou novamente neste domingo sob bombardeios, que deixaram pelo menos um morto e quatro feridos, em um bairro que já havia sido atacado

Kiev: um dos mísseis caiu em um parque de brinquedos próximo, aparentemente sem causar vítimas (Sergei SUPINSKY/AFP)
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AFP

Publicado em 26 de junho de 2022 às 12h27.

Kiev acordou novamente neste domingo (26) sob bombardeios, que deixaram pelo menos um morto e quatro feridos, em um bairro que já havia sido atacado nas últimas semanas.

"Havia quatro mísseis começando às 06h30 (00h30 de Brasília)", disse Edouard Chkouta, morador do bairro nobre no noroeste da capital ucraniana. Eles atingiram um prédio "diretamente nos andares superiores e vi pessoas feridas", acrescentou.

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"Fui para a varanda e vi mísseis caindo e ouvi uma grande explosão, tudo tremeu", disse Yuri, um morador de 38 anos, que não quis dar seu sobrenome.

Um dos mísseis caiu em um parque de brinquedos próximo, aparentemente sem causar vítimas.

De acordo com um novo balanço informado pelo prefeito Vitaly Klitschko, "um corpo foi encontrado e seis moradores ficaram feridos, quatro dos quais foram hospitalizados, incluindo uma menina de sete anos". A menina estava "fora de perigo" depois de ser retirada dos escombros e passou por uma cirurgia no hospital, disse ele.

Sua mãe, cujo resgate levou várias horas, estava "em estado de gravidade moderada", explicou.

A AFP ajudou no resgate da mãe da menina, que levou várias horas. Ela ficou presa sob um bloco de concreto, de acordo com os socorristas. As autoridades a apresentaram como cidadã da Federação Russa, na casa dos 30 anos.

A princípio, Klitschko mencionou que o ataque havia deixado quatro feridos. Não deu detalhes sobre o falecido.

É a terceira vez desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro, que este bairro, não muito distante do centro histórico de Kiev, é alvo de ataques. Foi bombardeado pela primeira vez em meados de março e depois em 28 de abril, quando o secretário-geral da ONU, António Guterres, visitou a capital ucraniana. Um jornalista ucraniano da Radio Liberty foi morto nesse ataque.

O bairro abriga uma fábrica de armas, chamada Artem, fundada no final do século 19, que produz principalmente foguetes ar-ar e antitanque e mísseis de grande calibre, segundo um portal ucraniano especializado.

Horas após o bombardeio, o Ministério da Defesa russo confirmou que a fábrica era o "alvo" do bombardeio e que um míssil russo "atingiu precisamente [suas] oficinas". De acordo com o ministério, o dano a um prédio residencial próximo foi causado por um míssil de defesa aérea ucraniano.

Um porta-voz da força aérea ucraniana disse que os bombardeios foram realizados com mísseis "provavelmente" do tipo "X101", disparados de bombardeiros TU-95 e TU-160 do Mar Cáspio.

"Intimidar" antes da cúpula

Trata-se de "intimidar os ucranianos (...) diante da proximidade da cúpula da OTAN", que acontecerá em Madri de 28 a 30 de junho, declarou Klitschko. Mais tarde, ele pediu aos moradores da capital que permaneçam vigilantes. Muitos habitantes de Kiev ignoram alertas quase diários para procurar abrigo.

O inimigo "tenta nos intimidar, semear pânico e desespero. Vamos permanecer vigilantes! Vamos respeitar as regras básicas de segurança que podem salvar nossas vidas. Assim que você ouvir o sinal de alarme, desça para os abrigos, não negligencie sua segurança ", sublinhou.

Logo após os bombardeios, muitos moradores, incluindo uma mulher de roupão, ficaram em frente aos prédios. Muitos deles choravam, enquanto as equipes de resgate começaram a retirar os vizinhos.

Irena, 32, saiu com seu filho Makar, de 17 meses. "Descemos com nossa mochila de emergência que estava na porta desde o início da guerra porque tivemos que evacuar", disse.

O último ataque russo em junho foi contra uma fábrica nos arredores de Kiev e deixou um ferido. No entanto, as sirenes de alerta aéreo ressoam quase diariamente, incitando os moradores a se abrigarem. As desta manhã de domingo soaram por mais de cinco horas.

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