Justiça alemã oficializa morte de criminoso nazista
O órgão declarou que não resta dúvida sobre a identidade do corpo encontrado no Egito em 1992, onde Aribert Heim viveu foragido
Da Redação
Publicado em 21 de setembro de 2012 às 14h38.
Berlim - A justiça alemã oficializou nesta sexta-feira a morte de Aribert Heim, um dos criminosos nazistas mais procurados do mundo, ao declarar que não resta dúvida sobre a identidade do corpo encontrado no Egito em 1992, onde o fugitivo viveu sob a identidade de um egípcio muçulmano.
O tribunal de Baden-Baden (sudoeste) anunciou o fim das buscas, pois não há dúvida alguma de que o cadáver encontrado no Egito em 1992 é o do "carniceiro de Mathausen", que torturou e assassinou centenas de detentos, principalmente judeus, no campo de concentração nazista do mesmo nome na Áustria.
Entre outras coisas, Heim teria aplicado injeções letais no coração de suas vítimas e realizado eviscerações sem anestesia.
"O processo judicial contra o dr. Aribert Heim, acusado de vários assassinatos, foi abandonado pela morte do suspeito", afirma um comunicado do tribunal.
Em fevereiro de 2009, uma reportagem do canal alemão ZDF e do jornal New York Times revelou que o "carniceiro de Mathausen, membro das Waffen SS, havia falecido em 1992 no Egito após uma fuga de quase meio século, aos 78 anos.
Mas a morte não havia sido confirmada e a imprensa alemã afirmava que a polícia não estava totalmente convencida a respeito.
Mas o tribunal de Baden-Baden destacou nesta sexta-feira que não há dúvida de que Aribert Heim era Tarek Hussein Farid, morto em 10 de agosto de 1992 no Cairo vítima de câncer. O advogado do criminoso divulgou um certificado de conversão ao islã de Heim com o novo nome.
O Centro Simon Wiesenthal, especializado na busca de criminosos nazista, anunciou em 2009 que não acreditava na morte de Heim.
Considerado um dos nazistas mais sádicos, "o médico da morte", nascido na Áustria em 1914, também trabalhou nos campos de Sachsenhausen e Buchenwald (Alemanha).
Durante muito tempo foi o nazista mais procurado do mundo depois apenas de Alois Brunner, um dos idealizadores da "solução final", que teria falecido na Síria.
Depois da guerra, trabalhou tranquilamente como ginecologista em Baden-Baden, segundo a imprensa. Fugiu em 1962, após uma ordem de prisão internacional.
Com o passar dos anos, passou por Argentina, Uruguai e Espanha, segundo o Centro Wiesenthal.
Segundo o filho de Heim, o pai se mudou para a capital egípcia em meados dos anos 70 com o nome de Ferdinand Heim e se converteu ao islã.
Ele virou Tarek Hussein Farid após a conversão em 1980.
A justiça alemã, que demorou a julgar os criminosos nazisas depois dos julgamentos dos aliados em Nuremberg em 1945-46, o acusou formalmente em 1979, 34 anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, por ter "assassinado de forma cruel detentos com injeções e operações que não eram necessárias, entre outubro e novembro de 1941 no campo austríaco de Manthausen".
Nascido em 28 de junho de 1914 em Bad Radkersburg, na Áustria, Heim aderiu ao partido nazista NSDAP antes mesmo da anexação da Áustria pela Alemanha em 1938. Entrou para a SS em 1940.
O criminoso de guerra nazista ainda vivo mais procurado do mundo, o húngaro Laszlo Csatary, de 97 anos, foi detido em julho em Budapeste.