Juíza australiana exige julgamento por morte de Curti
Magistrada decidiu que os quatro policiais envolvidos na morte de Roberto Laudisio Curti serão julgados em novembro deste ano
Da Redação
Publicado em 17 de junho de 2014 às 18h55.
Sidney - Sessão especial desta terça-feira, 17, no Tribunal Central de Sydney a magistrada Jane Culver decidiu que os quatro policiais envolvidos na morte de Roberto Laudisio Curti em março de 2012 serão julgados de 3 a 28 de novembro desse ano.
Apesar da insistência dos advogados em adiar o julgamento para o próximo ano, a Magistrada lembrou "o grande interesse público e a seriedade do caso" e exigiu que preparassem a defesa dos acusados de acordo com sua decisão.
Foram quatro horas de discussão entre a magistrada, o promotor Gareth Christofi e os quatro advogados representando os policiais Eric Lim, Damien Ralph, Scott Edmondson e Daniel Barling, acusados de agressão.
Foi a quarta derrota da Policia no caso, depois que o tribunal que investigou a morte, o comitê que examinou a conduta policial e a promotoria pública recomendaram que os policiais fossem julgados.
Os advogados alegaram que as instituições tiveram o tempo que precisaram para preparar as acusações e que eles agora necessitavam de um prazo maior para organizarem a defesa. A promotoria também afirmou não estar preparada para um julgamento antes de outubro.
Em resposta ao argumento de que a defesa não participou dos processos e que os advogados tem compromissos agendados, a Magistrada disse que "as cópias dos relatórios estão disponíveis" e que devido à importância do caso "outros compromissos deveriam ser cancelados".
"Um processo que está sendo prorrogado desde 2012 necessita uma solução rápida", afirmou. "A disponibilidade de cada um não é determinante. O julgamento está marcado e os acusados podem ter outros advogados, se necessário".
Uma das razões para a demora do julgamento foi a promotoria insistir em acessar os depoimentos que os policiais deram em investigações anteriores sob a condição de que as informações não seriam usadas contra eles.
A magistrada lembrou também que mais tempo poderia afetar a memória das testemunhas. Nas quatro semanas de julgamento, várias testemunhas que depuseram na investigação da morte serão questionadas novamente, incluindo os acusados, que se declaram inocentes e continuam suspensos de suas atividades.
A magistrada chegou a questionar o conhecimento dos regulamentos pelos advogados, perguntando se eles consideravam esse caso "excepcional" e encerrou a sessão afirmando que "esse assunto está agora sob o controle do tribunal e será julgado na data marcada, para o bem da justiça, dos acusados e da comunidade".
Domingos Laudisio, o tio de Roberto Laudisio Curti que acompanhou a investigação da morte há dois anos em Sydney, diz que "a justiça talvez será feita pelos atos barbáricos perpetrados por esses indivíduos, apesar de não estarem sendo julgados por tortura e homicídio culposo, os crimes mais sérios que cometeram".