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Jovens venezuelanos cresceram com Chávez no poder

Chávez passou 14 anos no poder, e segundo a ONU, 30% da população venezuelana, de cerca de 29 milhões de pessoas, têm menos do que 15 anos

Simpatizantes de Hugo Chávez: os jovens venezuelanos interrogados nas ruas de Caracas dois dias após a morte de seu líder onipresente raramente são indiferentes à etapa que se encerra em seu país. (Jorge Silva/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 8 de março de 2013 às 15h52.

Caracas - "Também quero ser presidente da Venezuela." Aos 14 anos, mesmo período que Hugo Chávez passou no poder, Adrián Avila é um dos muitos jovens venezuelanos que passaram quase toda a vida sob o mandato do ex-presidente, morto na última terça-feira.

Em meio à imensa e barulhenta multidão vestida de vermelho - a cor dos partidários de Chávez - nos arredores da Academia Militar de Caracas, onde o corpo do ex-presidente está exposto, destaca-se o uniforme verde do cadete Adrián.

Assim como seu mentor, um ex-tenente-coronel, ele segue uma formação militar. "Ele fez muitas coisas, é um pai no mundo militar", declara à AFP o jovem cadete. "Ele mudou minha maneira de pensar (...) Eu me lembrarei de sua força, seu carisma", prosseguiu.

Segundo a ONU, 30% da população venezuelana, de cerca de 29 milhões de pessoas, têm menos do que 15 anos.

Não forçadamente tão politizados quanto os mais velhos, os jovens venezuelanos interrogados nas ruas de Caracas dois dias após a morte de seu líder onipresente raramente são indiferentes à etapa que se encerra em seu país.

Candi Sifontes, de 22 anos, estudante de enfermaria que vende pequenas pulseiras com as cores da pátria aos que aguardam para passar diante do caixão na Academia Militar, lembra que Chávez "abriu muitas universidades. Antes, nós não podíamos estudar, hoje sim".

"Esperamos que tudo seja melhor, mas não acredito", disse a jovem, atenuando seu otimismo.


Ao seu lado, Lisea Alvarez, uma estudante de 14 anos e longos cabelos castanhos que se protegia do sol sob um guarda-chuva, admite: "para mim, era como um pai".

"Em seus 14 anos de mandato - toda a minha vida - tudo mudou, seja em habitação, pelos idosos, fez muito pelos meus avós", explica Lisea. "Foi muito bom, por isso o vejo como um pai, uma pessoa assim é um pai para todo o mundo", afirma.

Este tipo de declaração se repete, e geralmente vem acompanhada de temores sobre o futuro dos projetos sociais impulsionados por Chávez.

No bairro de classe alta de Chacao, no leste da capital, a imagem do ex-presidente não é tão positiva, embora a juventude mais abastada não rejeite em bloco todas as iniciativas do líder que dominou a política do país por quase 15 anos.

Ender Manuel Da Silva, um garçom de 22 anos, vestindo uma bermuda e com uma bola em seus pés, se prepara para jogar futebol com alguns amigos: "em minha família são quase todos opositores, mas eu vejo as duas faces da moeda, embora não seja a favor da revolução bolivariana, reconheço que boas coisas foram feitas".

Entre os aspectos positivos destaca as missões sociais, mas critica a criminalidade endêmica e os problemas do emprego.

"Eu tinha oito ou nove anos (quando Chávez foi eleito pela primeira vez, no fim de 1998), não foi uma época feliz", lembra Ender.


"A juventude tenta não falar de política. Deixamos que os adultos discutam, nós fazemos esporte, estudamos", acrescenta. Segundo Elder, é "a partir dos 25 ou 30 anos que (as pessoas) querem Chávez".

Vilca Fernandez, estudante de ciência política de 30 anos, lembra que passou cinco anos sem falar com um de seus irmãos partidário de Chávez. "Mas hoje as coisas estão melhores", admite.

Diferentemente de seus homólogos chavistas, os jovens opositores desejam uma mudança política. A resposta será dada nas urnas, para onde os venezuelanos serão convocados nos próximos 30 dias, prazo previsto pela Constituição para a realização de uma nova eleição presidencial.

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Em meio à imensa e barulhenta multidão vestida de vermelho - a cor dos partidários de Chávez - nos arredores da Academia Militar de Caracas, onde o corpo do ex-presidente está exposto, destaca-se o uniforme verde do cadete Adrián.

Assim como seu mentor, um ex-tenente-coronel, ele segue uma formação militar. "Ele fez muitas coisas, é um pai no mundo militar", declara à AFP o jovem cadete. "Ele mudou minha maneira de pensar (...) Eu me lembrarei de sua força, seu carisma", prosseguiu.

Segundo a ONU, 30% da população venezuelana, de cerca de 29 milhões de pessoas, têm menos do que 15 anos.

Não forçadamente tão politizados quanto os mais velhos, os jovens venezuelanos interrogados nas ruas de Caracas dois dias após a morte de seu líder onipresente raramente são indiferentes à etapa que se encerra em seu país.

Candi Sifontes, de 22 anos, estudante de enfermaria que vende pequenas pulseiras com as cores da pátria aos que aguardam para passar diante do caixão na Academia Militar, lembra que Chávez "abriu muitas universidades. Antes, nós não podíamos estudar, hoje sim".

"Esperamos que tudo seja melhor, mas não acredito", disse a jovem, atenuando seu otimismo.


Ao seu lado, Lisea Alvarez, uma estudante de 14 anos e longos cabelos castanhos que se protegia do sol sob um guarda-chuva, admite: "para mim, era como um pai".

"Em seus 14 anos de mandato - toda a minha vida - tudo mudou, seja em habitação, pelos idosos, fez muito pelos meus avós", explica Lisea. "Foi muito bom, por isso o vejo como um pai, uma pessoa assim é um pai para todo o mundo", afirma.

Este tipo de declaração se repete, e geralmente vem acompanhada de temores sobre o futuro dos projetos sociais impulsionados por Chávez.

No bairro de classe alta de Chacao, no leste da capital, a imagem do ex-presidente não é tão positiva, embora a juventude mais abastada não rejeite em bloco todas as iniciativas do líder que dominou a política do país por quase 15 anos.

Ender Manuel Da Silva, um garçom de 22 anos, vestindo uma bermuda e com uma bola em seus pés, se prepara para jogar futebol com alguns amigos: "em minha família são quase todos opositores, mas eu vejo as duas faces da moeda, embora não seja a favor da revolução bolivariana, reconheço que boas coisas foram feitas".

Entre os aspectos positivos destaca as missões sociais, mas critica a criminalidade endêmica e os problemas do emprego.

"Eu tinha oito ou nove anos (quando Chávez foi eleito pela primeira vez, no fim de 1998), não foi uma época feliz", lembra Ender.


"A juventude tenta não falar de política. Deixamos que os adultos discutam, nós fazemos esporte, estudamos", acrescenta. Segundo Elder, é "a partir dos 25 ou 30 anos que (as pessoas) querem Chávez".

Vilca Fernandez, estudante de ciência política de 30 anos, lembra que passou cinco anos sem falar com um de seus irmãos partidário de Chávez. "Mas hoje as coisas estão melhores", admite.

Diferentemente de seus homólogos chavistas, os jovens opositores desejam uma mudança política. A resposta será dada nas urnas, para onde os venezuelanos serão convocados nos próximos 30 dias, prazo previsto pela Constituição para a realização de uma nova eleição presidencial.

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