José Mujica, ex-presidente do Uruguai, diz que Venezuela vive uma ditadura
Ex-presidente do Uruguai, Mujica chamou Venezuela de ditadura, mas disse que cabe aos venezuelanos solucionar a crise
Gabriela Ruic
Publicado em 29 de julho de 2019 às 11h13.
Última atualização em 29 de julho de 2019 às 11h26.
São Paulo – O ex-presidente do Uruguai , José Mujica, disse neste final de semana que a Venezuela vive uma ditadura e que cabe ao país resolver a crise que atinge o país. As declarações foram dadas pelo político em um encontro com grupos do Frente Ampla, coligação de esquerda que lidera o país desde 2010. As declarações foram divulgadas pela imprensa local.
“É uma ditadura, mas ditadura existe na Arábia Saudita, com um rei absolutista. Há ditadura na Malásia, onde matam 25 por dia. E na China também”, disse Mujica . “Se há uma ditadura, isso pertence a eles (os venezuelanos) e são eles que precisam resolver”, continuou o ex-presidente, sobre uma possível intervenção externa na Venezuela.
As declarações de Mujica acontecem dias depois de divulgado um relatório da ONU, conduzido pela ex-presidente do Chile e atual alta Comissária para os Direitos Humanos da entidade, Michelle Bachelet. No documento, o governo de Nicolás Maduro é acusado de “graves violações de direitos”, como mais de 6,8 mil execuções extrajudiciais.
A fala de Mujica, que sempre se tentou se posicionar de maneira neutra em relação ao momento de turbulência que a Venezuela vive, se somou ao que Daniel Martínez, que é candidato da Frente Ampla nas eleições presidenciais que acontecem em outubro deste ano no Uruguai, disse recentemente nas redes sociais.
“Para a esquerda, direitos humanos devem ser um imperativo ético. O relatório da ONU é definitivo sobre a Venezuela e se trata de uma ditadura”, disse o candidato. “Precisamos seguir trabalhando para uma saída negociada, que coloque os venezuelanos no centro”, escreveu ele no Twitter.
Crise na Venezuela
A Venezuela está imersa em uma grave crise de contornos econômicos, políticos e humanitárias. A situação se agravou no início deste ano, depois de Nicolás Maduro iniciar um novo mandato como presidente. Na ocasião, o líder da oposição, Juan Guaidó, se autoproclamou presidente interino, desafiando a permanência do chavista no governo.
A comunidade internacional rapidamente reagiu, reconhecendo Guaidó como líder da Venezuela, pressionando Maduro para deixar o poder e para que novas eleições gerais fossem convocadas. O Uruguai é um dos países que não apoia a permanência do opositor na posição de presidente interino. Em junho, o representante uruguaio se retirou de uma reunião da OEA (Organização dos Estados Americanos) por discordar do apoio dado pela entidade a Guaidó.