Jornal localiza fotógrafo do corpo de Vladimir Herzog
Radicado em Los Angeles, Silvaldo Leung Vieira foi autor da imagem do jornalista enforcado em suicídio forjado
Da Redação
Publicado em 5 de fevereiro de 2012 às 17h30.
São Paulo – Foi localizado em Los Angeles, pelo jornal Folha de São Paulo, Silvaldo Leung Vieira, autor da foto do jornalista Vladimir Herzog morto numa cela do DOI-Codi em São Paulo em 1975. A imagem ajudou a desbaratar a versão oficial de que Herzog teria cometido suicídio, o que foi um dos estopins da derrocada da ditadura brasileira. Então fotógrafo da Polícia Civil de São Paulo, Silvaldo disse, por telefone, ao jornal: “Ainda carrego um triste sentimento de ter sido usado para montar essas mentiras”.
Radicado em Los Angeles desde 1979, Silvaldo deixou o país por se sentir ameaçado pelo regime e após ter sofrido sanções de seus superiores. Oitenta dias após a morte de Vladimir Herzog, Silvaldo teve de fotografar também o local onde morreu o operário Manoel Fiel Filho, que também teria supostamente se suicidado nas dependências do Exército. Ao contrário do que aconteceu no caso de Herzog, porém, Silvaldo não teve autorização para ver o cadáver.
Na época, Silvaldo atendia às aulas preparatórias para ser fotógrafo da Polícia Civil, e as duas mortes que praticamente selaram o fim do regime militar estiveram entre suas primeiras “aulas práticas”. Quando foi fotografar o cadáver de Herzog, supostamente enforcado na cela, Silvaldo contou à Folha: “não me deixaram circular livremente pela sala, como todo fotógrafo faz quando vai documentar uma morte. Não tive liberdade. Fiz aquela foto praticamente da porta. Não fiquei com nada, câmera, negativo, qualquer registro. Só dias depois fui entender o que tinha acontecido.”
Ainda à Folha, Silvaldo disse que seu trabalho como fotógrafo seria apenas registrar a imagem dos presos antes que eles fossem transferidos. Suas atribuições, porém, iam além, incluindo fotografar presos políticos que tinham acabado de sair de sessões de tortura.
A foto de Herzog morto foi divulgada pelo Exército e circulou pela imprensa da época. A imagem mostrava o jornalista, então diretor de jornalismo da TV Cultura, enforcado na grade da janela. A versão que foi divulgada, porém, tinha cortes. A imagem original mostrava o corpo de Herzog com as pernas arqueadas e os pés no chão, pendendo de uma altura de apenas 1,63 metro, o que tornava improvável que tivesse sido suicídio. Testemunhas disseram que, na realidade, o jornalista havia sido torturado e espancado até a morte.
Vladimir Herzog tinha ligações com o Partido Comunista Brasileiro (PCB), mas não chegou a atuar na clandestinidade. Procurado por agentes da repressão, o jornalista se apresentou voluntariamente à sede do DOI-Codi. Sua morte gerou manifestações, como o famoso culto ecumênico na Catedral da Sé em sua memória.
São Paulo – Foi localizado em Los Angeles, pelo jornal Folha de São Paulo, Silvaldo Leung Vieira, autor da foto do jornalista Vladimir Herzog morto numa cela do DOI-Codi em São Paulo em 1975. A imagem ajudou a desbaratar a versão oficial de que Herzog teria cometido suicídio, o que foi um dos estopins da derrocada da ditadura brasileira. Então fotógrafo da Polícia Civil de São Paulo, Silvaldo disse, por telefone, ao jornal: “Ainda carrego um triste sentimento de ter sido usado para montar essas mentiras”.
Radicado em Los Angeles desde 1979, Silvaldo deixou o país por se sentir ameaçado pelo regime e após ter sofrido sanções de seus superiores. Oitenta dias após a morte de Vladimir Herzog, Silvaldo teve de fotografar também o local onde morreu o operário Manoel Fiel Filho, que também teria supostamente se suicidado nas dependências do Exército. Ao contrário do que aconteceu no caso de Herzog, porém, Silvaldo não teve autorização para ver o cadáver.
Na época, Silvaldo atendia às aulas preparatórias para ser fotógrafo da Polícia Civil, e as duas mortes que praticamente selaram o fim do regime militar estiveram entre suas primeiras “aulas práticas”. Quando foi fotografar o cadáver de Herzog, supostamente enforcado na cela, Silvaldo contou à Folha: “não me deixaram circular livremente pela sala, como todo fotógrafo faz quando vai documentar uma morte. Não tive liberdade. Fiz aquela foto praticamente da porta. Não fiquei com nada, câmera, negativo, qualquer registro. Só dias depois fui entender o que tinha acontecido.”
Ainda à Folha, Silvaldo disse que seu trabalho como fotógrafo seria apenas registrar a imagem dos presos antes que eles fossem transferidos. Suas atribuições, porém, iam além, incluindo fotografar presos políticos que tinham acabado de sair de sessões de tortura.
A foto de Herzog morto foi divulgada pelo Exército e circulou pela imprensa da época. A imagem mostrava o jornalista, então diretor de jornalismo da TV Cultura, enforcado na grade da janela. A versão que foi divulgada, porém, tinha cortes. A imagem original mostrava o corpo de Herzog com as pernas arqueadas e os pés no chão, pendendo de uma altura de apenas 1,63 metro, o que tornava improvável que tivesse sido suicídio. Testemunhas disseram que, na realidade, o jornalista havia sido torturado e espancado até a morte.
Vladimir Herzog tinha ligações com o Partido Comunista Brasileiro (PCB), mas não chegou a atuar na clandestinidade. Procurado por agentes da repressão, o jornalista se apresentou voluntariamente à sede do DOI-Codi. Sua morte gerou manifestações, como o famoso culto ecumênico na Catedral da Sé em sua memória.