Joe Biden diz que Rússia é a maior ameaça à ordem mundial
Vice-presidente dos EUA fez os comentários no Fórum Econômico Mundial, em Davos, dois dias antes de Donald Trump tomar posse
Reuters
Publicado em 18 de janeiro de 2017 às 10h53.
Davos - O vice-presidente dos Estados Unidos , Joe Biden, em seu último grande discurso antes de deixar o cargo, descreveu a Rússia nesta quarta-feira como a maior ameaça à ordem liberal internacional, e disse que Washington deve trabalhar com a Europa para fazer frente ao presidente russo, Vladimir Putin.
Biden fez os comentários no Fórum Econômico Mundial, em Davos, dois dias antes de Donald Trump tomar posse como novo presidente dos EUA.
Trump tem enviados sinais conciliatórios a Putin, e também pareceu encorajar a desintegração da União Europeia ao elogiar a decisão do Reino Unido de deixar o bloco, prevendo que mais países seguiriam o mesmo caminho.
Biden rebateu a mensagem de Trump, alertando centenas de líderes, presidentes de empresas e banqueiros reunidos em um amplo salão na cidade dos Alpes suíços que Putin provavelmente tentaria influenciar uma série de eleições na Europa neste ano, como foi acusado de fazer na mais recente votação norte-americana.
"Sob o presidente Putin, a Rússia está trabalhando, com todas as ferramentas disponíveis a eles, para talhar as extremidades do projeto europeu, testar as falhas de nações ocidentais e retornar a uma política definida por esferas de influência", disse Biden.
"Com muitos países na Europa prestes a realizar eleições neste ano, devemos esperar novas tentativas da Rússia de se intrometer no processo democrático. Isso vai acontecer novamente, garanto. E novamente o propósito é claro: derrubar a ordem liberal internacional", disse Biden.
Biden não se dirigiu diretamente a Trump, mas alertou de uma "perigosa disposição para voltar a uma mentalidade política estreita", e disse que "perigosos autocratas e demagogos" haviam historicamente tentado capitalizar sobre os temores das pessoas.
Biden afirmou que o Artigo 5º do tratado da Otan, que diz que um ataque a um Estado-membro da aliança militar transatlântica é considerado um ataque contra todos, é uma "obrigação sagrada".
Trump chamou a Otan de "obsoleta" e levantou dúvidas sobre se respeitaria o Artigo 5º, causando profunda inquietação na Europa.