O republicano Jeb Bush, em West Columbia, Carolina do Sul, EUA (Sean Rayford/AFP)
Da Redação
Publicado em 24 de agosto de 2015 às 21h41.
O pré-candidato republicano à Casa Branca Jeb Bush acusou nesta segunda-feira os asiáticos de abusar de regras que permitem que crianças nascidas nos Estados Unidos obtenham a cidadania americana, em meio a uma disputa política sobre a imigração.
Bush entrou em confronto com adversários - inclusive o preferido entre os republicanos, o bilionário Donald Trump, e a líder das pesquisas entre os democratas, Hillary Clinton - sobre o uso do termo "bebês-âncora", uma descrição pejorativa usada para crianças nascidas nos Estados Unidos, filhas de imigrantes sem documentos.
Ativistas dos direitos humanos consideram o termo um insulto usado por defensores de políticas anti-imigração para se referir aos filhos daqueles que cruzam a fronteira furtivamente para dar à luz, legando aos descendentes a cidadania americana, melhorando o status legal dos pais.
Mas nesta segunda-feira, durante visita ao Texas, perto da fronteira entre os Estados Unidos e o México, ao responder a uma pergunta sobre se a contenda sobre o "bebê-âncora" poderia afetar sua capacidade de conquistar o voto hispânico, Bush disse que a situação tem mais a ver com outros imigrantes.
"Estava falando sobre o caso específico da fraude cometida quando há esforços organizados - e francamente isto está mais relacionado aos asiáticos que chegam ao nosso país e têm filhos em um esforço organizado para obter vantagens de um conceito nobre com a cidadania no nascimento", disse Bush.
"Minha origem, minha vida, o fato de estar imerso na experiência dos imigrantes - é ridículo que a campanha de Clinton e outros sugiram que de alguma forma estou usando um termo pejorativo", acrescentou.
"Eu apoio a 14ª Emenda", afirmou, em alusão à garantia constitucional da cidadania a qualquer um que nasça no país.
Para Trump, a cidadania por nascimento incentiva a imigração ilegal. Na sexta-feira, ele afirmou que 300 mil bebês nasceram no último ano nos Estados Unidos, filhos de imigrantes ilegais.
O número é inferior ao de 340 mil nascidos em 2008, filhos de imigrantes não documentados - 8% de todos os bebês nascidos naquele ano - seguindo um estudo divulgado em 2010 pelo instituto Pew Research Center.
Ainda segundo a organização, os asiáticos são a maior proporção de imigrantes recentes, com 36% do total, superando os 31% de origem hispânica.
Em março passado, investigadores americanos fizeram batias em dezenas de instalações de Los Angeles, suspeitas de oferecer serviços de "turismo maternidade" para chinesas grávidas com a intenção de dar a cidadania americana a seus filhos.
Segundo a agência de Controle de Imigração e Alfândega, algumas futuras mães pagariam mais de US$ 50 mil por pacotes criados para permitir que tivessem seus filhos nos Estados Unidos.
Na semana passada, Bush provocou críticas ao declarar, em um programa de uma rádio conservadora, que os Estados Unidos precisa de "um maior controle para que não tenhamos, você sabe, os chamados 'bebês âncora', entrando no país".
"Eles são chamados bebês", escreveu Hillary Clinton no Twitter.