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Itália: enfraquecida por baixo crescimento e rebaixamento da nota

País teve o pior desempenho na UE nos últimos dez anos; analista critica falta de reformas para conter a dívida

Segundo analista, "a crise está passando, mas as causas continuam" na Itália (Mario Tama/Getty Images)

Segundo analista, "a crise está passando, mas as causas continuam" na Itália (Mario Tama/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 23 de maio de 2011 às 18h11.

Milão - O rebaixamento da nota da dívida italiana anunciado pela Standard & Poor's, aliado ao pior crescimento da década na União Europeia, gerou múltiplas reações nesta segunda-feira na Itália, frente a uma economia cada vez mais frágil.

Depois que a Standard & Poor's diminuiu, no sábado, a perspectiva de qualificação da dívida italiana, de "estável" para "negativa", devido à incerteza que paira sobre o plano de redução da dívida, a preocupação aumenta nos países da zona do Euro.

"Temos aguentado e estamos convencidos de que vamos aguentar mais", garantiu nesta segunda-feira o ministro da economia, Giulio Tremonti.

Para a S&P, a perspectiva "negativa" significa que a nota soberana do país, atualmente de A+, tem uma chance em três de ser reduzida nos próximos 24 meses.

"As perspectivas atuais de crescimento são fracas e a vontade política de realizar reformas que melhorem a produtividade é incerta", afirma a agência de classificação de riscos em seu informe.

"Não temos feito apenas um trabalho de contabilidade, mas garantindo a coesão social e o financiamento de empresas e famílias", afirmou o ministro.

Para Tremonti, "a crise está passando, mas as causas continuam".

A agência Standard & Poor's disse na segunda-feira que o rebaixamento da qualificação italiana pode ter um impacto negativo sobre o poderoso grupo energético Enel.

Por sua vez, a agência Fitch não modificou a classificação da Itália, que mantem sua nota soberana em "AA-".

"A situação das contas públicas está melhorando e não temos razão nenhuma para pensar que a gestão das finanças está enfraquecendo", indicou o porta-voz da comissão europeia para assuntos econômicos Olli Rehn.

No entanto, os temores pela situação econômica repercutiram na Bolsa de Milão, que fechou o dia com uma baixa de 3%.

"Não precisamos que essa agência nos alerte dizendo que não avançamos e que necesitamos de decisões corajosas. A situação econômica atual está mais deteriorada que há 15 anos", afirmou o presidente da Ferrari, Luca Cordero di Montezemolo.

O quadro é ainda mais pessimista depois que o Instituto Nacional de Estatísticas (ISTAT) divulgou seu informe anual de crescimento da Itália durante a última década.

O país registrou o menor crescimento entre os 27 países da União Europeia de 2001 a 2010.

A taxa média foi de 0,2% entre 2001 e 2010, enquanto a média anual do grupo foi de 1,1%, segundo o relatório.

A Itália, segundo o estudo, é a economia menos dinâmica da Europa.

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