Após pedido de Trump, Israel proíbe entrada de deputadas democratas
Israel proibiu a visita das deputadas muçulmanas que são críticas ao tratamento dado aos palestinos
AFP
Publicado em 15 de agosto de 2019 às 15h54.
Última atualização em 15 de agosto de 2019 às 18h46.
Israel anunciou, nesta quinta-feira (15), que proibirá a visita de duas representantes (deputadas) democratas americanas que apoiaram o boicote ao país por seu tratamento aos palestinos.
O Ministério israelense do Interior afirmou que sua decisão está de acordo com a lei que proíbe a entrada de estrangeiros que apoiam o boicote ao país. A chegada das congressistas Ilhan Omar e Rashida Tlaib estava prevista para o próximo fim de semana, momento em que planejavam visitar os territórios palestinos.
Em um comunicado, Hanane Achraui, membro do comitê executivo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), criticou a decisão de Israel, considerando-a "escandalosa".
"A decisão israelense de proibir as eleitas do Congresso Rashida Tlaib e Ilhan Omar de visitarem a Palestina é um ato de hostilidade escandaloso contra o povo americano e seus representantes", declarou Achraui.
Mais cedo, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump , havia dito que Israel demonstraria uma "grande fraqueza", se permitisse a visita ao país destas duas representantes americanas.
Primeiras muçulmanas a serem eleitas para o Congresso dos Estados Unidos, Omar e Tlaib manifestaram abertamente suas críticas às políticas de Israel em relação aos palestinos.
Nesta manhã, um funcionário do governo de Israel já havia antecipado que o país poderia proibir a visita da dupla.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, fez consultas ontem (14) sobre a visita e estava avaliando a situação, disse este mesmo funcionário que havia pedido para não ser identificado.
"Existe a possibilidade de que Israel não permita a visita no formato proposto atualmente", acrescentou.
O mesmo funcionário havia sinalizado, porém, que "se a congressista Tlaib fizer uma solicitação humanitária para visitar sua família, a decisão sobre seu assunto será considerada favoravelmente".
Tlaib nasceu em Detroit, no estado do Michigan, em uma família de imigrantes palestinos, enquanto Omar nasceu na Somália e chegou aos Estados Unidos como refugiada, quando era pequena.
Em 2017, Israel aprovou uma lei que proíbe a entrada para estrangeiros que apoiam um boicote ao país. A lei foi adotada em resposta a um movimento para boicotar Israel criado como um meio de pressão sobre seu tratamento dos palestinos.
Israel vê o movimento como uma ameaça estratégica e o acusa de antissemitismo. Os ativistas rejeitam a acusação, alegando que querem apenas ver o fim da ocupação.