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Israel fala em trégua de 'anos' enquanto ataques continuam

Na cidade de Ashqelon, a 12 quilômetros de Gaza, as informações sobre um possível cessar-fogo enchem as rádios e os jornais

Palestinos fotografam a destruição após ataque israelense em Gaza: o ministro ratificou que, para ser durável, qualquer eventual cessar-fogo precisaria de 'garantias internacionais' (Mohammed Abed/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 19 de novembro de 2012 às 21h54.

Ashqelon - Enquanto Israel negocia uma trégua com o Hamas que dure 'anos', prosseguem nesta segunda-feira, sexto dia da operação Pilar Defensivo, os bombardeios israelenses de Gaza, que subiram para mais de 100 o número de palestinos mortos, e o lançamento de dezenas de foguetes contra o Estado judeu.

Na cidade de Ashqelon, a 12 quilômetros de Gaza, as informações sobre um possível cessar-fogo enchem as rádios e os jornais, mas as ruas, lojas e cafeterias estão notavelmente vazias em um dia em que foram lançados contra a cidade 14 foguetes, sem registros de feridos.

A Agência Efe presenciou o disparo de duas salvas de cinco foguetes cada uma contra a cidade, oito dos quais foram interceptados pelo sistema antimísseis 'Cúpula de Ferro', causando um grande estrondo.

Dos 14, 11 projéteis foram interceptados, mas um dos restantes caiu no pátio de um colégio, que se encontrava vazio porque as aulas estão suspensas a 40 quilômetros da faixa desde que começou a ofensiva, na qual as milícias de Gaza lançaram cerca de 1 mil foguetes.


'Esse foguete (lançado no colégio) é um Grad com uma carga explosiva de cinco quilos. As crianças não estão vindo (à escola), mas calculamos que todos que estivessem a 50 metros do impacto teriam morrido ou ficado gravemente feridos', explicou à Efe o porta-voz policial, Mickey Rosenfeld, em frente ao teto protetor de concreto perfurado pelo projétil.

Um buraco mais superficial no solo mostrava o impacto no centro educativo, onde estudam centenas de alunos.

Hoje foi disparado contra Israel um total mais de 125 foguetes, dos quais 46 foram interceptados segundo assinalou à Efe um porta-voz do Exército.

Tanto Ashqelon quanto a próxima Ashdod, a quinta cidade de Israel, onde vivem 270 mil pessoas, parecem imersas em um tipo de letargia, com lojas abertas mas poucos clientes e os parques infantis completamente desertos.

É a consequência da dinâmica de violência em que a região se viu envolvida a zona desde que, na quarta-feira passada, Israel lançou sua operação 'Pilar Defensivo' com o 'assassinato seletivo' do líder do braço armado do Hamas, Ahmed Jaabari.

Com ao menos 104 mortos palestinos em Gaza, a metade deles civis, desde então e três civis mortos em Israel, a comunidade internacional se esforça para conseguir um cessar-fogo que evite uma invasão terrestre que no fim de semana passado parecia iminente e agora parece um pouco mais distante.

As apostas estão, nas palavras de um comentarista da rádio pública israelense, '50-50(%)', ou seja, com possibilidades iguais de que a trégua aconteça ou que tropas israelenses invadam de novo a faixa, como fizeram há quatro anos na Operação Chumbo Fundido, quando morreram uns 1.400 palestinos, em sua maioria civis, e 13 israelenses.


Esta última opção conta com pouco apoio (30%) na opinião pública israelense, que por outro lado apoia a operação de forma arrasadora (84%) e elevou até 20 pontos a popularidade do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, e o titular da Defesa, Ehud Barak, segundo uma enquete divulgada hoje pelo jornal 'Haaretz'.

A alternativa de um acordo sob mediação internacional, que se tenta alcançar de várias frentes com empenho cada vez maior, precisaria dar a Israel 'anos' sem foguetes e não 'uma trégua que dure uma semana', ressaltou hoje à Efe em Ashdod o ministro de Diplomacia Pública israelense, Yuli Edelstein.

'Há esforços, não por nossa parte, mas pela do Egito e Estados Unidos, de conseguir uma saída negociada. Não somos contra isso, sempre que leve ao cumprimento dos objetivos da operação', acrescentou.

O ministro ratificou que, para ser durável, qualquer eventual cessar-fogo precisaria de 'garantias internacionais'.

Segundo o 'Canal 2' da televisão israelense, o governo de Netanyahu é partidário de um acordo 'significativo' e 'longo' certificado pelo Cairo que implique a suspensão completa tanto dos ataques indiscriminados com foguetes como os especificamente dirigidos às tropas israelenses que patrulham a fronteira.

Uma delegação composta por quatro militares israelenses se está desde ontem no Cairo para negociar uma minuta de trégua com os serviços secretos egípcios que foi posteriormente apresentada ao líder máximo do Hamas, Khaled Meshaal, segundo informou à Efe uma fonte dos serviços de segurança do Egito.

Hoje, Meshaal disse na cidade que Israel 'pediu' um cessar-fogo porque sabe que uma ofensiva por terra seria 'mortal' para seus soldados.

'Quem começou a guerra precisa pará-la e a trégua tem que acontecer sob nossas condições', destacou Meshaal antes de acrescentar que seu grupo não quer nem 'um aumento da violência nem convidar o inimigo a uma guerra por terra'.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, está hoje no Cairo para abordar a crise; e em Israel o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Guido Westerwelle, após fazê-lo ontem o da França, Laurent Fabius, que pediu 'impedir uma guerra a longo prazo'. EFE

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Na cidade de Ashqelon, a 12 quilômetros de Gaza, as informações sobre um possível cessar-fogo enchem as rádios e os jornais, mas as ruas, lojas e cafeterias estão notavelmente vazias em um dia em que foram lançados contra a cidade 14 foguetes, sem registros de feridos.

A Agência Efe presenciou o disparo de duas salvas de cinco foguetes cada uma contra a cidade, oito dos quais foram interceptados pelo sistema antimísseis 'Cúpula de Ferro', causando um grande estrondo.

Dos 14, 11 projéteis foram interceptados, mas um dos restantes caiu no pátio de um colégio, que se encontrava vazio porque as aulas estão suspensas a 40 quilômetros da faixa desde que começou a ofensiva, na qual as milícias de Gaza lançaram cerca de 1 mil foguetes.


'Esse foguete (lançado no colégio) é um Grad com uma carga explosiva de cinco quilos. As crianças não estão vindo (à escola), mas calculamos que todos que estivessem a 50 metros do impacto teriam morrido ou ficado gravemente feridos', explicou à Efe o porta-voz policial, Mickey Rosenfeld, em frente ao teto protetor de concreto perfurado pelo projétil.

Um buraco mais superficial no solo mostrava o impacto no centro educativo, onde estudam centenas de alunos.

Hoje foi disparado contra Israel um total mais de 125 foguetes, dos quais 46 foram interceptados segundo assinalou à Efe um porta-voz do Exército.

Tanto Ashqelon quanto a próxima Ashdod, a quinta cidade de Israel, onde vivem 270 mil pessoas, parecem imersas em um tipo de letargia, com lojas abertas mas poucos clientes e os parques infantis completamente desertos.

É a consequência da dinâmica de violência em que a região se viu envolvida a zona desde que, na quarta-feira passada, Israel lançou sua operação 'Pilar Defensivo' com o 'assassinato seletivo' do líder do braço armado do Hamas, Ahmed Jaabari.

Com ao menos 104 mortos palestinos em Gaza, a metade deles civis, desde então e três civis mortos em Israel, a comunidade internacional se esforça para conseguir um cessar-fogo que evite uma invasão terrestre que no fim de semana passado parecia iminente e agora parece um pouco mais distante.

As apostas estão, nas palavras de um comentarista da rádio pública israelense, '50-50(%)', ou seja, com possibilidades iguais de que a trégua aconteça ou que tropas israelenses invadam de novo a faixa, como fizeram há quatro anos na Operação Chumbo Fundido, quando morreram uns 1.400 palestinos, em sua maioria civis, e 13 israelenses.


Esta última opção conta com pouco apoio (30%) na opinião pública israelense, que por outro lado apoia a operação de forma arrasadora (84%) e elevou até 20 pontos a popularidade do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, e o titular da Defesa, Ehud Barak, segundo uma enquete divulgada hoje pelo jornal 'Haaretz'.

A alternativa de um acordo sob mediação internacional, que se tenta alcançar de várias frentes com empenho cada vez maior, precisaria dar a Israel 'anos' sem foguetes e não 'uma trégua que dure uma semana', ressaltou hoje à Efe em Ashdod o ministro de Diplomacia Pública israelense, Yuli Edelstein.

'Há esforços, não por nossa parte, mas pela do Egito e Estados Unidos, de conseguir uma saída negociada. Não somos contra isso, sempre que leve ao cumprimento dos objetivos da operação', acrescentou.

O ministro ratificou que, para ser durável, qualquer eventual cessar-fogo precisaria de 'garantias internacionais'.

Segundo o 'Canal 2' da televisão israelense, o governo de Netanyahu é partidário de um acordo 'significativo' e 'longo' certificado pelo Cairo que implique a suspensão completa tanto dos ataques indiscriminados com foguetes como os especificamente dirigidos às tropas israelenses que patrulham a fronteira.

Uma delegação composta por quatro militares israelenses se está desde ontem no Cairo para negociar uma minuta de trégua com os serviços secretos egípcios que foi posteriormente apresentada ao líder máximo do Hamas, Khaled Meshaal, segundo informou à Efe uma fonte dos serviços de segurança do Egito.

Hoje, Meshaal disse na cidade que Israel 'pediu' um cessar-fogo porque sabe que uma ofensiva por terra seria 'mortal' para seus soldados.

'Quem começou a guerra precisa pará-la e a trégua tem que acontecer sob nossas condições', destacou Meshaal antes de acrescentar que seu grupo não quer nem 'um aumento da violência nem convidar o inimigo a uma guerra por terra'.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, está hoje no Cairo para abordar a crise; e em Israel o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Guido Westerwelle, após fazê-lo ontem o da França, Laurent Fabius, que pediu 'impedir uma guerra a longo prazo'. EFE

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