Israel endurece lockdown e Europa tenta frear segunda onda de coronavírus
Taxa de pessoas infectadas com covid-19 em Israel supera a do Brasil e já é uma das mais altas do mundo
Ernesto Yoshida
Publicado em 25 de setembro de 2020 às 06h00.
Última atualização em 25 de setembro de 2020 às 09h40.
Em lockdown há uma semana, Israel adota nesta sexta-feira (25) novas medidas para tentar conter o avanço do coronavírus no país. Todas as empresas, com exceção das consideradas essenciais, como farmácias e mercearias, deverão fechar. Os mercados ao ar livre também não poderão funcionar. Orações e protestos serão permitidos somente em ambiente aberto, com limite de 20 pessoas e num raio de 1 km das casas dos participantes, para reduzir o deslocamento.
As sinagogas terão permissão de abrir com restrições no feriado do Yom Kippur (Dia do Perdão), uma das datas mais importantes do judaísmo – começa no crepúsculo deste domingo (27) e vai até o pôr do sol de segunda-feira (28). As novas medidas deverão vigorar pelo menos até meados de outubro.
Israel está em lockdown desde o último dia 18. Inicialmente, o governo determinou o fechamento de escolas, shopping centers, hotéis e restaurantes. Foi a segunda vez que o país adotou o bloqueio nacional. Na primeira vez, entre março e abril, Israel recebeu elogios internacionais por ter agido rapidamente para fechar suas fronteiras e impor um bloqueio que parecia ter conseguido evitar a propagação do vírus. Desde julho, porém, o número de novos casos de covid-19 começou a aumentar no país.
Nos últimos dias, Israel vem registrando quase 7.000 novos casos por dia. É um número muito alto para um país de pouco mais de 9 milhões de habitantes. O número de novos infectados a cada dia é um quinto do registrado no Brasil nos últimos dias, mas o Brasil tem uma população 23 vezes maior. Segundo dados do site Worldometer, Israel tem agora uma taxa de 23.000 pessoas infectadas por milhão de habitantes – no Brasil, a proporção é de 21.900 pessoas infectadas por milhão de habitantes. Israel, porém, teve até agora um número relativamente baixo de óbitos – menos de 1.400, em comparação com quase 140.000 no Brasil.
O endurecimento do lockdown foi aprovado na quinta-feira depois de uma reunião do gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu que começou à noite e entrou madrugada adentro. Netanyahu disse que as novas medidas são necessárias para salvar vidas, mas alguns críticos dizem que as restrições às aglomerações também servirão para dificultar os protestos contra o primeiro-ministro, que está sendo julgado por um tribunal de Jerusalém por corrupção.
Segunda onda
Israel não é o único país que enfrenta o ressurgimento da pandemia do coronavírus. Nas últimas semanas, o número de novos casos de covid-19 voltou a dar um salto em vários países da Europa , como Espanha, França e Reino Unido. Ontem, foram registrados quase 65.000 novos casos em toda a Europa, mais que o dobro dos 31.800 casos notificados em 10 de abril, durante o pico da pandemia. O número diário de óbitos, porém, caiu de 4.100 em abril para menos de 600 ontem.
Os países europeus estão agora com os hospitais mais bem equipados para tratar a covid-19. Além disso, a mais recente onda de infecções tem atingido principalmente os mais jovens, que têm menos probabilidade de morrer caso contraiam o vírus. A preocupação agora é que, em breve, o clima na Europa vai ficar mais frio e, com isso, começará a temporada das doenças respiratórias, aumentando o risco para a população mais velha.
Ontem, a comissária de saúde da União Europeia, Stella Kyriakides, disse que os estados membros do bloco não podem baixar a guarda e devem reforçar imediatamente as medidas de controle para frear uma segunda onda da covid-19. “Em alguns estados membros, a situação agora é muito pior do que estava durante o pico da pandemia”, afirmou.