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Israel avalia inundar túneis do Hamas em Gaza; ONU projeta cenário 'ainda mais infernal'

'Nenhum lugar é seguro em Gaza e não há para onde ir', diz coordenadora humanitária das Nações Unidas

ontes militares americanas apontam que os israelenses cogitam inundar os túneis usados pelo grupo terrorista (Agence France-Presse/AFP)
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 5 de dezembro de 2023 às 10h55.

O Exército de Israel avançou em duas frentes de combate, no sul e no norte da Faixa de Gaza , nesta terça-feira, enquanto estrategistas militares traçam planos para cumprir o objetivo de eliminação do Hamas.

Fontes militares americanas apontam que os israelenses cogitam inundar os túneis usados pelo grupo terrorista, na tentativa de destruir a infraestrutura inimiga e forçar células ocultas de combatentes a se revelarem no campo de batalha — embora a estratégia possa ter um custo civil relevante, em um momento em que a pressão internacional com relação ao tema cresce sobre o Estado judeu.

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O plano de inundar a rede de túneis do Hamas, apelidada de "metrô de Gaza" por autoridades israelenses, foi revelada ao jornal The Wall Street Journal por fontes americanas. As Forças Armadas de Israel já teriam concluído a montagem de grandes bombas de extração de água do mar, cerca de um quilômetro e meio ao norte do campo de refugiados de al-Shati. A estrutura teria capacidade de movimentar milhares de metros cúbicos de água por hora para os túneis. A estimativa é que a rede subterrânea ficasse inundada dentro de semanas.

Ainda de acordo com as autoridades americanas citadas pela reportagem, a estrutura próxima a al-Shanti bombearia água do Mar Mediterrâneo e teria sido montada no mês passado, quando Israel apresentou o plano aos EUA. Não se sabe se os militares israelenses tomaram uma decisão final sobre o tema, sobretudo pela preocupação com uma possível contaminação das reservas de água de Gaza.

Direitos humanos

O custo civil da guerra tem sido o principal ponto de tensão no debate político sobre o conflito. Militares israelenses de alta patente admitiram, na segunda-feira, que para cada combatente do Hamas neutralizado em Gaza, dois civis foram mortos. O Ministério da Saúde de Gaza, administrado pelo Hamas, afirma que 15.899 pessoas morreram desde o começo do conflito, em 7 de outubro, 70% delas mulheres e menores de idade. Além dos 1,2 mil mortos no ataque terrorista, Israel perdeu 78 soldados durante a incursão no território palestino.

Pressionado pela comunidade internacional, o governo de Israel tem tentado se mostrar proativo em reduzir as baixas civis. No começo do conflito, ao invadir o norte, os militares recomendaram que os civis fossem para posições ao sul, provocando um grande deslocamento de pessoas. Agora, com a ofensiva mirando o sul, a recomendação é de um novo deslocamento, agora para uma região costeira, em que Israel garante ser segura de ataques.

Zonas seguras criticadas pela ONU

As zonas seguras, contudo, são criticadas pela ONU por terem sido determinadas unilateralmente pelo governo israelense. O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) afirmou, nesta terça, ser impossível a implementação de refúgios realmente seguros em meio à invasão.

"Estas zonas não podem ser seguras nem humanitárias quando são declaradas de maneira unilateral", disse James Elder, porta-voz da Unicef, que acaba de passar vários dias no território palestino. "[As zonas de segurança] não são científicas, não são racionais, não são possíveis".

A preocupação, contudo, não impede o avanço contínuo das tropas de Israel. Os militares entraram em confronto com combatentes do Hamas, nesta terça-feira, no sul da Faixa de Gaza, um dia depois de violentos combates e bombardeios serem registrados em Khan Younis e Rafah. As forças armadas também anunciaram que mantém sobre cerco o campo de refugiados de Jabalyia, no norte do enclave, onde infraestruturas do Hamas teriam sido destruídas. A morte de cinco soldados israelenses foi confirmada nesta terça.

"Nenhum lugar é seguro em Gaza e não há para onde ir", disse Lynn Hastings, coordenadora humanitária da ONU para os territórios palestinos, em um comunicado. "Um cenário ainda mais infernal, à qual as operações humanitárias não vão poder responder, está prestes a se desencadear".

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