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Interrogatório em Mianmar focou em matéria sobre rohingya, diz repórter

Durante depoimento no tribunal de Yangon, Wa Lone afirmou que a polícia fez uma "armadilha"para prendê-lo

Wa Lone disse que a polícia impediu que ele e Kyaw Soe Oo dormissem por mais de dois dias (Ann Wang/Reuters)
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Reuters

Publicado em 17 de julho de 2018 às 14h56.

Yangon - Um repórter da Reuters que está sendo julgado em Mianmar disse que o interrogatório da polícia realizado depois que ele e um colega foram presos em dezembro focou em uma reportagem que estavam produzindo sobre o massacre de muçulmanos rohingya no país e não em documentos confidenciais que eles são acusados de obter.

Wa Lone, de 32 anos, também disse que a polícia impediu que ele e Kyaw Soe Oo, de 28 anos, dormissem por mais de dois dias, e colocou capuzes pretos em suas cabeças enquanto os transportavam para um local de detenção secreto onde foram mantidos sem direito a comunicação por mais de duas semanas.

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Em depoimento prestado durante dois dias em tribunal de Yangon, Wa Lone também descreveu o que chamou de "armadilha" da polícia para prendê-lo.

Seu relato foi a contestação mais detalhada ouvida até agora à acusação de que os dois jornalistas teriam sido detidos durante operação de rotina, que descobriu que eles detinham documentos confidenciais de fonte desconhecida.

"Durante todo o interrogatório, eles não perguntaram com interesse sobre os documentos confidenciais encontrados conosco, mas sondaram sobre nossa reportagem de Maungdaw, Rakhine", disse Wa Lone ao tribunal. "Eu não dormia há muitas horas mas eles continuaram me interrogando. Eu estava exausto."

No momento de sua prisão, Wa Lone e Kyaw Soe Oo estavam trabalhando na investigação do assassinato de 10 muçulmanos rohingya no vilarejo de Inn Din, no Estado de Rakhine.

Os assassinatos aconteceram durante uma repressão militar que agências da Organização das Nações Unidas (ONU) disseram ter feito com que mais de 700 mil muçulmanos fugissem para Bangladesh apenas no ano passado.

Os jornalistas da Reuters estão sendo julgados por supostamente violar a Lei de Segredos Oficiais de Mianmar, que data da era colonial do país e cuja pena máxima é de 14 anos de prisão. Ambos se declararam inocentes.

O caso tem atraído atenção global, com muitos governos pedindo pela liberação dos repórteres, no que tem sido visto como um teste para a liberdade de imprensa em Mianmar.

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