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Avião que caiu na Indonésia não podia ter deixado o solo, aponta relatório

As autoridades indonésias ainda buscam no mar de Java a outra caixa-preta que grava as conversas dos pilotos na cabine

Imagem de arquivo do acidente de avião na Indonésia (Edgar Su/Reuters)

Imagem de arquivo do acidente de avião na Indonésia (Edgar Su/Reuters)

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Reuters

Publicado em 28 de novembro de 2018 às 08h01.

Última atualização em 28 de novembro de 2018 às 10h28.

Um avião da Lion Air que caiu no mar no litoral da Indonésia no mês passado não tinha condições de voo em sua penúltima viagem, quando os pilotos tiveram problemas semelhantes àqueles da última e fatídica viagem da aeronave, disseram investigadores nesta quarta-feira.

Em um relatório preliminar, o Comitê de Segurança nos Transportes da Indonésia (KNKT) se concentrou nas práticas de manutenção e no treinamento de pilotos da empresa aérea e em um sistema antipane da Boeing, mas não informou a causa do acidente de 29 de outubro, que matou todas as 189 pessoas a bordo.

Nurcahyo Utomo, investigador do KNKT, disse que a agência não determinou se o sistema antipane, que não é explicado aos pilotos em manuais, foi um fator que contribuiu para a queda.

"Ainda não sabemos se ele contribuiu ou não", disse ele em resposta a uma pergunta. "É cedo demais para concluir".

O relatório revelou novos detalhes dos esforços dos pilotos para estabilizar o avião 737 MAX enquanto relatavam um "problema no controle de voo", incluindo as últimas palavras do capitão a uma torre de controle de tráfego aéreo pedindo liberação para subir a cinco mil pés.

O contato com o avião foi perdido 13 minutos depois de sua decolagem da capital Jacarta rumo à cidade mineradora de Pangkal Pinang, no norte do país.

Informações recuperadas do gravador de dados de voo mostraram que o vibrador de manche estava causando vibrações nos controles do capitão para alertar para uma pane durante a maior parte do voo.

O capitão estava usando os controles para elevar o nariz do avião, mas um sistema antipane automático o estava empurrando para baixo.

"Ela distrai e irrita muito", disse Peter Lemme, ex-engenheiro de controle de voo da Boeing, a respeito da ativação do vibrador de manche. "Não é algo que você, como piloto, quer que aconteça nunca".

Pilotos que usaram o mesmo avião um dia antes relataram um problema semelhante quando iam de Denpasar, em Bali, a Jacarta, mas usaram comandos para desligar o sistema e recorreram a controles manuais para voar e estabilizar a aeronave, disse o KNKT.

"O voo de Denpasar a Jacarta teve uma ativação do vibrador de manche durante a rotação da decolagem e ele continuou ativo durante o voo", disse o comitê. "Esta condição é considerada imprópria para o voo e a viagem deveria ter sido interrompida".

A Boeing, que disse que procedimentos para evitar que o sistema antipane seja ativado por acidente já estavam funcionando, disse que os pilotos da penúltima viagem usaram a manobra, mas ressaltaram que o relatório não disse se os pilotos do voo fatal o fizeram.

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