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Indígenas querem entregar a Dilma manifesto contra Belo Monte

"Se o governo pudesse me ouvir, queria dizer que não construam a usina", disse o cacique Raoni, líder dos Kayapó

Indígenas protestam contra Belo Monte no Congresso: região é contra a usina desde 1989 (José Cruz/ABr)
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Da Redação

Publicado em 7 de fevereiro de 2011 às 10h57.

Brasília - Símbolo internacional do movimento de defesa da Amazônia, o cacique Raoni quer dizer à presidenta Dilma Rousseff que os povos indígenas da região do Rio Xingu, no Pará, não querem a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.

Raoni está em Brasília com mais 100 indígenas da etnia Kayapó, que pretendem entregar amanhã (8) um manifesto à presidenta com mais de meio milhão de assinaturas contra a hidrelétrica.

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“Vim para falar que somos contra, que não queremos Belo Monte. Se o governo pudesse me ouvir, queria dizer que não construam a usina”, disse o líder kayapó antes de participar da abertura do seminário A Hidrelétrica de Belo Monte e a Questão Indígena.

Raoni disse que a construção de Belo Monte vai destruir a floresta, o rio e deixar comunidades indígenas do Xingu desabrigadas. “Não temos mais espaço. Vocês [homens brancos] já tomaram conta de todas as terras. O governo deveria deixar os índios onde os índios estão. Quero que rios e florestas fiquem para os meus netos e vou lutar por isso”.

O líder indígena Marcos Terena lembrou o histórico da resistência das comunidades tradicionais à construção de Belo Monte, desde o 1° Encontro dos Povos Indígenas do Xingu, em 1989, quando as lideranças da região já protestavam contra a hidrelétrica, na época batizada de Kararaô.

“Durante muito tempo o homem branco agrediu nosso pensamento e o de nosso espíritos, devem parar, nossos territórios são sítio sagrado do nosso povo. Nosso espírito indígena diz: parem”, disse, ao citar trechos da carta lida no fim do encontro de 1989.

A polêmica entre governos e organizações indígenas e ambientalistas em torno da construção de Belo Monte já dura mais de 20 anos. Apesar da resistência, o projeto ameaça sair do papel. Em janeiro, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) concedeu uma licença de instalação parcial que autoriza a construção do canteiro e outras obras preparatórias para a hidrelétrica.

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