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Índia poderia crescer 12% no ano, mas nova onda da covid mudou os planos

Além de ter sobrecarregado hospitais e crematórios da Índia, o novo surto da covid-19 também abalou a confiança do consumidor em uma economia que apenas começava a se recuperar da recessão

Nova Déli, na Índia: nova onda do coronavírus colapsou o sistema de saúde no país (Bloomberg/Bloomberg)
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Bloomberg

Publicado em 27 de abril de 2021 às 06h00.

Há apenas duas semanas, o Fundo Monetário Internacional elevou a previsão de crescimento econômico da Índia para 12,5%, a taxa mais rápida entre as principais economias. Agora, com o maior aumento global de casos de Covid-19, essa visão otimista é cada vez mais incerta.

Em Nova Déli, a capital política da Índia , ruas e mercados estão praticamente desertos, com quase todas as lojas fechadas em resposta às restrições impostas pelo governo local para combater a pandemia. O cenário não é muito diferente em Mumbai, centro financeiro que responde por 6% do PIB nacional.

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Por enquanto, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, tem evitado decretar um lockdown nacional e incentivado os estados a manterem as economias abertas. E, por isso, economistas sinalizam riscos para suas projeções, embora argumentem que ainda não é o momento de descartá-las.

“Esta segunda onda de casos de coronavírus pode atrasar a recuperação, mas, na visão da Fitch, é improvável que seja revertida”, disse a agência de classificação de risco em comunicado de 22 de abril. A empresa manteve a previsão de crescimento do PIB indiano em 12,8% para os 12 meses até março de 2022.

Neste mês, o banco central da Índia também manteve a estimativa de expansão do PIB em 10,5% para o ano fiscal atual. Mas o presidente da instituição, Shaktikanta Das, disse que o aumento dos casos gera maior incerteza e pode atrasar o retorno da atividade econômica à normalidade.

Dados de alta frequência já apontam para uma maior queda da atividade de varejo na semana até 18 de abril em relação ao nível pré-pandemia, em janeiro de 2020, disse Abhishek Gupta, da Bloomberg Economics. É um risco relevante para uma economia em que o consumo representa cerca de 60% do PIB.

Compradores entram em loja na Índia, mesmo durante lockdown: o país tem 1,4 bilhão de habitantes (Bloomberg)

A relutância de economistas em revisar as previsões de crescimento pode estar apoiada nas expectativas de que a crise será de curto prazo. Por trás dessa confiança está a campanha de vacinação, que imunizou mais de 100 milhões de pessoas entre os mais de 1,3 bilhão de habitantes do país, além da promessa de apoio contínuo de políticas fiscais e monetárias.

“Embora os casos estejam aumentando rápido, também se espera que esta onda seja relativamente curta”, disse a economista Upasna Bhardwaj, do Kotak Mahindra Bank, entre os poucos que revisaram para baixo a previsão de crescimento da economia, em 50 pontos-base, para 10% no ano em curso. “No entanto, a incerteza permanece”, afirmou.

Essa incerteza não dá sinais de desaparecer rapidamente, pois a Índia registrou 349.691 novos casos de coronavírus e 2.767 mortes no domingo. Com quase 17 milhões de casos no total, é o segundo país mais afetado, atrás apenas dos EUA. O rastreador de vacinas da Bloomberg mostra que apenas cerca de 11 em cada 100 pessoas na Índia foram imunizadas com uma dose.

Embora o surto tenha sobrecarregado hospitais e crematórios do país, também abalou a confiança do consumidor em uma economia que apenas começava a se recuperar da recessão sem precedentes no ano passado.

“O aumento das infecções levou à reimposição de lockdowns parciais nas cidades e estados mais afetados e pode levar a lockdowns completos se a situação piorar”, disse Kristy Fong, diretora sênior de investimentos para ações asiáticas da Aberdeen Standard. “Isso terá um impacto indireto na reabertura da economia e nas perspectivas de recuperação.”

Essas preocupações contribuíram para que o índice acionário de referência do país tivesse o pior resultado da Ásia este mês, enquanto a rupia mostrou o desempenho mais fraco da região no último mês, pois investidores precificaram o impacto das restrições no crescimento econômico.

--Com a colaboração de Abhishek Vishnoi, Subhadip Sircar, Divya Patil, Anirban Nag e Sanjit Das.

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