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Indecisos ganham importância em meio à polarização nas eleições

Vários eleitores estão deixando a decisão para o último momento, aumentando o nervosismo e diminuindo a precisão das pesquisas

Eleições: muitos não têm certeza se irão comparecer para votar (Mike Blake/Reuters)
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EFE

Publicado em 8 de novembro de 2016 às 10h25.

Washington - Karl Becker está há meses tentando decidir em quem votar , mas só ficou mais em dúvida: ele é parte dos 7% de eleitores indecisos nos Estados Unidos, um grupo que resiste a escolher entre os candidatos mais impopulares da história do país e que pode ser decisivo nas eleições, desde que saiam para votar.

Becker pode ter sido o responsável pelo único momento amável entre a democrata Hillary Clinton e o republicano Donald Trump em uma campanha cheia de ataques pessoais.

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Ele teve a oportunidade de fazer uma pergunta aos dois candidatos no segundo debate presidencial e pediu que ambos citassem algo que admirassem no outro. Mas as respostas não ajudaram a tomar uma decisão.

"Preciso que mostrem que podem ir além da negatividade, que eles têm capacidade de liderança", disse Becker, de 49 anos, em entrevista à Agência Efe.

A hesitação de Becker é praticamente incompreensível para quem determinou seu voto há meses, dada a polarização gerada pelas campanhas de Trump e de Hillary. Mas eles são os candidatos mais impopulares da história moderna do país: 60% dos americanos dizem ter opiniões negativas sobre cada um deles, de acordo com uma pesquisa divulgada recentemente pelo "Washington Post".

"Infelizmente, votaremos pelo menor de dois males", avaliou Becker, que não se define nem como democrata nem como republicano.

A "apatia" deste executivo de vendas de Saint Louis, no Missouri, não é só uma reação aos ataques pessoais que sujaram a campanha, mas provém da sensação de que falta a ambos os candidatos "humanidade" e "compaixão" com os problemas dos norte-americanos.

"Não vejo que tenham interesse de coração em nada que não seja eles próprios. Vou tomar minha decisão na hora", resumiu Becker, que, mesmo desacreditado, já descartou votar em algum candidato independente e disse ser um "dever" ir às urnas nesta terça-feira.

Vários eleitores também estão deixando a decisão para o último momento, aumentando o nervosismo das campanhas e diminuindo a precisão das pesquisas, mas outros não têm certeza se irão comparecer para votar. Nos EUA, o voto é facultativo.

É o caso de Garolyn Garavente, que se inclina um pouco mais por Trump, mas está "cheia de dúvidas". Ela ainda não sabe se votará, apesar de viver na Carolina do Norte, um estado onde há um empate entre os candidatos e cada voto pode ser crucial.

"Falta muito pouco tempo para decidir o que quero fazer. Nenhum candidato é qualificado para ser o próximo presidente", afirmou à Efe a jovem, de 24 anos, uma republicana que desde o início teve dúvidas em apoiar o polêmico Trump.

Garavente pensou em votar em Hillary, mas o escândalo dos e-mails fez com que ela duvidasse da capacidade da democrata de lidar com informações confidenciais. Para ela, isso é mais preocupante que as declarações e o caráter imprevisível do candidato republicano.

Jovens como ela são, de acordo com as pesquisas, o grupo que tem mais indecisos, entre eles muitos que apoiaram o senador Bernie Sanders nas primárias democratas e acham Hillary conservadora demais.

Para muitos especialistas que analisam os 7% dos eleitores que ainda estão indecisos, a grande pergunta é para qual lado da balança eles se inclinarão. "Os eleitores que decidem tarde costumam repartir seus votos quase equitativamente entre os dois partidos", disse à Efe o professor da Universidade de Búfalo, Jim Campbell.

"Mas essas eleições são atípicas, e o grau de controvérsia que cerca os dois candidatos inflamou a divisão no país até o ponto de haver muitas razões para votar contra cada um deles", completou Campbell, autor de um livro sobre a polarização política nos EUA.

Isso aumentou o número de indecisos, que diminuiu nas eleições de 2012, e pode ampliar a abstenção, que costuma ser altíssima no pleito americano. "As decisões difíceis podem ser adiadas ou simplesmente descartadas definitivamente", disse o especialista.

No entanto, Campbell lembrou que a grande maioria dos americanos está insatisfeita com os rumos do país. "Concretamente, 70% deles, segundo uma pesquisa da Gallup em outubro", explicou.

"Isso me faz suspeitar que esses eleitores indecisos podem se inclinar para os republicanos, inclusive para Trump, atraídos por sua mensagem de mudança após oito anos de presidência democrata", avaliou o professor.

 

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