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"Histeria" sobre Coreia do Norte pode gerar catástrofe, diz Putin

Ao criticar a postura dos países sobre a questão norte-coreana, o presidente russo também chamou de "inútil e ineficaz" o recurso de impor novas sanções

Vladimir Putin: "Tudo isto pode levar a uma catástrofe planetária e a um grande número de vítimas", advertiu o presidente russo (Sputnik/Mikhail Klimentyev/Kremlin/Reuters)

Vladimir Putin: "Tudo isto pode levar a uma catástrofe planetária e a um grande número de vítimas", advertiu o presidente russo (Sputnik/Mikhail Klimentyev/Kremlin/Reuters)

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AFP

Publicado em 5 de setembro de 2017 às 08h36.

O presidente russo, Vladimir Putin, advertiu nesta terça-feira que a "histeria militar" a respeito da Coreia do Norte "pode levar a uma catástrofe planetária", e chamou de "inútil e ineficaz" o recurso a novas sanções contra Pyongyang.

A postura deve provocar um novo confronto entre Moscou e Washington, que na segunda-feira defendeu sanções "mais fortes possíveis" da ONU após o sexto teste nuclear de Pyongyang, realizado no domingo.

Putin, que participa na China na reunião de cúpula anual dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul), disse que a "Rússia condena estes exercícios" da Coreia do Norte, "mas o recurso a sanções de qualquer tipo neste caso é inútil e ineficaz",

"Uma histeria militar não faz nenhum sentido (...) Tudo isto pode levar a uma catástrofe planetária e a um grande número de vítimas", advertiu o presidente russo.

Após o sexto teste nuclear de Pyongyang, o mais potente até agora, o governo dos Estados Unidos, seus aliados europeus e o Japão anunciaram na segunda-feira que negociam severas sanções da ONU contra a Coreia do Norte.

Mas a posição de China e Rússia - ambas com direito de veto no Conselho de Segurança da ONU - ainda é incerta.

Os norte-coreanos "não vão renunciar a seu programa nuclear caso não sintam que estão em segurança. Portanto é necessário abrir um diálogo entre as partes interessadas", defendeu Putin.

Beco sem saída

O presidente russo acredita que "não faz sentido a histeria militar, é um caminho que nos leva a um beco sem saída".

Putin parece concordar com a posição de Pequim, que defende uma "solução pacífica" para a crise norte-coreana e deseja a retomada das negociações com o regime de de Kim Jong-Un.

O presidente americano Donald Trump, que prometeu no mês passado "fogo e fúria" caso Pyongyang prosseguisse com as ameaças contra Washington, afirmou no domingo que a partir de agora "qualquer discurso de apaziguamento não funciona mais" com a Coreia do Norte.

Como resposta ao teste nuclear de domingo, a Coreia do Sul iniciou na segunda-feira manobras terrestres com munição real. A Marinha sul-coreana organizou exercícios nesta terça-feira, com a esperança de dissuadir Pyongyang de qualquer provocação no mar.

Um novo pacote de sanções apresentado por Washington -o oitavo - será negociado nos próximos dias, antes de ser votado no Conselho de Segurança em 11 de setembro, anunciou em Nova York a embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas, Nikki Haley.

No início de agosto, as mais recentes resoluções com sanções a Pyongyang - cada vez mais severas que as anteriores - foram aprovadas de maneira unânime pelos 15 membros do Conselho de Segurança.

De acordo com fontes diplomáticas, as novas medidas negociadas esta semana poderiam afetar o petróleo, o turismo, o reenvio ao país dos trabalhadores norte-coreanos no exterior e decisões no âmbito diplomático.

A bomba de hidrogênio que Pyongyang afirma ter testado no domingo tinha potência de 50 quilotons, cinco vezes mais que o teste norte-coreano anterior e três vezes mais que a bomba lançada pelos Estados Unidos sobre Hiroshima em 1945, de acordo com fontes sul-coreanas.

A Coreia do Norte poderia ter agora a tecnologia para montar uma bomba atômica em um míssil com capacidade para atingir o território dos Estados Unidos, mas os especialistas não têm certeza absoluta sobre o tema.

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